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Crítica O Telefone do Sr. Harrigan | Narrativa é morna e não surpreende

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/Netflix
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O Telefone do Sr. Harrigan finalmente estreou na Netflix para deleite dos fãs de Stephen King. A obra é baseada em um conto do autor e conta a história de amizade entre um jovem garoto e um idoso milionário. Na trama, conhecemos Craig (primeiramente interpretado por Colin O' Brien e, posteriormente, por Jaeden Martell), um jovem garoto que, após a morte da mãe, vive apenas com seu pai em uma casa simples.

Um dia ele conhece o senhor Harrigan (Donald Sutherland) na igreja e descobre que eles têm mais em comum do que poderiam imaginar: ambos são solitários e tristes. A partir de então, surge uma parceria inusitada e Craig passa a visitá-lo todas as tardes com o intuito de ler para ele, uma vez que a visão do idoso não anda boa.

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Desse modo, pouco a pouco a relação de ambos vai se estreitando e, ao longo de cinco anos, o rito de leitura continua. Mesmo já adolescente e com outros interesses, Craig decide continuar visitando o senhor Harrigan e uma amizade se forma.

Terror passa longe

Com essa premissa inicial, logo no início do filme o diretor John Lee Hancock tenta forçar momentos de tensão, dando a entender que o velho rico esconde muito mais coisas do que poderíamos imaginar. No entanto, após a primeira meia hora, o suspense vai embora e dá lugar ao drama — que é ao que o filme se propõe.

Aqui vale um aviso aos fãs de Stephen King; não espere por um bom suspense, cenas de susto ou tensão. O longa concentra-se apenas no drama e não se aproxima em nada do terror ou suspense característicos do autor.

E já que falamos de drama, O Telefone do Sr. Harigan entrega uma boa história (mas não surpreendente), com personagens bem construídos e desenvolvidos. Vale destacar os protagonistas e a excelente atuação de Donald como o velho ranzinza, sisudo e introspectivo. No entanto, por retratar um ambiente escolar em algumas cenas, por vezes a narrativa se perde e se assemelha àquelas comédias teens em que o novato sofre bullying, se apaixona pela garota mais popular do colégio e, depois, vira o mocinho da história.

No entanto, isso não é suficiente para estragar por completo o filme da Netflix. Com um enredo quase bonito, a trama foca na relação entre a dupla e mostra como uma amizade verdadeira pode transpor a barreira da idade e até da morte.

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Outro acerto é criar um senhor Harrigan bem humano. Ele não é bom e nem ruim, não está sempre certo ou errado, mas é tido como um homem justo e implacável e, ao longo da trama, vemos que, embora suas atitudes sejam questionáveis, ele não pode ser tido como o único e grande vilão da história.

Poder da tecnologia na vida das pessoas

Mais um ponto interessante de O Telefone do Sr. Harrigan é que ele mostra o advento da tecnologia, dos smartphones e da internet e retrata como essa nova realidade mudou a vida das pessoas e nos trouxe ao que somos hoje.

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No longa, assim como acontece atualmente, o iPhone se torna símbolo de poder e distinção social. Quando Craig ganha um de seu pai no Natal, logo fica empolgado para comprar outro e presentar seu amigo idoso.

Mesmo relutante, o senhor Harrigan aceita o presente e aos poucos se rende à inovação. Assim, o iPhone assume um papel importante na trama e se torna o meio de comunicação entre os dois no pós-vida.

Vale questionar aqui o fato de que o idoso não tinha mais condições de ler livros, mas conseguia ler conteúdos em um iPhone com uma tela bem pequena. Além disso, no dia de sua morte, não havia nenhum funcionário em sua mansão, sendo assim quem abriu a porta para Craig? Esses furos servem para mostrar que nada é perfeito, e mesmo com uma boa produção — que inclusive é assinada por Ryan Murphy (Dahmer: Um Canibal Americano) — falhas podem ocorrer.

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Desfecho previsível

Não dá para negar que a história de O Telefone do Sr. Harrigan é boa, com um enredo agradável, mas nada surpreendente. É basicamente uma trama bem morna que mostra a relação de amizade improvável entre dois sujeitos e como essa conexão continua após a morte.

O desfecho é bastante esperado e mostra Craig se depedindo do velho amigo, colocando um ponto final nas mensagens misteriosas e seguindo sua vida, bem no estilo Sessão da Tarde.

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Vale a pena assistir O Telefone do Sr. Harrigan?

Sim, afinal, não é porque a história não surpreende que ela não agrada. Se você quer um longa sobre amizade para se distrair, essa pode ser uma ótima opção, além de ser a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a obra de Stephen King. No entanto, se você quer algo realmente surpreendente e que te faça refletir, é melhor procurar outra coisa no catálogo do streaming.

O Telefone do Sr. Harrigan está disponível na Netflix.