Ruínas de templo faraônico de 2.700 anos atrás são encontradas no Sudão
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 15 de Março de 2023 às 18h58
Arqueólogos encontraram, no Sudão, os restos de um antigo templo do povo Kush (ou Cuxe), cujo reino abarcava o país e também Egito e partes do Oriente Médio há 2.700 anos. As ruínas estavam, ainda, dentro de uma cidade medieval no sítio de Velha Dongola, entre a terceira e quarta cataratas do Rio Nilo.
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Alguns dos blocos do templo estavam decorados com figuras e inscrições hieroglíficas, como as que os egípcio produziam na Idade Antiga. Uma análise da iconografia e da escrita dos símbolos revelou que faziam parte de uma estrutura da primeira metade do primeiro milênio a.C.
Achado surpreendente
Para a ciência, o achado foi uma surpresa, já que não havia nada parecido com a datação de 2.700 anos atrás na região de Velha Dongola — no local, só haviam sido vistas peças com pelo menos 1.000 anos a mais. Os responsáveis pela descoberta foram arqueólogos do Centro Polonês de Arqueologia Mediterrânea, da Universidade de Varsóvia.
A expedição da equipe estava, inicialmente, estudando o período em que a cidade caiu no domínio do Sultanato Muçulmano de Funj, no século XV, e quando era capital do reino medieval de Makuria, entre os séculos V e XIV, mas acabou encontrando os elementos de arquitetura do templo faraônico por acaso.
Nas ruínas da estrutura, foram encontradas inscrições que relatavam a finalidade do templo — ele teria sido dedicado a Amun-Rá de Kawa. O deus era adorado em Kush e no Egito, sendo que Kawa é um sítio arqueológico no Sudão que também contém um templo. Ainda não se sabe, no entanto, se os blocos seriam deste templo ou de um que já não existe.
Mais pesquisas são necessárias para determinar aspectos importantes do templo, como, por exemplo, sua datação exata. Também não se sabe se o templo realmente existiu em Velha Dongola ou se foi transportado de outros locais da África. Uma possibilidade é que tenha vindo de Gebel Barkal, local 150 km Nilo acima, ainda no Sudão, que contêm diversos templos e pirâmides, tendo sido um importante centro político e religioso. É possível, também, que tenha vindo justamente de Kawa.