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Futuro dos veículos elétricos no Brasil é tema em audiência pública no Senado

Por| Editado por Jones Oliveira | 25 de Outubro de 2021 às 09h30

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Ralph Hutter/Unsplash
Ralph Hutter/Unsplash

Atrasado ou não, fato é que o Brasil parece ter começado a se preocupar para valer em se preparar para a troca gradual da frota de veículos a combustão para carros elétricos. A discussão chegou ao Senado, que promoveu uma audiência pública com especialistas para debater o tema. A superação de barreiras legais e tributárias norteou a conversa da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT).

De acordo com o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL), uma das maiores preocupações na atualidade é com os gargalos existentes na legislação de trânsito, muito defasada e prejudicial ao avanço da frota de carros elétricos no território nacional. Segundo ele, um ponto que precisa ser revisto é o que consta na resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Ele autoriza a circulação dos veículos “apenas em áreas urbanas e proíbe o tráfego em rodovias federais, estaduais e do Distrito Federal”.

Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), concordou: “A gente vê esse problema em muitas cidades do interior, cortadas por grandes rodovias estaduais e federais. Às vezes, a pessoa não pode passar de um lado para outro da cidade. Se ela cruza a rodovia, está cometendo uma ilegalidade e fica sujeita à apreensão pela polícia”.

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Daniel Mariz Tavares, diretor do Departamento de Segurança no Trânsito da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), se mostrou receptivo à iniciativa e aberto ao diálogo, mas explanou suas preocupações, principalmente em relação aos chamados veículos ultracompactos (apenas para duas pessoas).

“É um desafio muito grande regulamentar essas tecnologias no campo do trânsito e da segurança viária. Mas há espaço para tratar desses temas. A restrição da circulação dos veículos ultracompactos em rodovias vem muito da primeira análise comparativa com os triciclos com cabines. Mas sendo demonstrada a segurança em ambientes urbanos e em vias locais, estamos abertos ao diálogo para aprimorar a legislação”.

Cidades “doentes”

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Os debatedores chegaram a atrelar a necessidade de troca da frota atual para a de veículos elétricos à saúde da população. A greve geral dos caminhoneiros, que paralisou o país em 2018, foi utilizada como exemplo pelo vice-presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei), Rodrigo de Almeida Vieira Dias, para ilustrar o quanto a poluição deixa as cidades “doentes”.

“Os veículos elétricos podem e devem ser a solução para essa doença que a gente vive hoje. Durante a greve dos caminhoneiros que ocorreu há alguns anos, em uma semana, a poluição na cidade de São Paulo despencou em 50%. E o volume de atendimentos médicos no sistema de saúde por problemas respiratórios caiu notoriamente. A gente precisa transformar essas tecnologias em algo palpável, concreto, possível e viável financeiramente”, clamou.

A ideia ganhou força nas palavras do senador Jean Paul Prates (PT-RN). Segundo ele, chegou a hora de todos, inclusive os poderes Executivo e Legislativo, abrirem os olhos para a nova realidade, a realidade dos carros elétricos: “A mobilidade elétrica tem que chegar no espírito público. A mobilidade elétrica no futuro próximo permitirá que a mobilidade urbana seja gratuita. Até porque o serviço privado vai ser tão barato, que se o serviço público não for gratuito não atrairá mais ninguém”.

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Preço da gasolina

Até mesmo o preço da gasolina, que explodiu em 2021 e já ultrapassou a casa dos R$ 7 por litro em vários estados, foi apontado como decisivo na urgência de se adequar a legislação para um país “mais elétrico” no que diz respeito à frota de carros.

“O preço da gasolina está altíssimo e tem que ser discutido. Mas, se o Brasil inteiro fica olhando apenas para o momento atual, esquecemos de olhar para o futuro. E o futuro não é mais o combustível como conhecemos. Não é mais a gasolina, o álcool ou o diesel. São os veículos elétricos. Nós, no Brasil, temos muito a avançar”, comentou o senador Rodrigo Cunha.
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Marcus Tulius Barros Florentino, professor de Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Alagoas, encerrou a discussão reforçando o que disse Rodrigo Cunha: “Falamos de uma eficiência de energia de 90%. Nos veículos que utilizam os combustíveis fósseis, a eficiência gira em torno de 30%. O que significa isso? Estamos falando que 70% da energia demandada pelo motor é dissipada, principalmente na forma de calor. Apenas 30% seria utilizado para utilizar essa energia disponível em movimento”.

Fonte: Agência Senado