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Análise | Novo HB20 tem visual polêmico, mas é o mais eficiente do segmento

Por| Editado por Jones Oliveira | 05 de Fevereiro de 2020 às 09h37

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Matheus Argentoni/ Canaltech
Matheus Argentoni/ Canaltech

Toda mudança de geração é algo complicado, não importa o segmento. Pode ser nos games, ou em smartphones... mudanças bruscas sempre causam impactos e eles nem sempre são positivos. O produto que testamos para o Canaltech na última semana é o que podemos chamar de controverso, ou capaz de causar as mais diferentes sensações nos consumidores.

Quando anunciado em 2012, o Hyundai HB20 foi considerado uma revolução em termos de design e posicionamento, uma vez que os compactos sempre eram carros "pelados" e com uma enorme quantidade de opcionais. Desde então, o modelo, que foi o primeiro popular da montadora sul-coreana no Brasil, é sucesso absoluto de vendas e rivalizou durante anos com o Chevrolet Onix e o Ford Ka como os compactos mais vendidos do país.

Em 2019, com chegada da nova geração do Onix e com o upgrade de motorização e transmissão do Ford Ka, o mercado esperava pela mudança completa do HB20, que desde o lançamento passou apenas por pequenas restilizações e atualizações na gama de itens — agora ela finalmente veio. Seguindo uma tendência do setor, a Hyundai modernizou o motor topo de linha do carro lançando uma versão ajustada do competentíssimo 1.0 Turbo TGDI, que se mostrou o mais competente compacto do momento nessa configuração.

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Itens de segurança e de entretenimento também foram completamente atualizados, bem como o acabamento e o design internos. Mas algo que realmente chamou a atenção e que está afetando o desempenho do veículo no mercado é seu design externo. Amado por uns, odiado por outros, o novo HB20, tanto em sua versão hatch quanto na sedã, está dando o que falar quanto à aparência e isso está ofuscando o produto excelente que ele é.

Claro que, como análise para o Canaltech, o nosso foco sempre será no que o produto tem a oferecer sob o aspecto tecnológico e de desempenho, mas, mesmo quando vamos comprar um celular ou um computador, também levamos em conta o design, e a gritante mudança do HB20 não pode ser ignorada.

Com isso em mente, vamos ao que interessa.

Turbinado

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O motor 1.0 Turbo que equipa o novo HB20 não é necessariamente uma novidade. Ele já apareceu em uma versão do carro conhecida como "HB20 Comfort Plus Turbo", que despejava, à época, 105cv com 15 kgf/m de torque. A repaginação do propulsor deixou o que era bom ainda melhor. Agora, com o motor Kappa 1.0 TGDI, que entrega 120cv de potência com um torque de 17,5 kgf/m, o carro ficou ainda mais esperto e eficiente, tanto na cidade quanto na estrada. Essa motorização está sempre acoplada a um câmbio automático de seis marchas, muito bem escalonado e ágil.

Seu diferencial, se tivermos como base o novo Onix, é que a injeção de combustível é direta, o que acabou tornando o veículo ainda mais ligeiro e responsivo, inclusive nas retomadas em alta velocidade. Diferente de outros concorrentes que apelaram para o downsizing, o novo HB20 consegue reagir um pouco mais rápido quando exigido em giros maiores, com o motor já "cheio". Isso é algo que nem o Volkswagen Polo, que é mais potente (128cv), consegue fazer. Claro, estamos falando de um carro mais leve, mas é algo que impressiona.

Nas subidas e situações corriqueiras de uso urbano, o HB20 mostra porque é o compacto mais eficiente do momento. Tudo é feito com muita facilidade e sem dificuldades, mesmo com o carro levando quatro ocupantes e bagagem.

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Sua dirigibilidade, marca registrada do antigo modelo, ficou ainda mais gostosa e eficiente. Apesar da suspensão mais "endurecida", não sentimos muitos solavancos quando andamos em ruas complicadas de São Paulo. As manobras em alta velocidade também são bem interessantes e seguras, muito embora o veículo não tenha tanto "chão", já que seu centro de gravidade é um pouco alto se compararmos com o modelo anterior e outros concorrentes.

Em termos de consumo, os nossos testes mostraram um desempenho muito bom. No etanol, ele chegou a marcar média de 8,9 km/l na cidade e 11 km/l na estrada. Estes números, claro, são superiores na gasolina, mas não tivemos tempo suficiente para testá-lo com esse combustível. A Hyundai diz, porém, que com a gasosa, o carro marca 11,8km/l na cidade e 14,2km/l na estrada.

Em termos de eficiência e desempenho, o novo HB20 mostrou ser o mais competente dos compactos que o Canaltech já testou, com uma evolução enorme de uma geração para a outra.

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Ficha Técnica

  • Kappa 1.0l Turbo GDI 12V DOHC D-CVVT Flex
  • Cilindrada: 998 cm³
  • Potência: 120 (E) | 120 (G) a 6.000 rpm
  • Torque: 17,5 kgf.m (E) | 17,5 kgf.m a 1.500 rpm
  • Taxa de compressão: 10.5

Evolução também nos equipamentos

Algo que chamou muito a atenção na nova geração do HB20 foi sua oferta de equipamentos. Claro, testamos a versão mais cara e completa da gama, a Diamond Plus, mas o veículo vem munido de itens que só víamos antigamente em modelos de categorias superiores.

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A versão topo de linha tem itens como ar-condicionado digital, chave presencial Smart Key, vidros elétricos dianteiros e traseiros com função one touch e antiesmagamento, acendimento automático dos faróis, piloto automático e limitador de velocidade. Além disso, conta com partida do motor por botão, alavancas no volante para trocas de marcha (Smart Shift), sistema Stop & Go de parada e partida automática do motor, e a nova central multimídia flutuante com tela touchscreen de 8 polegadas, que oferece conectividade com smartphones por meio do Apple Car Play e do Android Auto. Estão disponíveis para todas as versões a direção elétrica e o banco do motorista com ajuste de altura por alavanca.

Sobre o multimídia, a evolução é clara e notória. A Hyundai seguiu um padrão da indústria e elevou a tela para uma posição flutuante. Mas, ao contrário de outros modelos, ela ficou bem harmoniosa. O sistema em si é bem responsivo, mas a resolução deixa um pouco a desejar, sobretudo porque a tela é fosca.

Upgrade na segurança

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O novo HB20 também evoluiu no quesito segurança. Na versão Diamond Plus, o veículo dispõe de sistema de alerta e frenagem autônomo e alerta de mudança de faixa — itens únicos no segmento —, monitoramento de pressão dos pneus (TPMS) e câmera de ré com monitoramento da traseira. Este último item, porém, fica devendo no sistema gráfico, já que ele não acompanha o movimento das rodas como outros concorrentes.

A versão topo de linha também sai de fábrica com quatro airbags, sendo dois frontais e dois laterais de tórax, sistema completo de segurança ativa, com controles de estabilidade (ESP) e tração (TCS), assistente de partida em rampa (HAC) e sinalização de frenagem de emergência (ESS).

Na estrutura da carroceria do novo HB20, a participação de aço de alta resistência passou de 19% para 30% em todas as configurações. Essa melhoria contribui diretamente para a redução de peso e aumento da segurança em colisões. Todos os veículos ainda são equipados com fixação ISOFIX com top tether para cadeirinha de bebê, destravamento automático das portas em caso de acidente, cintos de segurança retráteis de três pontos (dianteiros e traseiros) e com pré-tensionador (dianteiros), apoios de cabeça dianteiros e traseiros com regulagem de altura (para todos os ocupantes), estrutura de deformação programada, barras de proteção lateral e coluna de direção colapsável.

Nos testes, impressionou bastante a capacidade do sistema de alerta e frenagem autônomo. Para ativá-lo, foi um pouco complicado, porque ao menor indício de que o condutor está no controle, ele não será ativado, então posicionamos o veículo em um lugar seguro para simular uma situação em que pudéssemos ficar "distraídos".

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Além do alerta sonoro, o sistema frena o HB20 com toques firmes e intermitentes, para evitar que o motorista e os passageiros eventualmente se lesionem na ação. É bom lembrar, claro, que este recurso não substitui a ação humana, portanto olho na estrada e atenção.

Sobre o outro recurso que foi acrescentado ao novo HB20, o alerta de mudança de faixa, o funcionamento se dá a partir dos 60km/h e ocorre com perfeição. Claro, ele apenas te avisa, com um sinal sonoro, que o carro está comendo a faixa, mas, ele só é ativado quando o condutor não liga a seta para fazer esse movimento, algo muito comum nas grandes cidades.

Acabamento e pormenores

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Se na estética externa o HB20 deixou todo mundo coçando a cabeça, o mesmo não pode ser dito por dentro, principalmente na versão Diamond Plus. O interior de todos os modelos foi completamente refeito e está mais moderno e harmonioso, com materiais que, para a categoria, estão dentro do esperado.

Na versão Diamond Plus, o novo HB20 adota um tom mais caramelo, o que dá um certo requinte, tanto no painel quanto nos bancos, que são inteiramente em couro. Há couro, também, nas portas e o apoio para o braço no console central é revestido em soft touch, o que nos causou surpresa.

Os botões de localização para as funções de segurança foram inteligentemente colocados na lateral esquerda do painel, com fácil acesso ao motorista. Nem tão inteligente assim foi o posicionamento dos botões do volante que, em algumas manobras, acaba esbarrando nos dedos e incomodando um pouco.

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O cluster, que exibe informações sobre velocidade e consumo, foi completamente reformulado e é digital. O estranho é que ele ficou muito parecido com o que vimos no Onix da geração passada e que, curiosamente, desapareceu na versão atual, que adotou o modo analógico mesmo — o que preferimos, diga-se.

Design externo

Ok, vamos falar um pouco sobre o design. A tentativa da Hyundai foi de aproximar seu carro mais popular da nova identidade visual da marca, que deve começar a aparecer no Brasil em breve. Mas, cá entre nós, um cuidado maior poderia ter sido tomado por aqui. Por ser um carro compacto, não há muito espaço para invenções e acreditamos que a montadora falhou em querer dar a carro um ar muito agressivo, coisa que o HB20 nunca foi.

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Design é questão de gosto? Sim, mas quando se desagrada tanto como este novo modelo o fez, é necessário que a empresa repense para o facelift, que deve acontecer somente em 2021. Para concluir este quesito, percebe-se que o design é falho ou controverso quando ele tira o destaque do produto em si, que é muito bom e competente.

Vale a pena?

Sim, vale. Apesar da falha em redesenhar seu principal produto no Brasil, a Hyundai consegue entregar aquele que é o compacto mais competente do mercado, já que ele possui um bom pacote de equipamentos, inovações tecnológicas e, o principal, excelente desempenho com economia.

Acostume-se com o visual do novo HB20 e tenha uma boa experiência com um carro competente, equipado e confiável.

O novo HB20 Diamond Plus, com todos os opcionais, é encontrado em todo o Brasil pelo preço sugerido de R$ 77.990.

Demais versões:

  • HB20 1.0 - a partir de R$ 46.490
  • HB20 1.6 - a partir de R$ 57.990
  • HB20 1.0 Turbo - a partir de 67.990
  • HB20X 1.6 - a partir de R$ 62.990
  • HB20S 1.0 - a partir de R$ 56.190
  • HB20S 1.6 - a partir de R$ 62.590
  • HB20S 1.0 Turbo - a partir de R$ 71.790

O HB20 Diamond Plus utilizado nesta análise foi gentilmente cedido ao Canaltech pela Hyundai do Brasil.