O que explica o fracasso do Novo Honda Civic no Brasil?
Por Paulo Amaral • Editado por Jones Oliveira |
Lançado em janeiro de 2023, pouco mais de um ano depois de deixar de ser fabricado no Brasil, o Novo Honda Civic chegou ao Brasil importando da Tailândia e apostando as fichas no motor híbrido para cumprir sua principal missão: derrubar o Toyota Corolla, líder incontestável entre os sedans médios mais vendidos do país.
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Testado pela reportagem do Canaltech, o sedan médio da Honda já mostrou que a 11ª geração do modelo pode ser considerada a melhor entre todas as fabricadas até então. Mesmo assim, passados 7 meses e meio da estreia, o Civic híbrido não emplacou como a marca queria.
Até hoje, segundo dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o Civic Hibrid registrou apenas 324 emplacamentos no ano. Os meses de junho e julho foram os piores, com somente 9 novos carros comercializados.
Para efeitos de comparação, o Toyota Corolla, sedan médio mais vendido do Brasil, conta com 23.664 unidades vendidas entre o dia 1º de janeiro e o dia 31 de julho. Apenas no último mês, o rival do Honda Civic emplacou 3.812 novos carros. Uma briga injusta, se levarmos em conta puramente os números, sem dúvida.
Analisando o cenário apenas pelo prisma matemático, duas perguntas vêm à tona de forma praticamente imediata:
- O Novo Honda Civic pode ser considerado um fracasso no Brasil?
- O que explica esse eventual fracasso do ótimo sedan japonês?
Honda Civic híbrido: o melhor de todos os tempos?
Antes de explicar, ou ao menos tentar, as razões pelas quais o Novo Honda Civic é considerado por alguns um fracasso no Brasil, temos a obrigação de pontuar tudo o que o carro oferece. E não é pouco.
O Civic híbrido foi projetado para unir design, conforto, tecnologia, desempenho e economia em um só produto. E pelo tempo que passou sob a avaliação do Canaltech, entregou praticamente tudo o que era esperado.
Em termos de conectividade e segurança, o Novo Honda Civic tem no pacote Honda Sensing um de seus destaques. O híbrido japonês oferece recursos interessantes de segurança ativa e auxílio à condução, tais como:
- alerta de colisão frontal com detecção de pedestres e ciclistas
- frenagem automática de emergência
- piloto automático adaptativo
- câmera de ponto cego no lado direito
- alerta de saída de faixa com correção
- centralizador de faixa
A cereja do bolo do Civic, porém, é o powertrain. Composto por um motor 2.0 aspirado de injeção direta, que entrega 143cv e 19,1 kgf/m de torque, e dois propulsores elétricos que, somados, entregam 184cv e 32,1 kgf/m de torque, ele é um show à parte. A bateria tem somente 1,05 kWh, mas os números mostram que não é preciso mais para impressionar o motorista.
Em termos de aceleração, o carro promete chegar do 0 absoluto aos 100 km/h em 7,8 segundos. O consumo, por sua vez, é elogiável. Nos testes com o Canaltech, o rival do Toyota Corolla alcançou médias com gasolina de 19,3 km/l em trajetos mistos cidade/estrada, 18,6 km/l no ciclo estritamente urbano e 16,4 km/l somente na estrada.
Novo Honda Civic é um fracasso? Por que?
Agora que já mostramos que o Novo Honda Civic pode ser o melhor de todos os tempos, vamos tentar responder às “perguntas do milhão”. Afinal, ele é realmente um fracasso? Por que isso acontece?
Se levarmos em conta pura e simplesmente o número de emplacamentos, não é errado afirmar que sim, o Novo Honda Civic é um fracasso no Brasil. Afinal, registrar somente 324 carros nos primeiros 7 meses do ano é um número muito baixo, especialmente quando se trata de um carro japonês, mundialmente famoso por ser confiável.
Vale lembrar que, em 2022, apenas entre janeiro e maio foram emplacadas 1.964 unidades da antiga geração do Civic, ainda com motor a combustão. Então, se ele é tão bom, por que vende tão pouco?
Motivo 1: faltam carros
Um dos motivos pelos quais o Civic não vende muito no Brasil é porque, simplesmente, não há carros suficientes disponíveis no mercado.
Segundo os colegas do Auto Esporte, muitas concessionárias da marca estão há mais de três meses sem receber uma unidade sequer, enquanto outras afirmaram ter a chegada de poucos carros prevista para setembro.
A explicação da montadora sobre a falta de carros foi dada em um comunicado padrão. Segundo a Honda, “a disponibilidade do Civic Híbrido está limitada a algumas regiões e vem sendo expandida gradativamente”.
Motivo 2: preço
O segundo motivo é o preço. O sedan híbrido da Honda é vendido no Brasil em versão única e custa R$ 244.900. O Toyota Corolla Altis Hybrid Premium, versão topo de linha do rival do Honda Civic, sai por R$ 189.590.
Uma diferença considerável, de R$ 55.310, suficiente para fazer até mesmo o maior fã do sedan médio da Honda se deixar seduzir pelo “inimigo” e manter sobre os ombros do Civic a pecha de “fracasso” no Brasil.
Fonte: Auto Esporte, Fenabrave