Streaming: hábito x escolha
Por Pedro Valery |
Há alguns anos, streaming era sinônimo de Netflix e abrir mão da sua TV por assinatura estava fora de cogitação. A programação que ela apresentava te bastava, ampliando e complementando a oferta da TV aberta, e sentar no sofá para aguardar o momento de assistir a um reality show ou a um programa de culinária era simplesmente parte da rotina.
É impressionante constatar que o streaming é, sim, Netflix, mas também uma infinidade de outros canais, com variedade de conteúdo de qualidade a preços mensais a partir de R$ 0. Isso mesmo: zero. A TV por assinatura, neste cenário, passa a ser um item supérfluo — portanto caro — para o entretenimento da população. Não à toa, a redução de assinantes de TV paga foi de mais ou menos 7% no ano passado. A mudança mais significativa, porém, está em esperar.
Com a informação circulando em vários meios, com segundas e terceiras telas a pleno vapor e conteúdo disponível on demand, alguém ainda obedece a hora de ir ao ar do programa esportivo com as notícias de seu time de coração ou da sua série favorita?
No PayTV Fórum, tradicional evento da indústria de TV realizado em agosto em São Paulo, o moderador Salustiano Fagundes, no painel sobre a evolução dos serviços OTT e as ofertas atuais, trouxe uma reflexão que resume bem os novos tempos — ou a Era do Streaming: broadcast é hábito, streaming é escolha.
Segundo números e estatísticas apresentados pelos participantes deste mesmo debate — representantes da Claro, do Globoplay e da Roku —, o streaming é um caminho sem volta. Alguns ainda lutam para combatê-lo, no sentido de que não querem sucumbir a essa onda, mas a verdade é que quem não quiser surfá-la vai acabar engolido. E embaso este argumento: apenas 13% dos respondentes de um estudo da Nielsen dizem preferir a TV tradicional, enquanto 87% confirmaram sua preferência pelo streaming. E isso não quer dizer que não seja possível consumir a chamada TV tradicional, que entendo com os ótimos canais da TV aberta, onde? No streaming! O próprio Globoplay tem a programação ao vivo da TV Globo disponível. Assim como vários outros serviços também oferecem esse lineup.
Retornando ao hábito e à escolha, de acordo com pesquisas, 55% dos entrevistados consomem agora mais televisão do que antes da chegada do streaming e 45% responderam que os serviços de streaming mudaram sua maneira de assistir TV. Nada disso, ao que parece, estaria se movendo se não fosse a oferta de conteúdo. É ele o maior atrativo para o consumidor, que também avalia comodidade (via qualidade e adequação do hardware, ou seja, se sua smart TV está sendo atualizada ou se o dispositivo de streaming entrega o que você espera) e preço. Os números corroboram: 73% dizem encontrar mais e melhor conteúdo no streaming do que na TV tradicional e 83% revelam que se tivessem que escolher apenas um serviço, optariam pelo streaming.
A grande oferta de serviços de streaming que disponibilizam séries, programas de TV, programas alternativos, filmes novos ou antigos, esportes, documentários, eventos ao vivo ou qualquer coisa que o usuário deseje assistir no momento que tem vontade ou está livre garante ao streaming o primeiro lugar na preferência do usuário. Até que uma tecnologia ou modalidade de consumo de conteúdo para TV crie outra disrupção no mercado, é o triunfo da escolha em cima do hábito.