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Asteroide que extinguiu os dinossauros gerou muita poeira e longo inverno

Por| Editado por Luciana Zaramela | 31 de Outubro de 2023 às 16h31

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Donald E. Davis/CC BY-SA 3.0
Donald E. Davis/CC BY-SA 3.0

Novas evidências finalmente revelam o que levou à extinção em massa dos dinossauros no período Cretáceo-Paleogeno, há aproximadamente 66 milhões de anos. O impacto do asteroide na cratera de Chicxulub, na Península de Iucatã, no México, pulverizou na atmosfera milhões de partículas de uma poeira fina de silicato. Esta impediu a entrada dos raios solares, criando um longo inverno, baixando as temperaturas do planeta Terra e dificultando a fotossíntese.

É esta a explicação apontada por pesquisadores internacionais ao explicar o porquê da extinção em massa dos dinossauros, após o impacto do asteroide, em artigo recém-publicado na revista científica Nature Geoscience.

O "fim" dos dinossauros

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Aqui, é importante destacar que, há anos, já era descartada a hipótese de que o "desaparecimento" dos dinossauros e de cerca de 75% das espécies da Terra não foi imediato ao impacto do asteroide, que tinha largura estimada de 10 km a 15 km. Em outras palavras, a culpa não foi da colisão imediata, dos tsunamis e nem dos incêndios.

Na verdade, o “golpe de misericórdia” para a era dos dinossauros foi a espécie de catástrofe climática que se prolongou por cerca de 20 anos, apelidada de longo inverno, enquanto o céu permanecia escuro e as temperaturas estavam até 15 °C mais baixas.

Além da poeira de silicato, autores explicam que o enxofre também liberado durante o impacto na cratera de Chicxulub e a fuligem gerada pelos incêndios florestais contribuíram para o inverno que se instalou, mas em menor grau.

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Poeira gerada pelo asteroide

No recente estudo, os pesquisadores realizaram simulações paleoclimáticas com base em sedimentos desenterrados em um sítio paleontológico Tanis, localizado no estado de Dakota do Norte, nos Estados Unidos. Segundo os autores, o local preservou evidências das condições pós-impacto, incluindo rastros da prolongada “precipitação” de poeira.

No total, a equipe estima que o impacto do asteroide tenha gerado cerca de 2 mil gigatoneladas de poeira, o que é 11 vezes mais pesado que o Monte Everest — o ponto mais alto do mundo, localizado na cordilheira do Himalaia. Na contramão, cada partícula desta poeira de silicato media entre 0,8 a 8 micrômetros.

A partir das simulações computacionais, os cientistas relatam que a poeira fina de pode ter bloqueado a entrada massiva de luz solar e a fotossíntese no planeta por até dois anos. No entanto, essa névoa permaneceu e continuou a impactar a atmosfera por aproximadamente 15 anos, o que baixou a temperatura média em 15 °C.

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"Embora o enxofre tenha permanecido por cerca de 8 a 9 anos, a fuligem e a poeira de silicato residiram na atmosfera por cerca de 15 anos após o impacto”, afirma Özgür Karatekin, cientista planetário do Observatório Real da Bélgica e coautor do estudo, para agência Reuters.

No entanto, “a recuperação completa do impacto deste inverno demorou ainda mais, com as condições de temperatura pré-impacto retornando somente após cerca de 20 anos ”, acrescenta Karatekin.

Ascensão dos mamíferos no longo inverno

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Neste período, apenas as espécies que conseguiram se adaptar sobreviveram, o que não foi o caso da maioria dos dinossauros. “Grupos bióticos que não estivessem adaptados para sobreviver em condições de escuridão, frio e privação de alimentos durante quase dois anos sofreram com a extinção massiva”, pontua Karatekin.

No caso das plantas, resistiram as que conseguiram entrar em uma fase dormente ou que tivessem sementes resistentes. Entre os animais, a capacidade de sobreviver em tocas e em ambientes com pouca luz foi fundamental, como era a rotina dos pequenos mamíferos. Outra vantagem era a possibilidade de se alimentar de muitas fontes de alimentos, sem uma dieta extremamente específica.

Por causa dessas habilidades, os mamíferos conseguiram ascender, modificando totalmente os ecossistemas sobreviventes. Naquele longínquo período, os dinossauros estavam no seu ápice e, dificilmente, teriam sido substituídos se não fossem os impactos do asteroide.

Fonte: Nature Geoscience, Scimex e Reuters