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Crânio encontrado na China pertence a espécie desconhecida de humano

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Agosto de 2023 às 15h27

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S Díaz-Navarro et al. 2022, Scientific Reports
S Díaz-Navarro et al. 2022, Scientific Reports

Análises feitas em esqueleto de hominínio encontrado na China indicam que os cientistas estão diante de uma nova espécie humana nunca descrita — é o fóssil de um antigo parente que não se encaixa na linhagem neandertal e nem na denisovana, as mais próximas à nossa. Os restos são compostos por mandíbula, crânio e ossos da perna, achados em Hualongdond, no leste asiático, em 2019. O espécime foi nomeado, provisoriamente, como HLD6.

Desde que o esqueleto foi encontrado, as pesquisas sofreram para encaixar o antigo hominídeo em uma classificação conhecida. Seu rosto tem uma estrutura próxima à dos humanos modernos, que se ramificaram a partir do Homo erectus há cerca de 750.000 anos. A falta de queixo, no entanto, é mais próxima à de um denisovano, espécie humana extinta que vivia na Ásia e se separou dos neandertais há cerca de 400.000 anos.

O trabalho foi iniciado por pesquisadores da Academia Chinesa de ciências, e, em conjunto com a Universidade de Xi’an Jiaotong, Universidade de York e do Centro Nacional de Evolução Humana da Espanha, concluiu-se que foi descoberta uma nova linhagem humana, um híbrido entre a ramificação que gerou o Homo sapiens e o que trouxe outro hominínios, como os denisovanos.

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Lembrando que os hominínios (Hominini) são definidos como primatas da família Hominidae, incluindo os chimpanzés (gênero Pan) e humanos (gênero Homo) e os antepassados já extintos de ambos.

Fósseis chineses e humanos desconhecidos

Muitos fósseis de hominínios do Pleistoceno (de 2,5 milhões a 11,7 mil anos atrás) encontrados na China não encaixaram facilmente em uma só linhagem humana conhecida. Esses restos, então, sempre foram considerados como variações intermediárias das espécies que já conhecemos. A exemplo, temos um fóssil de 14 mil anos que pode ser de H. sapiens, mas com variações inexplicadas.

Vale ressaltar que a evolução não é um caminho reto e perfeito, sem ramificações “perdidas” — é comum que árvores evolutivas tenham caminhos sem saída, com espécies que se extinguiram para todos os lados. Nós, humanos, somos um grande exemplo disso.

Os hominínios variantes da China geralmente foram considerados versões arcaicas de Homo sapiens ou avançadas de Homo erectus, por exemplo. Mas e se fosse outra? A abordagem linear e simplista de considerar variantes apenas como intermediários, pelas questões evolutivas já citadas, é controversa. Embora os H. erectus tenham sobrevivido na Indonésia até cerca de 100.000 anos atrás, os restos encontrados em Hualongdong lembram linhagens mais modernas.

Além disso, estudos do genoma de neandertais da Europa e oeste asiático mostraram evidências de uma quarta linhagem de hominínios, que teria vivido em meados e final do Pleistoceno. A questão é que fósseis dessa misteriosa linhagem humana nunca haviam sido encontrados. Os restos chineses da mandíbula e crânio pertenciam a alguém que morreu aos 12 ou 13 anos, e, embora o rosto seja bem “humano”, os membros, topo do crânio e mandíbula possuem traços mais primitivos, segundo os pesquisadores.

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Esse achado deixa o caminho evolutivo até os humanos modernos um pouco mais complicado, com o mosaico de características físicas da nova espécie indicando a coexistência de 3 linhagens humanas na Ásia. Assim, teríamos descendentes de H. erectus vivendo com denisovanos e com a nova espécie (descrita como “filogeneticamente próxima à nossa”) no mesmo local e período da pré-história — restos de uma possível menina denisovana, por exemplo, já foram encontrados no Laos.

Os Homo sapiens só apareceram na China em cerca de 120.000 anos atrás, mas algumas das nossas características, aparentemente, já se faziam presentes no território. É possível que o último ancestral comum entre H. sapiens e os neandertais tenha surgido no sudoeste da Ásia e se espalhado para outros continentes — mas, para ter certeza disso, mais pesquisas arqueológicas serão necessárias.

Fonte: Nature, Journal of Human Evolution