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"Olhar pidão" dos cachorros não evoluiu para agradar humanos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 09 de Junho de 2024 às 10h00

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Izabelly Marques/Unsplash
Izabelly Marques/Unsplash

Cientistas encontraram, em cães-selvagens-africanos, o mesmo “olhar pidão” ou “olhar de filhotinho” que os cachorros domésticos usam para conquistar a simpatia dos humanos, e afirmaram que isso desbanca a teoria de que os comoventes olhos dos animais de estimação teriam evoluído apenas para agradar os humanos.

O estudo que ligou a expressão facial canina à co-evolução com os humanos foi publicado em 2019, e, segundo ele, os músculos faciais dos cães domésticos (Canis familiaris) só estariam presentes nesse canino específico, o que foi descoberto comparando sua anatomia com a dos lobos (Canis lupus).

Já a pesquisa mais recente, publicada em 10 de abril no periódico científico The Anatomical Record, refuta a tese ao encontrar os mesmos músculos nos cães-selvagens-africanos (Lycaon pictus), também chamados de mabecos.

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Analisando rostos de caninos

Para analisar outros canídeos sociais, os pesquisadores dissecaram um mabeco selvagem morto doado por um zoológico. Isso revelou que a espécie possui os mesmos músculos responsáveis pelo “olhar de pidão” nos cachorros domésticos, e, além disso, mostrou que são tão desenvolvidos quanto nos nossos pets.

Os animais de estimação, então, não são os únicos que possuem tais músculos, e isso indica que sua evolução não ocorreu por conta de nós, humanos, especificamente.

Os cientistas teorizam, então, que os cães-selvagens-africanos desenvolveram a musculatura facial (através da seleção natural) como forma de ajudar seus grupos a se comunicar e coordenar durante caçadas na savana aberta. Os mabecos são altamente sociais, como seus primos lobos e cães domésticos, vivendo em grupos de cinco a nove caninos, mas com alcateias de até 40 membros.

Ter rostos expressivos ajuda a fazer sinais silenciosos através das planícies cobertas por gramíneas de seu habitat. Por que os lobos, que também são bastante sociais, também não desenvolveram os músculos faciais da mesma forma? Segundo Adam Hartstone-Rose, em entrevista concedida ao site Live Science, isso provavelmente se dá pelo fato de que os lobos dependem menos de comunicação visual.

Lobos caçam em paisagens das mais variadas, de florestas densas a montanhas, onde cada indivíduo possui mais chances de ficar escondido por pedras ou árvores durante perseguições a presas. Vocalizações mais complexas e sinais olfativos podem ter evoluído melhor nessa espécie ao invés de dicas visuais como as da face.

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A equipe responsável pelo estudo espera, no futuro, analisar a anatomia do rosto de outras espécies canídeas, como lobos-iranianos (Canis lupus pallipes), dholes ou cães-selvagens-asiáticos (Cuon alpinus) e raposas (Vulpes spp.) para descobrir como é o estado evolutivo de seus músculos de olhar pidão, o que poderá revelar como os canídeos caçam e se comportam — e nos dizer mais sobre o melhor amigo do homem.

Fonte: The Anatomical Record, Biological Sciences com informações de Live Science