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Revelada a temperatura da cratera após impacto que matou dinossauros

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Reprodução/urikyo33/Pixabay
Reprodução/urikyo33/Pixabay

Usando uma espécie de termômetro das rochas, cientistas descobriram a temperatura da cratera de Chicxulub, criada pelo meteorito que devastou os dinossauros, nos momentos que se seguiram ao impacto monstruoso há 66 milhões de anos.

Os indicadores apontam para um máximo de 330 ºC, marcando o final do período Cretáceo (entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás). Curiosamente, os resultados sugerem que a explosão do asteroide matador não liberou tanto dióxido de carbono na atmosfera como se acreditava, mudando algumas das noções científicas sobre a extinção em massa.

A cratera de Chicxulub e seu calor

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O infame asteroide de 12 km de comprimento caiu na península de Yucatán, atual Golfo do México, após viajar a cerca de 43.000 km/h. A cratera resultante ficou com cerca de 200 km de diâmetro, e foi preenchida rapidamente por ondas de tsunami que trouxeram sedimentos nos minutos e horas seguintes ao evento. Camadas de pedra continuaram a cobrir o local desde então.

Segundo informações dos geólogos da Universidade Livre de Bruxelas, responsáveis pelo estudo, isso dificulta um pouco o acesso a amostras, mas, por outro lado, as preserva muito bem. É tudo questão de encontrar as rochas certas, o material certo e a técnica certa de análise.

Foram coletadas, então, amostras do pico do anel de impacto em 2016. Elas foram analisadas com termometria de isótopos agrupados, técnica também chamada de “paleotermômetro”, que envolve reconstruir as temperaturas antigas ao detectar a presença de ligações de isótopos de carbono-13 e de oxigênio-18 nos minerais carbonatos (substâncias bastante pesadas).

O impacto do meteorito teria, de imediato, chegado aos milhares de graus Celsius, mas isso não pode ser medido atualmente porque as rochas envolvidas no processo provavelmente foram todas vaporizadas. Nos momentos que se seguiram ao evento, no entanto, foram geradas temperaturas possíveis de se medir.

O máximo de 330 ºC foi identificado em rochas encontradas a 700 metros abaixo do leito oceânico. A temperatura  é muito acima do máximo atingido pelo oceano do final do Cretáceo, de cerca de 35,5 ºC, e do que se esperaria de processos hidrotermais submarinos, que vão de 50 ºC a 200 ºC. Só o asteroide poderia ter causado isso.

E o processo em questão pode ter sido a descarbonação termal e reação reversa rápida, onde o óxido de cálcio altamente reativo (CaO) foi recombinado com o dióxido de carbono (CO2) liberado pelas rochas carbonizadas e formou cristais de carbonato de cálcio (CaCO3).

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Nesse caso, menos dióxido de carbono teria saído para a atmosfera, já que muito dele teria sido reusado na criação de carbonato de cálcio. Com menos CO2, o aquecimento global e a acidificação do oceano teriam diminuído durante a extinção em massa (inclusive dos dinossauros) que se seguiu. Este foi grande evento coincidente com as mudanças climáticas geradas pelo impacto, ainda bastante discutidas pelos cientistas.

Os cientistas esperam que o método seja usado em outras crateras pelo mundo, já que, como o caso de Chicxulub deixa claro, tais impactos influenciam bastante na evolução da vida no planeta.  

Fonte: PNAS Nexus com informações de Live Science