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Estudo do DNA mais antigo da Inglaterra revela 2 grupos humanos pré-históricos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Outubro de 2022 às 12h43

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DEA Picture Library
DEA Picture Library

DNA humano mais antigo das ilhas britânicas foi estudado por cientistas do Instituto de Arqueologia da University College London em conjunto com museus e institutos, revelando dois grupos humanos diferentes ao país no fim da última Era do Gelo. Tanto as origens quanto a cultura dos povos era diferente, concluiu o estudo resultante, publicado na revista científica Nature Ecology and Evolution.

Os indivíduos vieram, respectivamente, das cavernas de Gough, em Somerset, e de Kendrick, no norte do País de Gales, que habitaram a Terra há mais de 13,5 mil anos. A pesquisa envolveu o sequenciamento genético dos humanos em questão e sua datação por radiocarbono, que mostrou uma época condizente com a recolonização da Grã-Bretanha.

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Migrações humanas na Europa

O humano da caverna de Gough, mais especificamente, é de pelo menos 15.000 anos atrás, indicando que seus ancestrais participaram da primeira migração para o noroeste do continente europeu, há 16.000 anos. Já o sujeito da caverna de Kendrick é mais novo, com aproximadamente 13.500 anos, vindo de terras mais ocidentais, parte de um grupo de caçadores-coletores. Ele seria do Oriente Próximo e teria vindo à ilha britânica há 14.000 anos.

Segundo os cientistas, o encontro de dois ancestrais a apenas um milênio de diferença — um período curto para a paleontologia — ajuda a pintar uma imagem melhor da Europa no paleolítico, com todas as suas mudanças e populações dinâmicas. À época das migrações, a última era glacial havia acabado: durante ela, 2/3 da Grã-Bretanha era pavimentada com geleiras.

Com o fim da Era do Gelo e o derretimento das geleiras, o ambiente ficou propício para o retorno dos humanos ao norte europeu. Essa época, compreendida entre 20 mil a 10 mil anos atrás, durante o paleolítico, é de interesse especial aos cientistas, já que o aquecimento climático mudou as ilhas britânicas, aumentando florestas e mudando os animais disponíveis para caça, por exemplo.

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Cultura, sepultamento e comida

As diferenças na cultura dos grupos humanos estudados estava na forma com que comiam e enterravam os mortos. Na caverna de Gough, os habitantes se alimentavam de herbívoros terrestres, como veados-vermelhos, cavalos e bovídeos como o auroque, um extinto gado selvagem, ancestral das vacas atuais. Já na caverna de Kendrick, os indivíduos comiam alimentos marinhos e de água doce, incluindo grandes mamíferos do mar.

Ossos de animais e de humanos da caverna de Gough revelaram que os humanos do local modificavam os restos, manipulando crânios da própria espécie para fazer caveiras artísticas, o que os pesquisadores acreditam fazer parte de um canibalismo ritualístico. Parece ser o mesmo grupo que criou as ferramentas de pedra de Magdalenian, cultura conhecida por arte rupestre icônica e artefatos ósseos modificados.

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Na caverna de Kendrick, também havia ossos de animais, mas faziam parte de itens de arte portáteis, como uma mandíbula de cavalo decorada. Não foram encontrados ossos de animais consumidos pelos habitantes, o que leva os pesquisadores a crer que o local era usado com exclusividade para o sepultamento de humanos.

Fonte: Nature Ecology and Evolution