Achado arqueológico de 40.000 anos revoluciona linha do tempo da civilização
Por Lillian Sibila Dala Costa |

O encontro de ferramentas de pedra de 40.000 anos no sudeste da Ásia pode revolucionar a história da tecnologia e da migração humana para diversas partes do mundo. As conclusões tiradas pelos cientistas significam que os povos da região teriam se tornado mestres dos mares antes dos europeus ou africanos.
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Os responsáveis pela pesquisa, da Universidade Ateneo de Manila, publicaram suas conclusões no periódico científico Journal of Archaeological Science. Ela envolve o estudo da proliferação da humanidade pelas ilhas do sudeste asiático, que foram habitadas há milhares de anos. Como os humanos teriam chegado até lá?
Essa era uma pergunta sem resposta: teriam sido necessários avanços tecnológicos na navegação além do que era considerado provável no Paleolítico (Idade da Pedra Polida). Agora, o achado de ferramentas de pedra nas Filipinas, Indonésia e Timor Leste podem ter respondido a questão.
Navegação antiga no leste asiático
Provar que uma população do passado navegava é complicado, já que as fibras orgânicas das madeiras e fibras usadas em embarcações antigas quase nunca sobrevivem ao tempo. O que ajudou no estudo em questão foi a permanência de ferramentas de pedra: os objetos eram destinados à extração de fibras para fabricação de cordas, redes e amarras para a construção de barcos e pesca em mar aberto.
Também foram encontrados anzóis, iscas, pesos de redes e restos de peixes de águas profundas, como atum e tubarões. Segundo os autores, os restos de “grandes peixes predatórios pelágicos” mostra a capacidade de navegação avançada e conhecimento da sazonalidade e rotas de migração das espécies em questão.
Para pescá-los, teriam de ter sido usadas cordas fortes e linhas de pesca robustas. Os antigos marinheiros provavelmente usaram materiais orgânicos, como madeira, amarrados por cordas feitas de fibra vegetal. As mesmas cordas teriam sido usadas para as redes.
Fósseis e artefatos já foram encontrados em diversas ilhas do sudeste asiático, mas, anteriormente, cientistas consideravam que as migrações pré-históricas da região teriam sido feitas de forma passiva, com povos à deriva no mar em jangadas de bambu.
Com o achado, a perspectiva muda: eles teriam sido navegadores habilidosos, equipados com tecnologia e conhecimento para se aventurar pelo mar.
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