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Escavação submarina recupera cabeça da famosa estátua de Hércules

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Julho de 2022 às 12h00

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Nikos Giannoulakis/S.S.A.G./H.M.C.S.
Nikos Giannoulakis/S.S.A.G./H.M.C.S.

Arqueólogos recuperaram a cabeça de uma estátua de Hércules do sítio arquelógico submarino de Anticítera, local na ilha grega de mesmo nome que vem dando muitos tesouros do mundo antigo à ciência desde sua descoberta. A escavação do item em questão começou no dia 23 de maio e foi até 15 de junho, trazendo a cabeça de mármore datada de cerca de 2.000 anos atrás.

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O naufrágio de Anticítera, como é chamado, já rendeu descobertas que vão desde estátuas de mármore, dentes humanos, pregos de bronze e de ferro e o próprio corpo da estátua de Hércules. A escavação atual representa a segunda temporada de um programa de cinco anos, liderado pela Escola Suíça de Arqueologia na Grécia, que continua o trabalho iniciado em 1900 por mergulhadores gregos.

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Naufrágios, esponjas e estátuas

O sítio arqueológico submarino de Anticítera foi descoberto no início do século XX por mergulhadores gregos que coletavam esponjas no fundo do mar: entre a Grécia continental e a ilha de Creta, o nome do local tem o significado literal de anti-Citera, ou seja, fica de frente à ilha de Citera. Inicialmente, os nadadores acharam ter encontrado corpos no mar, até notarem que se tratavam de estátuas.

Lorenz E. Baumer, arqueólogo da Universidade de Genebra e um dos principais pesquisadores do projeto, comenta que 2.000 anos parece muito, mas não é tanto em termos de gerações: considerando que elas tenham 25 anos cada, temos 80 gerações até o naufrágio em questão. Para a arqueologia, isso é "ontem".

Desde o achado, o sítio arqueológico vem nos presenteando com conhecimentos acerca da história, economia, tecnologia e arte romanas. Entre os itens mais curiosos, há a Máquina de Anticítera, um aparelho que se especula ter sido usado para navegação e astronomia e é chamado de "primeiro computador da história" por alguns pesquisadores.

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Recuperar os objetos tem sido, com o perdão do trocadilho, uma tarefa hercúlea. Um terremoto próximo à época do naufrágio escondeu a maior parte de seu conteúdo sob 8,5 toneladas de pedra, que, apesar de tudo, acabaram ajudando a preservar o conteúdo. A equipe utilizou balões de ar pressurizado e cordas para remover os detritos e expor os itens arqueológicos do sítio.

A cabeça de Hércules em questão foi esculpida como uma cabeça masculina barbada, coberta por depósitos marinhos, e tem duas vezes o tamanho de um humano comum. Seu corpo havia sido encontrado em 1900, e está em exposição no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas sob o nome de "Héracles de Anticítera" — Héracles é o nome grego do semideus da força, Hércules sendo seu nome romano.

Quatro horas antes do achado, Baumer havia deixado o sítio para ir até Atenas: ele e um colega pararam o carro no meio do caminho para ver fotos da estátua quando souberam da descoberta. Além de ser incrível por si só, ela também ajuda a entender melhor a disposição do naufrágio, já que, quando o corpo foi encontrado, seu local não foi documentado, deixando os arqueólogos no escuro.

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Agora, um mapeamento 3D está sendo feito para documentar digitalmente o sítio arqueológico: há muita colaboração envolvida no projeto. A fabricante de relógios suíça Hublot fabricou o sistema de balões para o trabalho, que deve ser substituído por robôs, que devem liberar os mergulhadores para trabalhos analíticos nos achados.

Para o futuro, se espera descobrir mais sobre a tripulação e o próprio navio naufragado, como o tipo de embarcação e a provável rota que fazia. Saber como era a vida sobre um convés de 60 a.C. pode dizer muito sobre a condição econômica e social de seu tempo. Pelo tamanho das tábuas recuperadas, já é possível saber que era um navio grande.

Em 1900, os mergulhadores encontraram seis braços de bronze e um pedaço da Máquina de Anticítera; em 2017, mais um braço e o restante do mecanismo foram encontrados. Até o final do projeto, em 2025, a equipe espera encontrar muito mais, publicando tudo em um artigo chamado "Retorno à Anticítera". Quem sabe quantos semideuses a mais podem estar descansando no fundo do mar grego?

Fonte: The New York Times