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A “maldição” dos Novos Mutantes: veja a trajetória do filme mais zoado da Marvel

Por| 19 de Março de 2020 às 12h18

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Novos Mutantes, filme produzido pela 20th Century Fox antes da aquisição pela Disney, tem uma das trajetórias mais curiosas de um lançamento em Hollywood. Isso porque, desde que ficou pronto, em 2017, o título teve de esperar o que seria feito com sua trama, pois ela era conectada ao universo dos X-Men e agora estaria migrando para o Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês). E aí, quando todo mundo achava que ia dar boa para a estreia no começo de abril, o novo coronavírus veio com tudo e adiou sua exibição mais uma vez. O Canaltech lembra o que aconteceu até aqui e explica a “maldição” que torna este o longa mais zoado da Casa das Ideias até agora.

Para quem não conhece, os Novos Mutantes foram introduzidos nas histórias dos X-Men em setembro de 1982 pelo lendário roteirista Chris Claremont e o ilustrador Bob McLeod. O grupo veio para preencher uma lacuna de tramas envolvendo adolescentes com poderes, em um grupo que, ao longo do tempo, tornou-se uma espécie de “graduação” para que os aprendizes se formassem combatentes ideais para a equipe principal de Charles Xavier.

A formação principal contava com o estadunidense Samuel Guthrie, o Míssil, com capacidade para gerar energia termoquímica e se impulsionar pelo ar de forma invulnerável; Xi’an Coy Manh, vietnamita chamada de Karma, que pode se apoderar mentalmente do corpo de outras pessoas; a indígena nativa norte-americana Danielle Moonstar, Miragem, que pode criar ilusões tridimensionais; o brasileiro Roberto da Costa, também conhecido como Mancha Solar, que pode absorver energia solar e usá-la como superforça ou até em rajadas; e a escocesa Rahne Sinclair, que se transforma em Lupina, metade garota e metade lobo.

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Posteriormente, o grupo incorporou vários outros personagens, entre eles a russa Illyana Rasputin, irmã do X-Man Colossus chamada de Magia, que pode acessar a dimensão demoníaca do Limbo e se teleportar para qualquer parte do planeta; Cifra, que costumava se ligar ao alienígena tecnorgânico Warlock e só servia para fazer figuração com seu poder de se comunicar com qualquer coisa; e Magma, a italiana Amara Juliana Olivians Aquilla, uma amazona que pode controlar a lava.

Vários outros integrantes passaram pelo time, incluindo Dinamite, Rusty Collins, Rictor, Skids e, posteriormente, quando ele se tornou a organização paramilitar X-Force sob o comando de Cable, adicionou nomes como Dominó, Feral, Shatterstar e Apache, irmão do falecido X-Man Pássaro Trovejante.

O começo do projeto em 2015

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Bem, nesses anos 2010 o cinema mundial viu a ascensão de dois gêneros: o terror, que ganhou várias outras leituras e subgêneros; e o de super-heróis, que passou a ter seus próprios elementos e deixou de tentar se encaixar em “ação”, “comédia” ou outros. Assim, os filmes de medo agora têm subtextos sociais, históricos e dramáticos, que normalmente não eram explorados nesses títulos. Exemplos disso são A Bruxa, Corra!, Hereditário, entre outros.

Como a franquia dos X-Men não vinha bem, especialmente com os iminentes fracassos de X-Men: Apocalipse e X-Men: Phoenix Negra, a Fox foi atrás do diretor Josh Boone (A Culpa é das Estrelas) para tentar revitalizar esse universo, com sangue novo na praça. Assim, a produção seguiu na mesma direção que o cinema de terror caminhou nos últimos dez anos para dar aos super-heróis seus próprios subgêneros.

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Nasceu a ideia, então, de utilizar o arco mais sombrio dos Novos Mutantes, durante a passagem do premiado artista Bill Sienkewicz, para um longa que seria “terror com poderes”. O conceito realmente poderia mudar os tons de títulos de super-heróis e a Fox, então, deu sinal verde para o começo da produção.

Mutantes problemáticos

Boone recrutou o roteirista Knate Lee (O Resgate de Uma Vida), que então escreveu uma trama baseada no arco em que o vilão Urso Místico invade os pesadelos de Miragem e depois passa a atormentar os outros integrantes da equipe. Desde o começo, o diretor disse que não se tratava de “um filme de super-heróis”: “estamos fazendo um verdadeiro filme de terror situado no universo dos X-Men, sem uniformes e supervilões”, afirmou.

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Novos Mutantes entrou em pré-produção em abril de 2017 e reuniu três jovens atores em alta: Anya Taylor-Joy, que já tinha feito sucesso em A Bruxa e interpreta Magia; Charlie Heaton, o Jonathan Byers de Stranger Things, como Míssil; e Maisie Williams, a Arya Stark de Game of Thrones, no papel de Lupina. Henry Zaga, como Mancha Solar, Blu Hunt, encarnando Miragem, e a brasileira Alice Braga, como a doutora Cecilia Reyes, completam o elenco.

“Os mutantes estão em uma instituição para mutantes problemáticos. É a história desses personagens se entendendo do jeito que são e é um filme de terror dos X-Men como nunca vimos antes. É mais assustador do que qualquer coisa que já vi neste gênero”, descreveu Heaton.

Adiamentos, fusão Fox-Disney e supostas refilmagens

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Pois bem, inicialmente tudo correu como esperado. Com a boa sinergia entre os atores, o longa começou as gravações em julho e as encerrou em setembro de 2017. Agendado inicialmente para a sexta-feira 13 de abril de 2018, Novos Mutantes passou a ser divulgado e ganhou alguns teasers e fotos iniciais, inclusive com a participação do elenco em eventos nerd, a exemplo da Comic-Con Experience, em São Paulo, em dezembro daquele ano.

Contudo, na mesma época, os burburinhos sobre a compra da Fox pela Disney se tornaram algo real e a coisa toda começou a desandar, pois Novos Mutantes era para ser uma nova trilogia, um recomeço para a franquia dos X-Men. No primeiro trimestre de 2018, a negociação entre os conglomerados evoluiu e o filme foi adiado para quase um ano depois, ficando, então, para 22 de fevereiro de 2019.

Em meados de 2018, a transação entre a Disney e a Fox foi confirmada, faltando então apenas a validação pelos órgãos reguladores nos Estados Unidos e a finalização da aquisição. Com isso, o chefão do Marvel Studios, Kevin Feige, precisaria de mais tempo para saber o que fazer com o filme no MCU. Assim, Novos Mutantes foi para o dia 2 de agosto de 2019.

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O processo de fusão da Fox com a Disney foi concluído em março de 2019, abrindo caminho para que os X-Men se tornassem parte do MCU. Poucos meses depois, em julho, Feige confirmou a integração oficial dos mutantes e do Quarteto Fantástico durante apresentação na Comic-Con International: San Diego. Assim, após mais algumas semanas, Novos Mutantes foi adiado novamente, para 2 de abril de 2020, o que alimentou rumores sobre refilmagens.

Só que isso não aconteceu. “Todo mundo disse que fizemos refilmagens, mas nunca fizemos refilmagens. E vou lhe dizer uma coisa: se não houvesse uma fusão, tenho certeza de que faríamos refilmagens da mesma maneira que todo filme faz. Nem fizemos isso porque, quando a fusão foi concluída e tudo foi resolvido, todo mundo (do elenco) já estava mais velho”, contou Boone ao Collider.

O que ocorreu foi que o corte final ainda estava incompleto e, provavelmente, Feige deve ter exigido algumas mudanças, especialmente porque Novos Mutantes tem previsão de fazer parte do MCU — ainda que não seja a “estreia oficial” dos X-Men nesse universo. Com isso, a conclusão de tudo foi somente no dia 6 de março deste ano. "A edição, provavelmente estava quase 75% concluída. Voltamos e terminamos. Demorou alguns meses e foi bom poder voltar. Knate [Lee] e eu não nos víamos há um ano. Fizemos um monte de coisas aqui e ali que não tínhamos pensado ou notado um ano antes", disse Boone.

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Coronavírus, “whitewashing” e continuação que se passaria no Brasil

Depois disso tudo, o filme estava bem encaminhado para sua estreia agora no começo de abril. Só que a “maldição dos Novos Mutantes” voltou a atacar: dessa vez, o adiamento acontece por conta dos protocolos de prevenção diante do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Assim, o lançamento ficou sem definição, mas é possível que seja reagendado para o final do segundo trimestre ou para depois da metade do ano, assim como Viúva Negra.

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Enquanto isso, o filme continua gerando assunto. Alguns fãs vêm reclamando da forma como o mutante Roberto da Costa, que é brasileiro, e a doutora Cecilia Reyes, porto-riquenha, foram retratados. Isso porque Henry Zaga, embora seja tupiniquim, é branco e Roberto da Costa tem a tonalidade de pele bem mais escura. O mesmo acontece com Cecilia Reyes, que é negra nos quadrinhos e ficou branca no cinema. E, novamente, se ela é porto-riquenha, então poderia ter uma atriz daquele país, e não nossa Alice Braga.

Já em outras notícias, o diretor Josh Boone revelou alguns detalhes do que planejava para uma sequência. Segundo o cineasta, Novos Mutantes teria uma cena pós-crédito com Antonio Banderas, que interpretaria o pai de Roberto da Costa, Emmanuel da Costa. Ele seria um vilão ligado ao Clube do Inferno, grupo aristocrata de vilões mutantes da Marvel Comics, e a história traria a equipe de heróis adolescentes para o Brasil, com o título Novos Mutantes: Brasil! O Mancha Solar encontraria sua mãe, uma arqueóloga, e Warlock e Magma seriam integrados à equipe.

Bem, o jeito agora é aguardar e torcer para que a “maldição” de Novos Mutantes finalmente acabe. E, claro, que o filme seja um sucesso e represente bem os Filhos do Átomo no MCU.