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Por que o símbolo de coração não tem nada a ver com o órgão?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 23 de Abril de 2024 às 18h51

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Brett Jordan/Unsplash
Brett Jordan/Unsplash

O mais popular símbolo do coração humano não lembra em nada o verdadeiro órgão, mesmo assim é onipresente na cultura popular e nas mensagens trocadas no dia a dia. Tanta popularidade fez com que pesquisadores do Hospital San Raffaele, na Itália, revirassem documentos e artigos científicos, em busca da origem deste desenho. Os achados surpreendem pela possibilidade de uma suposta explicação científica para a imagem.

O curioso é que, desde os tempos mais remotos, como o Egito Antigo, as necropsias já eram realizadas. Durante o renascimento italiano, inúmeros artistas dissecaram cadáveres, buscando aprimorar as suas habilidades no desenho da anatomia humana, como Leonardo da Vinci e Michelangelo. Tudo isso torna ainda mais absurda a ascensão do símbolo “fake” do coração.

Se olharmos o coração de verdade, o que veremos é um músculo assimétrico e com a aparência um pouco “retorcida”. Isso faz do símbolo do coração um modelo anatomicamente incorreto — hoje, os puristas podem expressar amor e afeto usando um símbolo mais “correto” nas trocas de mensagens, após a inclusão de um emoji (pictograma) bastante próximo do que seria o órgão humano no WhatsApp, por exemplo.

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Origem do símbolo do coração

Em artigo na revista The Journal of Visual Communication in Medicine (JVisComm), os pesquisadores sugerem algumas possíveis inspirações para a criação do símbolo do coração. 

Entre elas, está a folha de uma planta conhecida como sílfio, que crescia na costa norte da África. No reino dos vegetais, as folhas de nenúfar e da hera também poderiam ter inspirado a criação da imagem.

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Fora da análise das folhas das mais variadas espécies, os pesquisadores contam que “há especulações de que ele tenha sido modelado a partir da anatomia humana dos seios ou das nádegas”. No entanto, não é possível cravar uma resposta correta.

O que se sabe é que a forma começou a se popularizar, de fato, na Idade Média, por volta do século XIII. Nos séculos XV e XVI, tornou-se ainda mais popular até a onipresença nos nossos dias — no teclado padrão do sistema operacional Android, são pelo menos 24 emojis diferentes para representar um coração, com os mais diferentes significados.

Existe alguma verdade no símbolo?

Numa reviravolta histórica, a ciência do século XX descobriu que a forma do coração pode ter se baseado não em plantas e nem em partes do corpo, mas no resultado de um experimento anatômico. Entretanto, esta é apenas uma suspeita, ainda pouco provável.

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A partir da injeção de contrastes nas artérias, durante uma angiografia coronária (cateterismo cardíaco), é possível obter, em alguns casos, uma imagem semelhante ao símbolo do coração, com os equipamentos de imagens atuais. Veja esta imagem:

"No entanto, é difícil supor a possibilidade de que a evidência desta forma cardíaca podia ser visível aos olhos das pessoas que viviam na época das primeiras aparições icônicas da imagem do coração", explicam os pesquisadores. 

Segundo os autores, "os padrões anatômicos do sistema arterial coronariano foram investigados e relatados, pela primeira vez, através de injeção post mortem e modelos [científicos], em meados da década de 1950”. Então, como seria possível saber estes resultados em séculos anteriores?

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No campo das suposições, anatomistas, cientistas e artistas podem ter realizado algum procedimento semelhante, com materiais menos sofisticados, e obtido a forma do coração que se tornou tão popular ao longo dos anos.

“A hipótese é que cientistas mais antigos já tivessem obtido a forma semelhante [do símbolo do coração], provavelmente injetando gesso nas artérias coronárias durante autópsias e depois transpondo a estrutura obtida para desenhos”, sugerem os pesquisadores. No entanto, mais provas ainda precisam ser coletadas para apoiar a ideia.

Fonte: JVisComm