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Alta na gasolina e desistência de motoristas afetam serviços de apps

Por| Editado por Claudio Yuge | 20 de Setembro de 2021 às 22h20

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Envato/Mint_Images
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Uma atividade bastante afetada pela pandemia de covid-19 foi o transporte de passageiros por aplicativo. A procura caiu muito e os motoristas tiveram prejuízos, já que são remunerados apenas a partir das corridas que fazem. Agora, 18 meses desde que a crise sanitária começou, Uber e 99 anunciaram aumento no repasse aos parceiros.

Além disso, a alta nos preços dos combustíveis influenciou a ação. Na 99, o aumento no repasse foi de 10% a 25%, válido em mais de 20 regiões metropolitanas do país, como São Paulo, Salvador, Brasília e Belo Horizonte. Já na Uber, o reajuste pode atingir 35% — de acordo com horário, local, tipo de viagem e passageiro.

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Outro agravante é a inflação: a estimativa mais recente do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aponta para 7,9% em 2021. Eduardo Lima de Souza, da Associação dos Motoristas de Aplicativos em São Paulo (Amasp-SP), lembra que os combustíveis já subiram 50%. “A sensação é de indignação porque a categoria não tem reajuste desde 2015 e, quando ele chega, é abaixo do que deveria.”

Motoristas de apps de São Paulo ouvidos pela Agência Estado relatam, ainda, a diminuição da taxa dinâmica — usada para compensar a alta demanda de corridas em determinadas ocasiões. “Estudo os horários em que posso ter mais ganhos”, conta Ana Paula Aparecida de Oliveira, 38, que usa as plataformas Uber e 99.

Souza, da Amasp-SP, diz que os motoristas suspeitam que essa é uma manobra para compensar os reajustes anunciados pelos aplicativos. “A tarifa dinâmica simplesmente some ou não aparece tão alta como antes”, aponta Ana Paula.

Desistência de motoristas

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Embora as empresas não divulguem quantos de seus motoristas deixaram a plataforma, a Associação Brasileira de Locação de Automóveis (Abla), que representa metade da frota de veículos de aluguel no país, diz que “uma a cada quatro pessoas que alugam carro para trabalhar como motorista de aplicativo abandonou a atividade”. Um dos motivos para isso, segundo a entidade, foi o reajuste de cerca de 30% no preço da locação.

A Abla estima que 30 mil automóveis antes usados para esse fim tenham sido devolvidos entre junho e setembro. “Ainda restam 170 mil veículos alugados a esses motoristas, mas esse número poderia ser de 250 mil, se o litro do combustível voltasse a ficar entre R$ 4 e R$ 5”, diz Paulo Miguel Júnior, presidente da Abla.

Tudo isso tem afetado a prestação de serviço. Usuários dos apps ouvidos pelo InfoMoney destacam que usar as plataformas tem exigido esforço, paciência e torcida para que a corrida não seja cancelada. Luiz Sotero, engenheiro de software, diz que demorou 25 minutos para conseguir um carro da Uber para levá-lo da região da Consolação (centro de São Paulo) até o Morumbi (zona sul).

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Nesse intervalo, os pedidos dele foram cancelados 12 vezes. “O aplicativo mostrava carros próximos à minha rua e outros a três minutos da minha casa, mas ninguém aceitava a minha corrida”, conta. Para conseguir o serviço, Sotero optou por uma categoria mais cara do aplicativo. “Tem sido assim: sempre estou pagando mais para conseguir um carro do app”, reforça.

O professor Lucas Passos tem percebido flutuação nos preços em um trajeto que faz diariamente. “No começo do ano, o preço sempre era parecido: R$ 11 para ir e R$ 13 para voltar. Depois do meio do ano, o aplicativo já cobrou R$ 30. Teve uma hora que apareceu R$ 19 nos mesmos horários da manhã.” Quando um motorista aceita o pedido, ele envia mensagem. “Eu peço: por favor, não cancele a corrida”.

O que dizem as plataformas

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A reportagem do Canaltech procurou a 99 e a Uber para saber quais as estratégias das empresas para evitar a falta de motoristas e a necessidade de o passeiro optar por categorias mais caras para obter o serviço. A Uber ainda não atendeu à solicitação.

A 99 diz que, como empresa de tecnologia, analisa constantemente suas tarifas e serviços. Segundo a companhia, o reajuste nos ganhos dos parceiros está sendo subsidiado integralmente pela plataforma. "Os novos valores levam em consideração o impacto negativo do aumento dos combustíveis sobre a categoria para a manutenção do equilíbrio da plataforma. O objetivo é continuar oferecendo uma fonte de ganho para os motoristas parceiros e um meio de transporte financeiramente viável, seguro e eficiente para a população."

A plataforma desta que busca garantir que os motoristas sempre tenham ganho no serviço prestado ao passageiro. "Há casos em que o valor repassado ao motorista é maior que o pago pelo passageiro e essa diferença é custeada pela empresa para democratizar o acesso." Entre as ações da empresa, uma iniciativa prevê repasse integral do valor da corrida aos parceiros em localidades e horários específicos. "Outra medida é o desconto de 10% em todos os postos da rede Shell do país, com pagamento feito via Cartão99, o que já gerou economia de R$ 5 milhões aos parceiros."

Fonte: InfoMoney