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Por que as marcas estão repensando planos de eletrificação dos carros?

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/ Volvo Cars
Divulgação/ Volvo Cars

As vendas de carros elétricos puros, os chamados BEVs, vêm crescendo exponencialmente ao redor do mundo, mas, curiosamente, algumas marcas estão “colocando o pé no freio” quando o assunto é a eletrificação total da frota.

O movimento antagônico já conta com algumas das principais fabricantes de carros, exceção feita, claro, às marcas chinesas. Afinal, elas ganharam notoriedade no mercado justamente pela larga vantagem que têm no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a eletrificação dos carros.

Até mesmo a União Europeia, que havia decretado uma data para a extinção completa dos carros a combustão em prol da adoção dos motores 100% elétricos, resolveu rever a decisão e estender o prazo para as montadoras se adaptarem às novas tecnologias na transição da frota.

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Por que as marcas estão repensando os planos de eletrificação total dos carros? Os discursos das montadoras que já admitiram mudanças na rota têm uma palavra em comum: hibridização. Essa, porém, não é a única razão.

Chevrolet iniciou “movimento híbrido”

A primeira marca a repensar os planos em relação à eletrificação foi justamente quem liderou o movimento em prol dos BEVs: a Chevrolet. Após descartar investir em tecnologias que não fossem totalmente elétricas, a fabricante alterou a rota.

A revelação partiu da própria Mary Barra, CEO da GM. Ela avisou aos acionistas do grupo, em fevereiro de 2024, que passaria a investir em carros com propulsores híbridos plug-in, exceção feita ao mercado dos Estados Unidos, “casa” da General Motors.

De acordo com a executiva, a GM desistiu do plano de fabricar apenas carros elétricos por uma série de razões, embora o plano original de descarbonização total da frota até 2035 “continue inalterado”.

O “movimento híbrido” reverberou em outras marcas importantes. Mercedes-Benz, Ford e Volvo também reviram seus planos de eletrificação pura da frota. Todas resolveram apostar na hibridização como “ponte” para adotar somente carros elétricos puros até o fim da década.

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“Vontade do cliente”, preço de revenda: o que as marcas alegam

Cada montadora tem motivos diferentes para "recalcular rota" e repensar seu plano de eletrificação da frota.

No caso da GM, Fabio Rua, vice-presidente de relações públicas, comunicação e ESG para a América Latina, atrelou a mudança de rumo à demanda do mercado. Segundo o executivo, “o cliente sinalizou” que espera ver um motor híbrido nos carros da Chevrolet e, por isso, “a partir de 2025, ele verá”.

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Martin Galdeano, presidente da Ford América do Sul, confidenciou ter uma visão semelhante. Em entrevista recente ao Canaltech, o executivo afirmou que “o poder de escolha é do cliente” e, por isso, a marca continuará investindo em todas as tecnologias.

Outro ponto que fez algumas marcas recuarem no plano de adotar apenas BEVs até o fim da década diz respeito à queda nos valores de revenda dos carros puramente elétricos. Até mesmo marcas premium, como Mercedes-Benz e a própria Tesla (que só vende carros elétricos) enfrentaram problemas com a alta retração nos preços desses modelos.

A baixa é causada pela preocupação dos consumidores com a deterioração das baterias e com a infraestrutura, que ainda é bastante precária no Brasil e em outros países menos desenvolvidos.

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Eletrificação total segue como foco

Apesar do desvio de rota, as montadoras garantem que não desistiram de eletrificar 100% dos carros em um futuro próximo. Mesmo que isso não ocorra até o término da década, em 2030, como previsto anteriormente.

À reportagem do Canaltech, a Volvo deixou clara sua posição.

“Nossos modelos elétricos e híbridos são hoje parte de um portfólio que claramente pavimenta nosso futuro 100% elétrico. Enquanto acreditamos fielmente que a eletrificação é o futuro, esta transição não será linear e seguiremos investindo na ampliação de nossa linha de produtos, tanto lançando novos 100% elétricos como aprimorando os existentes até a completa substituição a longo prazo”.
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A GM seguiu o mesmo tom no discurso e também assegurou que o “game plan” tem como objetivo final a eletrificação completa do portfólio da marca. “Nosso futuro é elétrico”, sintetizou Fabio Rua.