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Riscos em pintura rupestre de 20.000 anos podem ser escrita mais velha do mundo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Janeiro de 2023 às 16h15

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Bacon et al./Cambridge Archaeological Journal
Bacon et al./Cambridge Archaeological Journal

Em novo estudo de pinturas rupestres, cientistas propõem que pontos, riscos e desenhos em Y com 20.000 anos nas cavernas da Europa possam ter sido um sistema primitivo de escrita, ou, na verdade, proto-escrita. Segundo os especialistas, essa seria uma forma de marcar o comportamento de animais no que tange seu ciclo migratório, reprodutivo e comportamental, já que os rabiscos acompanham desenhos das criaturas.

As anotações antigas seriam uma forma de registrar informações importantes sobre as presas que os homens primitivos caçavam, sinais abstratos à primeira vista, mas que requereriam capacidades de abstração e cognição sofisticadas. A classificação de tais símbolos como uma proto-linguagem, no entanto, é contestada por diversos cientistas, que, embora concordem que nossos ancestrais teriam a capacidade cognitiva para tal, apontam possíveis erros nas evidências.

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Como funcionaria a proto-escrita

Os povos caçadores-coletores do passado acompanhavam manadas de animais como cervos, bisões e cavalos, que apareciam em diferentes estações. Saber quando as migrações ocorriam, quando os bichos acasalariam e dariam à luz era importantíssimo para a sobrevivência no Paleolítico. Analisando centenas de símbolos, os cientistas descobriram que, no caso dos pontos e linhas, eles nunca passavam do número 13.

Essas sequências de até 13 riscos batem com os 13 meses lunares de cada ano — seria uma forma inteligente de marcar, mensalmente, o comportamento dos grupos de animais observados pelos antigos humanos. Isso faria sentido contando o início do "calendário" como sendo na primavera, cuja chegada é bem clara, e corresponde com as marcações em relação à fauna e seus períodos de acasalamento.

Foram mais de 800 sequências de sinais analisadas estatisticamente, coincidindo com sua associação a cada animal desenhado. Um símbolo em forma de "Y" também foi estudado, e, de acordo com os cientistas, seria indicativo da época em que cada bicho daria à luz. Assim, esse seria um protossistema de escrita, um intermediário entre as representações mais básicas e a escrita em si.

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Controvérsias

Embora muitos cientistas considerem bem-vindas as tentativas de desvendar a possível linguagem antiga, há alguns problemas apontados na pesquisa. A maioria dos animais representados nas cavernas, por exemplo, são quadrúpedes, enquanto os humanos, bípedes, tinham o costume de dar à luz em posição agachada. O símbolo "Y" como representante icônico do parto, então, não seria tão óbvio.

Há alternativas, como a representação do músculo braquiocefálico dos cavalos, que tem forma de Y, ou outras características anatômicas, como pelos ou pernas. O estudo também focou em poucos símbolos. Há uma década, pesquisadores já haviam criado uma base de dados com mais de 200 cavernas do sul da França e da Espanha, sítios arqueológicos contendo dúzias de sinais. Pelo menos 32 dos símbolos são recorrentes, e os cientistas da proto-escrita resolveram focar em apenas 3.

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Eles defendem a escolha, já que o trio de sinais é o mais representado: os riscos e pontos são, de longe, os mais comuns, e entre os mais complexos, o Y também é o mais usado. O foco é, no fim das contas, nas bases cognitivas e linguísticas do sistema de escrita, ao invés do significado individual de cada signo, mas os pesquisadores planejam estudar os 90% restantes também.

Fonte: Cambridge Archaeological Journal