Review MIUI 13 | uma linda interface que ainda precisa de melhorias
Por Bruno Bertonzin • Editado por Léo Müller
A MIUI — interface de celulares da Xiaomi — é bastante controversa por ser repleta de funcionalidades. Enquanto muitos a elogiam pela quantidade de recurso interessantes que traz, outros preferem passar longe dela, por “copiar” tanto o iOS e ter alguns aspectos muito irritantes em suas configurações.
- Review Realme UI 2.0 | Uma interface limpa e muito atrativa
- Review iOS 15 | uma bela interface, mas com pontos a melhorar
Mas é inegável que o visual da skin chinesa é agradável e, a cada versão, conta com mais novidades — algumas até antes mesmo de serem inauguradas oficialmente no Android.
Mas será que vale a pena comprar um celular da Xiaomi e usar o sistema operacional no dia-a-dia? Para quem está migrando de outra marca ou até mesmo vindo de um iPhone, a interface é intuitiva e fácil de usar?
Nessa análise, levanto os principais pontos da MIUI 13 e mostro os recursos mais interessantes, bem como, é claro, os pontos negativos nela. É importante destacar, porém, que nem todas as funções são novidades da MIUI 13, mas podem ser herdadas de versões anteriores do software.
Personalização
O fato de a MIUI ser tão personalizável é outro atrativo da interface. Para quem costuma cansar rápido do visual do aparelho, isso é um ponto extremamente Positivo e que faz falta no iOS ou em aparelhos Android como Motorola ou Realme.
Os smartphones da Xiaomi contam com uma loja de temas nativa que inclui uma variedade enorme de papéis de parede, fontes, pacotes de ícones, temas e até toques para alertas e sons do sistema.
Algumas opções de temas também permitem que os menus fiquem com um aspecto transparente, com um papel de parede dedicado, que não necessariamente é o mesmo definido pelo usuário. Portanto, não vá estranhar, por exemplo, se o Centro de Controle tiver uma imagem de fundo e o celular, no geral, tiver outro.
Uma vantagem da loja de temas da MIUI é que boa parte das opções disponíveis é gratuita. Enquanto isso, se você quiser achar um tema bom e gratuito na One UI, por exemplo, você precisará ter bastante paciência para procurar.
Além das customizações disponíveis na loja de temas, o usuário também pode alterar a quantidade de apps que aparecem na tela inicial, no menu de aplicativos ou até mesmo a orientação da tela de aplicativos recentes, que pode mostrar tudo na vertical ou horizontal.
Design da interface
Aparência é sempre uma questão de gosto, e isso pode ser bem questionável, mas a MIUI tem uma interface que promete conquistar bastante pela beleza. Bem parecida com o iOS em alguns aspectos, a skin conta com ícones elegantes e menus bem simples e intuitivos.
Assim como nos celulares da Apple, a Xiaomi divide a área de notificações da parte em que encontramos os acessos a configurações rápidas, como as chaves para Bluetooth, Wi-Fi, rede móvel ou lanterna. “Coincidentemente”, essa seção é chamada de Centro de Controle — mesmo nome adotado pela Apple.
Ela permite encontrar de forma mais rápida e simples algumas definições, sem misturar com mensagens ou alertas recebidos. Neste aspecto, a interface da Xiaomi leva uma boa vantagem em relação aos concorrentes, como a One UI da Samsung, a MyUx da Motorola ou a Realme UI.
Essa divisão é bem simples e intuitiva, e a interface ainda “ensina” você como usá-la a primeira vez que é ativada: para abrir as notificações basta deslizar de cima para baixo no canto esquerdo, enquanto o lado direito dá o acesso ao Centro de Controle.
Nessa tela, além dos atalhos rápidos de configurações, é possível encontrar os controles de dispositivos de casa conectada.
Aqui, mais uma vantagem em relação à Samsung: nos celulares da sul-coreana, é preciso abaixar a tela de notificações e depois clicar em “aparelhos” para ter a lista de aparelhos inteligentes. Na MIUI, basta deslizar uma vez para baixo para ter um controle total.
Assim como outras marcas, a chinesa também dá ao usuário a opção de escolher se quer utilizar uma gaveta de aplicativos ou se prefere espalhá-los direto na tela inicial — este último igual ao iPhone. Caso escolha usar o menu, ele terá uma navegação vertical e isso acaba sendo mais prático para achar os aplicativos na lista.
Segurança e privacidade
A MIUI segue basicamente os padrões de segurança e privacidade nativos do Android, sem grandes modificações. Isso quer dizer que a interface oferece o mesmo que a maioria das concorrentes, mas fica atrás da Samsung, que tem o Knox como camada de proteção extra.
Na maioria dos aparelhos, o sistema operacional oferece várias opções de biometria, como desbloqueio facial ou por impressão digital — este último o mais seguro.
Há também uma opção para manter o dispositivo desbloqueado sempre que estiver ao alcance de um dispositivo Bluetooth, como um smartwatch. No entanto, a função é compatível apenas com vestíveis da Xiaomi.
No entanto, algo que a Xiaomi alega ser por segurança, mas acaba sendo um pouco irritante — principalmente se você já está acostumado com a interface — são os timers de confirmação presentes no aparelho.
Com eles, antes confirmar qualquer configuração mais importante — como definir uma senha de bloqueio pela primeira vez ou tentar formatar o celular — você precisa aguardar de 10 a 15 segundos antes de apertar em “Ok”.
Isso, na teoria, é para garantir que o usuário leia bem o aviso na tela. Na prática, entretanto, acaba sendo bem chato, principalmente se você já sabe o que está fazendo.
Apps, recursos e diferenciais
Se em segurança e privacidade a MIUI é bem padrão e segue basicamente as mesmas funções do Android nativo, o mesmo não acontece com os recursos específicos da interface. A skin chinesa possui alguns diferenciais interessantes, que garante a fidelidade dos fãs.
Ainda assim, certas coisas podem incomodar um pouco os usuários. A quantidade de aplicativos pré-instalados é uma delas. Isso varia bastante de acordo com o modelo, mas não é incomum que os aparelhos já cheguem de fábrica com TikTok, Facebook, Spotify, Netflix, PUBG Mobile, WPS Office, LinkedIn, AliExpress, Amazon Shopping e outras aplicações já carregadas na interface.
Também é válido destacar que, apesar de receber atualizações com bastante frequência — isso é, em modelos mais avançados e recentes — a MIUI também pode causar algum incômodo pós-update. Isso pode incluir falhas em aplicativos, bugs gerais no sistema e até mesmo uma queda significativa na performance da bateria com o passar do tempo.
Ainda assim, seus diferenciais e recursos exclusivos são bem agradáveis. Confira os principais:
Super Wallpapers
Os Super Wallpapers — ou Super Planos de Fundo — são novidades da MIUI 12 e dão um tom bem mais agradável para a tela de bloqueio e para o papel de parede dos celulares da marca.
Com eles, é possível definir uma imagem com movimento para a tela bloqueada e para a área principal. Dessa forma, ao desbloquear o telefone ocorre uma animação com o wallpaper.
Normalmente, as opções são de planetas — como Terra, Marte ou Saturno — e a foto da tela de bloqueio mostra uma visão geral do globo e, quando desbloqueada, a imagem foca em uma região específica.
É importante frisar, porém, que esse recurso não está disponível em todos os aparelhos e a Xiaomi reserva o funcionamento apenas em modelos topo de linha ou intermediários mais premium.
Mi Remote
O Mi Remote é o aplicativo nativo de controle remoto da chinesa e está disponível em todos os celulares que contam com um sensor infravermelho integrado. Dessa forma, é possível controlar praticamente qualquer TV, aparelho de som, ar-condicionado ou outros eletrônicos, desde que eles sejam comandados por um controle IR.
Lanterna
Qualquer smartphone hoje em dia já tem uma lanterna e isso não é nenhuma novidade ou algo para ser considerado um ótimo recurso. No entanto, o diferencial da MIUI — e o que eu sinto falta quando uso outro celular — é a opção de desligá-la pela tecla power, sem precisar desbloquear o aparelho.
Em outros aparelhos, só é possível acender e apagar pelo ícone na barra de notificações. Dessa forma, se quiser apagá-la, é necessário desbloquear o telefone e ir para seu atalho na barra. Já na MIUI, basta pressionar duas vezes a tecla power — com um certo intervalo entre cada toque — para desativar a luz.
Segundo Espaço
O Segundo Espaço funciona como um novo “usuário” nos celulares da Xiaomi. Com ele é possível, por exemplo, separar todos os arquivos e aplicativos de uma conta profissional de uma para uso pessoal.
Dessa forma, dados confidenciais ou de trabalho — bem como contas de mensageiros ou redes sociais — não ficam misturados com os assuntos pessoais e dá mais liberdade para o usuário quando ele não quiser ser incomodado com assuntos profissionais.
O Segundo Espaço e a área principal são separadas totalmente e o usuário define duas senhas exclusivas para acesso a cada uma. Também é possível definir impressões digitais diferentes para cada área.
Acessibilidade
Em acessibilidade, a MIUI não traz nenhuma funcionalidade diferente do que já é visto em outros celulares Android. De qualquer forma, a interface não decepciona nem um pouco neste aspecto. Os aparelhos da Xiaomi contam com diversos recursos para melhorar a experiência de usuários com dificuldades visuais, auditivas ou físicas.
Há ainda uma opção para inserir um menu de acessibilidade em qualquer tela. Dessa forma, ao clicar em seu ícone, o usuário tem acesso a uma série de opções, como o Google Assistente, tela de apps recentes, tela de bloqueio ou ligar e desligar o aparelho.
MIUI 13: uma interface linda, mas com algumas melhorias necessárias
A MIUI 13 é uma interface com recursos visuais muito agradáveis. O fato de ela ser tão personalizável torna ela muito atrativa para quem gosta de mudar o design do sistema operacional com frequência.
Seus recursos exclusivos — como o Centro de Controle, os Super Wallpapers e o Segundo Espaço — a tornam ainda mais ímpar e interessante para quem quer fugir do “Android padrão”.
No entanto, há algumas melhorias significativas para serem feitas na interface. A cada atualização é bem visível o número de usuários que reclamam de falhas gerais no sistema operacional. Além disso, a MIUI fica a cada update um pouco mais incapaz de fazer um bom gerenciamento de energia para evitar uma descarga rápida.
Com essas melhorias, no entanto, a interface pode ganhar ainda mais adeptos em futuras atualizações, mas é uma questão de ver se a chinesa irá ou não melhorar a skin.