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Nanoplásticos prejudicam muito o desenvolvimento de embriões de galinha

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Khuloud T. Al-Jamal & Izzat Suffian/CC-BY-4.0
Khuloud T. Al-Jamal & Izzat Suffian/CC-BY-4.0

Pesquisadores estudaram o efeito de nanoplásticos no desenvolvimento de embriões de galinhas e notaram uma série de malformações geradas pelos objetos, que recebem esse nome quando têm menos de 25 nanômetros. Embora ainda não saibamos, diretamente, como essas pequenas partículas afetam a saúde humana, pesquisas como essa sugerem preocupação acerca de sua presença no corpo.

O estudo foi realizado pela Universidade Leiden, dos Países Baixos, cujos cientistas introduziram nanoplásticos de poliestireno (cuja versão estendida é chamada de isopor) no desenvolvimento dos embriões das aves. A concentração inserida foi alta, em níveis normalmente não encontrados no organismo dos animais, mas o caso extremo já consegue nos dar uma ideia do que pode acontecer, mesmo que com severidade reduzida, na fase de feto.

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Efeitos do nanoplástico

Foram notadas malformações no sistema nervoso, coração, olhos e algumas partes da face do embrião de galinha após a introdução das nanopartículas de poliestireno. Aparentemente, o problema está na forma como afetam as cristas neurais — estas células-tronco são formadas no início do desenvolvimento de todos os vertebrados, começando no que irá se tornar a medula espinhal e migrando para outras partes do sistema nervoso e para diversos órgãos vitais, como as artérias, coração e face.

As análises laboratoriais mostraram que os nanoplásticos miram “indiretamente” nas cristas neurais, causando sua morte. Essas células são grudentas, então as nanopartículas conseguem se aderir a elas e prejudicar órgãos que dependem delas para seu desenvolvimento. Uma metáfora utilizada pelo autor do estudo, Michael Richardson, é a da farinha: a substância é utilizada, quando fazemos pão, para reduzir o aspecto grudento da massa.

No caso do estudo, é como se as nanopartículas fossem a farinha, mas que, ao invés de apenas reduzir a propriedade, também arruína a massa, que seria as cristas neurais. Já temos evidências de que partículas minúsculas de plástico estão presentes em quase todos os cantos do planeta, especialmente em ambientes naturais como o gelo da Antártica e os órgãos vitais de humanos, até mesmo em recém-nascidos.

Os nanoplásticos, ou seja, plásticos com 25 nanômetros ou menos, são tão pequenos que conseguem penetrar qualquer lugar do nosso corpo, inclusive cruzando a barreira hematoencefálica — ou seja, entre sangue e cérebro, que protege o órgão de substâncias neurotóxicas em potencial presentes no sangue.

Nos animais, estamos começando a descobrir os efeitos tóxicos dos nanoplásticos, um conhecimento que o novo estudo ajuda a construir. Neste mês, cientistas definiram uma nova condição causada pela ingestão de plástico ao nível de ameaçar a capacidade de absorver os nutrientes necessários para o crescimento — plasticose.

Fonte: Journal of Hazardous Materials, Universitet Leiden, Environment International