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Genoma completo de homem morto em Pompeia é sequenciado pela primeira vez

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Maio de 2022 às 09h27

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Gabriele Scorrano et.al/Scientific Reports
Gabriele Scorrano et.al/Scientific Reports

Pela primeira vez na história da arqueologia e da genética, cientistas conseguiram sequenciar o genoma completo de um indivíduo que morreu em Pompeia, na fatídica erupção do Monte Vesúvio, na atual Itália, em 79 d.C. Até o momento, havia sido possível sequenciar apenas alguns trechos de DNA mitocondrial de humanos e animais do local.

O indivíduo em questão era um homem, que morreu quando tinha entre 35 e 40 anos de idade e cujos restos estavam na Casa do Artesão, localizada no sítio arqueológico de Pompeia. Uma mulher, que estima-se ter morrido após seus 50 anos, também estava no local e teve o DNA sequenciado, mas não foi possível obter o genoma completo devido a lacunas nas sequências genéticas.

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Quem era o cidadão?

Com o genoma completo em mãos, os cientistas compararam o DNA do indivíduo com outros mil habitantes do mundo antigo e 471 pessoas modernas da Europa e Ásia Central. Foram encontradas mais semelhanças entre os italianos atuais e o homem do que entre ele e os romanos da era imperial, seus contemporâneos.

Estudando o cromossomo Y e o DNA mitocondrial, descobriu-se que o sujeito tem grupos de genes da ilha da Sardenha e não da Itália continental, sendo um possível indício de uma alta diversidade genética na população do Império Romano na época da erupção do Vesúvio.

Algumas lesões foram encontradas em uma das vértebras do homem, além de bactérias Mycobacterium, grupo ao qual o microorganismo que causa a tuberculose pertence (Mycobacterium tuberculosis). O sujeito provavelmente contraiu a doença em algum momento anterior à sua morte, apressada pela lava e cinzas do cataclismo de Pompeia.

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Analisar artefatos de pompeia através de genética e bioarqueologia é uma tarefa difícil, dizem os cientistas, já que a exposição dos restos humanos a altas temperaturas acaba destruindo a matriz óssea, alterando sua estrutura e diminuindo a qualidade e quantidade do DNA presente, deixando pouco coisa a ser recuperada para estudo.

No caso do homem sequenciado, no entanto, o vulcão acabou ajudando: seu material genético se manteve viável por conta de fragmentos vulcânicos liberados durante a erupção, ou seja, seu DNA foi protegido por resíduos piroclásticos e não sofreu degradação ambiental, que pode ser causada, entre outras coisas, pelo próprio oxigênio da atmosfera. O estudo foi publicado no periódico Scientific Reports, da Nature.

Fonte: Scientific Reports