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IA vai decifrar "livro perdido" sobre sucessores de Alexandre, o Grande

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Fevereiro de 2023 às 15h17

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Berthold Werner/Domínio Público
Berthold Werner/Domínio Público

Um livro de 2.000 anos, parcialmente destruído pela erupção do Monte Vesúvio, em 79 d.C., está sendo decifrado por uma inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina, como instruído por cientistas. O pergaminho trata das dinastias helênicas que se sucederam a Alexandre, O Grande, líder Macedônico que conquistou a maior parte do mundo antigo como o conhecíamos e morreu sem deixar herdeiros.

O trabalho é considerado, de forma geral, "perdido", já que foi extremamente danificado pela força piroclástica do vulcão, e muito pouco pode ser lido nos dias de hoje. Permanecendo em Herculano, cidade atingida junto a Pompeia na fatídica erupção, o texto acabou nas mãos de Napoleão Bonaparte alguns séculos depois, e hoje está com pesquisadores franceses.

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O que há no texto carbonizado

Na parte ainda preservada do texto, é possível ler os nomes de macedônios e generais de Alexandre, além de menções do próprio, morto em 323 a.C., em decorrência de uma febre. Após o óbito, o império foi dividido entre seus comandantes. Alguns dos generais mencionados são Seleuco, que ficou com grandes territórios no Oriente Médio, e Cassandro, que governou a Grécia após Alexandre.

O local que abrigava a obra era, especificamente, a Vila dos Papiros de Herculano, casa de inúmeros pergaminhos, incluindo diversos escritos do filósofo Filodemo. Os restos preservados acabaram nas mãos do imperador francês Napoleão em 1804, que os doou para o Institut de France de Paris, onde está até hoje. Em 1986, uma tentativa de abrir o papiro acabou causando ainda mais danos ao material.

Com aprendizado de máquina, os cientistas estão ensinando uma IA a detectar tinta em papiros, apresentando diversos pergaminhos antigos escaneados com tomografia computadorizada. Com centenas de raios-x, é possível criar imagens digitais em 3D, ensinando seus padrões à máquina. Os pergaminhos ainda contêm escritas visíveis, facilitando o trabalho de encontrar a tinta e apontá-la à IA. A cada iteração do trabalho, dizem os pesquisadores, é possível decifrar um pouco mais dos fragmentos.

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Mas ainda há muitos mistérios a serem solucionados sobre o antigo trabalho. Ainda não sabemos quem é o autor, por exemplo — a maioria dos textos da Vila é de Filodemo, mas ele escrevia sobre filosofia, e não história. É possível que o papiro tenha sido pego emprestado e nunca devolvido, e era consultado como fonte pelo filósofo para escrever sua obra Do Bom Rei de acordo com Homero, na qual compara os reis que sucederam Alexandre com os anteriores, mostrando como os seguintes seriam ruins, de seu ponto de vista.

O mecenas de Filodemo era um governador romano da Macedônia chamado Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino, e o filósofo estava, provavelmente, mostrando ao patrão um bom exemplo de bons governantes através da obra de Homero, uma maneira de ajudar o governador a liderar melhor do que os helênicos que se sucederam a Alexandre.

Fonte: LiveScience