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Crítica Gêmeas: Mórbida Semelhança | Série exagera e se torna absurda demais

Por| Editado por Jones Oliveira | 24 de Abril de 2023 às 13h00

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Reprodução/ Prime Video
Reprodução/ Prime Video

O Prime Video lançou no dia 21 de abril, a sua nova série de suspense; Gêmeas: Mórbida Semelhança. Estrelada pela vencedora do Oscar, Rachel Weisz e assinada por Aline Birch—responsável também por Normal People e Succession— a produção até tem uma boa premissa, mas erra ao não desenvolver bem o texto e se tornar um tanto quanto absurda.

Para começar, acompanhamos a vida de Beverly e Elliot Mantle, duas médicas ginecologistas gêmeas que têm uma relação de codependência. Elas compartilham tudo; o amor pela profissão, a casa, os pacientes e até as relações amorosas. Abusando da falta de respeito, elas também trocam de lugar sempre que preciso for, não importando se isso impactará a vida de outras pessoas.

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Apesar dessa relação extremamente próxima, as duas têm personalidades diferentes. Enquanto Beverly é mais calma e amorosa, Elliot é enérgica e mandona, comandando, inclusive, a irmã.

Essa premissa já foi trabalhada anteriormente, no filme homônimo de David Cronenberg, lançado em 1988, e estrelado brilhantemente por Jeremy Irons. E foi a partir desse longa que a ideia da série surgiu, com o objetivo de recriar e homenagear a obra, mas trocando o gênero das protagonistas, que agora seriam mulheres, e abordando temas mais feministas como aborto, depressão pós-parto e violência obstétrica.

Texto raso decepciona

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Olhando de fora—antes de dar o play no primeiro episódio— dá para ver que Gêmeas: Mórbida Semelhança tem muito potencial de agradar, justamente por abordar temas tão importantes e usar essa dinânima da gêmea boa e gêmea má, mas abusando de outros elementos, como o bizarro e o macabro que há nesta codepêndencia.

O que acontece, no entanto, é que o texto patina muito, e não diz nada. Durante os seis episódios, ficamos na expectativa de que algo realmente importante aconteça, mas recebemos apenas frustrações.

Nem o vício em drogas de Elliot, nem a relação estranha das gêmeas com os pais, nem a bizarra empregada da dupla é bem desenvolvida. Em determinado momento achamos que o trama vai avançar, quando os pais das ginecologistas entram em cena para ficarem uma semana na casa delas. Porém o que se vê é uma sequência de diálogos vazios, que dão algumas pistas de como a relação deles com as filhas também é estranha, mas que não explicam nada.

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Por que os quatro não se entendem? Por que as gêmeas não se sentem confortáveis na presença deles? Por que a mãe delas diz para Beverly que ela será uma péssima mãe? Tudo isso continua sem respostas.

Outra personagem intrigante que promete trazer revelações importantes é Greta (Poppy Liu) a empregada das médicas. Sempre vestida como se estivesse indo a uma festa, ela limpa e organiza a casa, ao mesmo em que recolhe e guarda objetos pessoais das patroas, como absorventes, cotonetes e papéis higiênicos usados.

Por que ela faz isso? No final descobrimos que é para montar uma exposição que conta a história do seu nascimento e da morte da sua mãe no parto. Mas, o que isso tem a ver com as gêmeas? Aparentemente nada. É só mais uma tentativa do roteiro de inserir outro tema relacionado à gestação.

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Além do absurdo

Já era sabido que a série focaria no absurdo para trazer as doses de terror necessária, e esse não é o ponto que incomoda. Cenas grotescas, diálogos desencontrados e muita representação gráfica de partos dão o tom surrealista e assustador que a série pede, o problema é que tal absurdo passa dos pontos em alguns momentos e fica solto.

Com o texto morno e chato, a produção fica desinteressante e nem mesmo as excelentes atuações são capazes de salvá-la.

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Elenco surpreende positivamente

Apesar do texto fraco, o elenco da série sabe sustentar bem a trama. O destaque, é lógico, fica para Rachel que consegue, com maestria, diferenciar as duas gêmeas, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Ela não erra o tom, e entrega cenas impactantes com facilidade.

Outra que se destaca é Britne Oldford que dá vida à Geneviève, uma atriz famosa que se envolve amorosamente com Beverly e tem que lidar com o ciúmes doentio de Elliot, que se sente abandonada e órfã da irmã. A atriz canadense tem no currículo Hunters, Skins, A Casa do Medo, entre outras produções e não decepciona em frente às câmeras.

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Os outros coadjuvantes também agradam e ajudam a tornar a história menos ruim. Jennifer Ehle, por exemplo, dá vida à Rebecca, uma magnata que só pensa nos lucros e encara a maternidade como uma oportunidade de ganhar dinheiro.

Fotografia impressiona

Se podemos destacar um ponto positivo da série, além do elenco, é claro, é a fotografia. Apesar de ter cenas desnecessariamente escuras demais, a produção soube usar bem os diferentes tons de vermelhos para chocar. Até as roupas médicas (os famosos scrubs ou capotes hospitalares) são vermelhos, algo incomum na medicina, uma vez que esse tom não permite ver com nitidez o sangue na roupa.

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Com esses pontos em mente, podemos concluir com tranquilidade que Gêmeas: Mórbida Semelhança acerta em alguns pontos e parte de uma boa premissa, mas entrega uma execução ruim, deixando pontas soltas, personagens incompletos e diálogos sem nexo.

Com seis episódios apenas, a série, que é chamada no original Dead Ringers, não entrega o que promete e tem chances de decepcionar até os fãs do gênero. Quem quiser dar uma chance à ela, no entanto, encontra a temporada completa na plataforma do Prime Video.