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Cientistas descobrem arma do crime em massacre de 5.000 anos

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Zde/CC-BY-4.0
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Em um experimento que pode ser chamado sem reservas de CSI: Neolítico, cientistas identificaram a arma do crime de 34 assassinatos em uma caverna da Alemanha ocorridos há 5.000 anos, além de outro assassinato na Espanha em um período semelhante. Para isso, foram construídos e golpeados diversos crânios falsos, utilizando armas e ferramentas comuns ao período neolítico, e observando os padrões de trauma craniano causados por cada golpe.

Os pesquisadores descrevem como, nas sociedades neolíticas da Europa, crises esporádicas acabavam se intensificando e gerando conflitos violentos, com ataques físicos ocorrendo entre grupos e também internamente, com uso abundante de machadinhas de pedra e enxós — uma ferramenta usada para lascar madeira semelhante a uma pequena enxada.

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Crimes famosos do neolítico

Um dos eventos violentos mais conhecidos da Idade da Pedra é o massacre de Talheim, quando 34 ancestrais dos alemães tiveram seus crânios esmagados, e o indivíduo de Cova Foradada, na Espanha, que também sofreu um traumatismo mortal há milhares de anos. É óbvio, ao olhar os restos mortais dessas pessoas, que ela foram golpeadas por objetos contundentes no crânio, mas o objeto específico não era conhecido.

Reconstruir os eventos e descobrir a arma dos crimes seria, então, um desafio arqueológico singular, que cientistas do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana estavam dispostos a encarar. Eles criaram, então, 7 crânios artificiais feitos de poliuretano e cobertos por pele de borracha, preenchidos com gelatina balística para simular o cérebro. Em seguida, golpearam as "cobaias" com machados e enxós, anotando com precisão as contusões produzidas.

O guerreiro da ciência escolhido para acertar os crânios foi Miguel Ángel Moreno-Ibáñez, com 1,76 m de altura, que golpeou cada artefato de diferentes ângulos e alturas, importante para reproduzir os padrões possíveis por cada ferramenta. Apesar das armas utilizadas serem bem parecidas, cada uma causa padrões de fratura diferentes.

Uma machadinha, por exemplo, causa fraturas simétricas ovais ou em formato de gota, com o ponto de impacto ficando no centro. Já um enxó, na maioria das vezes, apresenta um ponto de impacto reto, com um dos lados sendo convexo. Nos experimentos, também foi possível notar que acertar o crânio a partir de uma altura maior aumenta as chances da ferramenta penetrar até o cérebro, sugerindo que atacantes mais altos conseguiam causar mais dano.

A partir dos testes, determinou-se que as vítimas de Talheim e o azarado sujeito de Cova Foradada foram muito provavelmente mortos com um enxó ao invés de uma machadinha. O espanhol, inclusive, foi provavelmente golpeado pelas costas, o que também sugere uma execução ao invés de um conflito armado como teria ocorrido na Alemanha do neolítico. Um trabalho detetivesco nada mau para um crime de 5.000 anos, não é mesmo?

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Fonte: Journal of Archaeological Science