Cientistas identificam microplásticos na placenta e em recém-nascidos
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Pesquisadores noruegueses e finlandeses identificaram a presença de micro e nanoplásticos na placenta e em recém-nascidos, a partir de uma revisão de estudos científicos sobre o tema. Até o momento, não se sabe quais são os reais riscos dessas pequenas partículas de plásticos (que podem medir de 0,001 mm até 5 mm) para o desenvolvimento de crianças.
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Publicado na revista científica Environmental Health Perspective, o estudo que investiga a relação dos microplásticos em crianças foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) e da Universidade de Oulu, na Finlândia. No total, foram revisados 37 pesquisas sobre o tema, mas os autores alertam para a pequena quantidade de artigos sobre plásticos, saúde humana e bebês.
Isso porque “é bem possível que as crianças estejam mais expostas aos microplásticos do que os adultos, semelhante à maior exposição das crianças a muitos outros produtos químicos tóxicos ambientais”, explica a neurocientista Kam Sripada, uma das autoras e pesquisadora da NTNU, em comunicado.
Quanto de plástico as crianças ingerem?
De acordo com Sripada, "ninguém sabe exatamente o quanto de microplástico uma criança ingere. Mas vários estudos, agora, sugerem que as crianças de hoje absorvem microplásticos em seus corpos já na idade fetal. Isso é preocupante”.
Afinal, "as crianças não têm um sistema imunológico totalmente desenvolvido e estão em uma fase muito importante do desenvolvimento do cérebro", lembra. Nesse contexto, estão "particularmente vulneráveis" para essas substâncias nocivas, comenta Sripada.
Vale explicar que, segundo a neurocientista, "os nano e microplásticos são tão minúsculos que podem penetrar profundamente nos pulmões e também atravessar a placenta. Ao mesmo tempo, eles transportam produtos químicos perigosos em sua jornada. É por isso que acreditamos que os nano e microplásticos podem ser um risco para a saúde das crianças”, diz.
Como evitar microplásticos?
Na verdade, "é quase impossível evitar que as crianças ingiram plástico”, adianta Sripada. No entanto, os pais e familiares podem reduzir a quantidade de plástico a que seus filhos estão expostos das seguintes maneiras:
- Certifique-se de que os alimentos que as crianças comem entrem em contato com o plástico o mínimo possível;
- Limpe a casa regularmente, com água e sabão, já que a poeira pode conter microplásticos;
- Fique atento ao comprar produtos de higiene pessoal e escolha variedades com menos plástico.
Além das medidas domésticas, os cientistas apontam apara a necessidade de que as indústrias fabricantes de materiais destinados para crianças e gestantes devem garantir que esses produtos degradem o mínimo possível.
Por fim, a equipe reforça a importância de que mais estudos investiguem a relação entre os microplásticos e a saúde humana, principalmente formas com as quais essas partículas podem ser transferidas para o feto e os eventuais riscos.
“Em um futuro próximo, precisamos estudar urgentemente os efeitos que a exposição a nano e microplásticos tem no desenvolvimento de fetos e crianças, bem como a jornada de plásticos de mamadeiras e embalagens dentro do corpo e seus efeitos em crianças”, afirmou Arja Rautio, uma das autoras e professora da Universidade de Oulu.
Fonte: Environmental Health Perspectives e Universidade de Oulu