Motty, o único híbrido de elefante interespécies registrado no mundo
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
No Zoológico de Chester, no Reino Unido, viveu por apenas alguns dias o filhote Motty. Há mais de 40 anos, este é o único híbrido conhecido pela ciência que nasceu a partir do cruzamento de duas espécies diferentes de elefantes, o elefante-africano (Loxodonta africana) e o elefante-asiático (Elephas maximus).
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Apesar da vida bastante curta do único híbrido de elefante fruto do cruzamento de interespécies do mundo — menos de duas semanas —, o Motty garantiu o seu lugar no Guinness World Records. Até hoje, ele preserva o título de “elefante mais raro”.
Como nasceu o híbrido?
Se as duas espécies de elefantes vivessem em seus respectivos habitats, o cruzamento que gerou o híbrido Motty seria impossível. Afinal, o pai foi um elefante-africano (ou elefante-da-savana) conhecido como Jumbolino, enquanto a mãe Sheba era da espécie dos elefantes-asiáticos. Como os nomes já indicam, eles ocupariam continentes diferentes.
Entre as diferenças físicas, o elefante da África é conhecido pela altura média de 3,2 m, além de ter orelhas maiores e a pele mais enrugada. Enquanto isso, a espécie da Ásia é menor, com 2,8 m, e bem mais leve.
Mesmo em cativeiro, a possibilidade do cruzamento interespécies não era conhecida ainda. Só que, quando a gravidez acidental de Sheba foi confirmada, não havia dúvidas de quem era o pai, já que Jumbolino era o único macho no recinto. Posteriormente, análises do tecido de Motty confirmaram a cruza, até então, inédita.
Cruzamento entre espécies diferentes
Aqui, vale dizer que embora os pais sejam elefantes, eles são tanto de espécies quanto de gêneros diferentes — e estão distantes na árvore genética. Por outro lado, os pais compartilham o mesmo número de cromossomos. Em tese, isso significa que, o pequeno filhote de elefante poderia ser fértil, se tivesse chegado a até a idade adulta.
A breve história de Motty
Quando nasceu, no dia 11 de julho de 1978, o elefante híbrido tinha características das duas espécies. Por exemplo, o formato da cabeça e das orelhas remetia ao elefante-africano, enquanto as patas tinham elementos comuns dos elefantes-asiáticos.
Apesar das particularidades do pequeno elefante, ele nasceu prematuro. Com o organismo debilitado, foi infectado por uma forma grave da infecção causada pela bactéria Escherichia coli, o que provocou um quadro de enterocolite necrosante e septicemia fatal. Após a sua morte, o animal foi preservado e integra o acervo do Museu de História Natural de Londres.
Mais híbridos na natureza
No mundo animal, existem inúmeros casos de animais híbridos, como a junção entre uma raposa e um cachorro, identificada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Brasil.
Ainda existem registros de diferentes espécies de macacos que cruzam entre si. Diretamente de um parque aquático dos EUA, foi identificado o primeiro “orfinho”, criatura nascida entre o cruzamento de uma falsa-orca e um golfinho.
Híbrido de mamute com elefante
Se depender de cientistas norte-americanos e israelenses, um novo tipo de elefante híbrido pode nascer, dessa vez, em laboratório nos próximos anos. Sem qualquer relação sexual, este grupo de pesquisa usa tecnologias de engenharia genética para criar um animal que mistura características do extinto mamute-lanoso (Mammuthus primigenius) com o elefante-asiático. O projeto pode desencadear a volta dos “mamutes” ao planeta.
Fonte: Guinness World Records, NYT e IFL Science