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Como a ciência quer prolongar a vida dos cães em muitos anos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Janeiro de 2024 às 14h42

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Kat von Wood/Unsplash
Kat von Wood/Unsplash

A vida dos cães costuma ser breve — fora algumas exceções, como o cachorro português Bobi, que completou 31 anos. Para mudar esta realidade, cientistas buscam formas para prolongar esse tempo, como a medicação experimental antienvelhecimento LOY-001, desenvolvida pela empresa de biotecnologia Loyal for Dogs.

Na contramão desse movimento, a maior pesquisa do mundo sobre a longevidade canina, o Dog Aging Project (DAP), corre o risco de ser encerrada nos próximos meses por falta de recursos. Os achados envolvendo os quase 50 mil cães inscritos podem dar origem a outros medicamentos e terapias, como é o caso da rapamicina — ainda em fase de testes para os pets.

Remédio contra envelhecimento canino

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Na corrida por fornecer medicamentos que prolonguem o tempo de vida dos cães, retardando o envelhecimento, está a empresa norte-americana Loyal for Dogs, com uma medicação exclusiva para cachorros de grande porte (mais de 18 kg).

Na linha de frente dos testes, está a LOY-001. Esta consiste em uma injeção com aplicações que variam em intervalos de três a seis meses. Em paralelo, estão também em avaliação os comprimidos diários, LOY-002 e LOY-003.

Os três medicamentos “diferentes” funcionam limitando a ação do hormônio IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1). O hormônio impulsiona o crescimento celular e permite que alguns cães cresçam mais do que o normal, mas, em excesso, ele também acelera o processo de envelhecimento. É o que revelam pesquisas anteriores feitas com roedores, lombrigas e moscas-das-frutas.

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Segundo os pesquisadores, os níveis do hormônio em cães de grande porte podem ser até 28 vezes maior do que nos pequenos, o que é considerado como um dos fatores responsáveis pela morte normalmente mais precoce. 

Para validar a segurança e a eficácia do tratamento, a empresa está realizando um estudo com mais de mil cães idosos. Inclusive, eles já receberam um sinal verde da agência Food and Drug Administration (FDA), através do qual poderão obter uma autorização de uso acelerada, caso os resultados sejam positivos. O remédio pode chegar ao mercado em 2026.

Fim da pesquisa sobre cães?

Enquanto os testes com a medicação LOY-001 avançam, um importante projeto que investiga a longevidade canina pode ser descontinuado, segundo o jornal The New York Times.

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Iniciado em 2018, o Dog Aging Project monitora, hoje, mais de 47 mil cães nos EUA, coletando informações sobre saúde, estilo de vida e ambiente em que vivem, além de testar medicamentos promissores. 

No entanto, os recursos fornecidos pelo National Institute on Aging (NIA) — responsáveis por manter cerca de 90% do projeto — devem ser cortados até o mês de junho. Em busca de mais recursos, os responsáveis transformaram a iniciativa em um instituto e, agora, buscam doações individuais e de empresas para cobrir os custos.

Testes com rapamicina

Em meio a essa possibilidade de todo o projeto ser descontinuado, há uma pesquisa promissora envolvendo uma medicação que retarda o envelhecimento canino, a rapamicina. Este remédio já é usado em humanos, como no tratamento do câncer.

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O remédio atua de modo a bloquear a molécula mTOR, responsável por regular a morte celular. Anteriormente, foi demonstrado o seu efeito em retardar o envelhecimento em outras espécies, como moscas, vermes e roedores. Agora, a expectativa é que o estudo, com mais de 550 cães idosos, revele este mesmo benefício.

Por que estudar cachorros?

Para muita gente, a questão da pesquisa com cachorros e outros animais domésticos pode parecer algo desimportante, mas não deveria ser. Além de favorecer os animais, “ao estudar o envelhecimento em cães, podemos expandir mais rapidamente o nosso conhecimento sobre o processo de envelhecimento [humano]”, lembram os responsáveis pelo DAP.

"Embora [os cães] envelheçam mais rapidamente do que os humanos, contraem as mesmas doenças do envelhecimento, têm uma composição genética rica e partilham o nosso ambiente”, pontuam. Essas circunstâncias podem favorecer a descoberta de medicamentos que beneficiem ambas as espécies.

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Fonte: Dog Aging Project, MIT e NYT (1) e (2)