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Carro elétrico vale a pena e podemos provar

Por| Editado por Jones Oliveira | 22 de Outubro de 2022 às 09h00

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Divulgação/ General Motors
Divulgação/ General Motors

Muitos questionamentos sobre o futuro do mercado automotivo no segmento de elétricos ainda aparecem, principalmente quando pensamos em como as empresas e, principalmente, os consumidores vão sustentar esse novo ciclo dentro da indústria, cada vez mais confirmado por inúmeras montadoras pelo mundo.

Aqui no Brasil ainda estamos em um estágio bem inicial se compararmos com outros mercados, como a Europa, China e Estados Unidos, principalmente se tivermos como base o número de carros elétricos vendidos mês a mês. Para que o leitor do Canaltech tenha uma ideia, até o momento, foram emplacados 870 mil carros elétricos na Europa em 2022.

Em nosso mercado ainda não existem dados muito concretos e as entidades que controlam o setor dão números diferentes. Mas podemos utilizar o levantamento feito pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) em setembro, que uniu todos os modelos eletrificados, ou seja, elétricos e híbridos, que somam, até agora, 32.242 unidades.

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É bom que tenhamos esse recorte para mostrar que ainda há muito trabalho a ser feito tanto nos mais mercados avançados quanto no nosso. As montadoras querem abolir os carros a combustão até 2035 na maioria dos países e o Brasil, ao que tudo indica, pode estar nessa rota. Entretanto, há desafios muito claros para isso.

Por que o carro elétrico vale a pena?

Aqui no Canaltech já tivemos a oportunidade de avaliar dezenas de carros elétricos, de diferentes perfis, preços, tamanhos, capacidades e propostas. Mas todos, sem exceção, nos mostraram como a eficiência dos motores elétricos supera a dos propulsores a gasolina e etanol com alguma facilidade. Então, antes de ver os problemas e desafios desses produtos, que tal enxergarmos o quanto eles são benéficos?

Claro que a grande parte do público ainda não conhece esse tipo de veículo e é algo que vai acontecer com o tempo. Carros elétricos ainda custam muito caro e são poucas as pessoas que têm a oportunidade de vivenciar essa experiência, mas a nossa missão enquanto jornalistas automotivos e de tecnologia é de tentar passar um pouco dessa realidade.

Uma analogia perfeita nos foi dada por Glaucia Roveri, gerente de Desenvolvimento e Infraestrutura de veículos elétricos da General Motors América do Sul:

"Quando tínhamos somente os telefones fixos e passamos a utilizar os celulares e, depois, os smartphones, penso que ninguém gostaria mais de voltar no tempo e ficar preso àquele aparelho na sua casa. O que esses dispositivos oferecem em termos de praticidade e eficiência mudou a nossa vida e com os carros elétricos será mais ou menos por aí", disse Roveri em entrevista ao Canaltech.
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O torque instantâneo proporcionado pelos motores elétricos trazem agilidade e segurança no trânsito e tornam essa sensação mais "democrática", antes presente, acredite, em esportivos e carros extremamente potentes. Prova disso é o funcionamento de modelos como o Renault Zoe E-Tech, por exemplo, que mesmo com 135cv e 25 kgf/m de torque tem desempenho equivalente a de um motor bem mais potente.

"Além de ser mais eficiente, os gastos com manutenção, e aí podemos incluir o uso da energia elétrica para recarregar e as peças do carro, são bem menores do que modelos convencionais. Carros elétricos utilizam menos peças e usam uma energia muito mais limpa", explicou Roveri.

Segundo a General Motors, um carro elétrico tem custo operacional médio cinco vezes menor do que de um carro convencional. Isso acontece, segundo a própria Roveri explicou, porque modelos pensados do zero como elétricos possuem menos peças e construções mecânicas, o que gera menos desgaste ao longo dos anos.

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Além disso, o custo para "encher o tanque" se compararmos um carro elétrico e um a etanol, por exemplo, é bem menor. Tomemos como base um carro da própria General Motors, o Chevrolet Bolt. O compacto elétrico da montadora tem uma bateria de 66 kWh, que lhe dá uma autonomia de 459km. Para carregá-la por completo em São Paulo, que tem custo, hoje, de R$ 1,04 kWh, o preço seria de R$ 68,64.

Para encher o tanque de um Chevrolet Onix Turbo Premier, que tem capacidade de 44 litros, somente com etanol, hoje custando, em média, R$ 3,20 em São Paulo, o preço fica em torno dos R$ 140 para rodar praticamente 450km, dependendo do jeito de guiar do motorista.

E as baterias, carregamento e preço dos carros?

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Na parte prática, ou seja, após comprarmos um carro elétrico e usarmos no dia a dia, fica fácil dizer que ele vale a pena. Mas e o ecossistema que envolve um veículo movido a bateria, será que tem a mesma vantagem? A resposta é sim, e muito.

Muitos analistas apontam que mesmo mercados com alto potencial de crescimento nesse segmento, como os Estados Unidos, podem sofrer com a falta de infraestrutura e até mesmo com a falta de energia elétrica em caso de total massificação dos carros elétricos. Será verdade?

Desde 2020, as fontes renováveis dominam a matriz energética do país, ultrapassando o carvão e combustíveis fósseis pela primeira vez em 134 anos. Além disso, o presidente Joe Biden anunciou um pacote estimado em US$ 1 trilhão para potencializar a infraestrutura local em torno dos carregadores. Até 2030, metade da frota deve ser de veículos plug-in, sejam eles 100% elétricos ou híbridos.

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Essa contextualização é necessária para desmistificar algumas coisas, como a própria Roveri nos disse. "A partir do momento em que o carro sai da loja e vai para o consumidor, sua emissão de carbono é zero. Claro, há sim emissão na produção, mas ela é compensada com o tempo. Além disso, as empresas estão evoluindo muito e neutralizando esse processo", explicou.

É, no mínimo, leviano achar que o mercado não irá se regular e evoluir a ponto de dar conta em termos energéticos. Isso porque nem citamos o Brasil nessa história, que tem 85% de sua matriz energética oriunda de fontes renováveis. "O Brasil pode ser exportador dessa tecnologia para o mundo, produzindo baterias e ensinando ao mundo como se faz. Caso haja o investimento necessário, os carros elétricos têm, por aqui, seu melhor habitat", comentou Roveri.

Massificar o carro elétrico não quer dizer que todos vão carregar seus veículos ao mesmo tempo. Além disso, com mais carros elétricos, menos combustíveis fósseis serão usados para automóveis, então esses insumos podem ser realocados em outras formas de se produzir energia.

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Mas e o consumo de energia?

O cético vai dizer: "Mas e para carregar os carros? E se um prédio todo tiver carros elétricos, como será? O país vai dar conta?". Muita calma. Vai sim.

Primeiro que, a carga necessária para recarregar um carro elétrico em casa é o equivalente a metade da usada para ligar um chuveiro elétrico. E, segundo análises feitas por montadoras, como a própria General Motors, o período do dia em que as pessoas devem carregar seus carros será o noturno, momento em que há um consumo menor nas cidades e países.

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"Vamos imaginar que a frota toda do Brasil seja de carros elétricos e as pessoas resolvam carregá-los, todas ao mesmo tempo, no período da noite. O uso da energia do país seria em torno de 3% do total. Devemos lembrar, também, que nossa matriz energética é, em sua maioria, limpa e que algumas de nossas hidrelétricas não funcionam na capacidade máxima", explica Roveri.

E as baterias? E o lítio?

A principal matéria-prima para a produção das baterias é o lítio, que também está presente nas células de baterias de celulares e outros dispositivos. Mas não se engane: a bateria automotiva é bem diferente da de um desses aparelhos. Essas peças foram feitas para durar, em média, 10 anos. Portanto, antes mesmo das células apresentarem sinais de desgaste mais fortes, você já terá trocado seu carro elétrico.

Mas, tudo bem. Pensemos de modo mais pragmático. E se essa bateria durasse apenas cinco anos? O que faríamos com ela? Roveri explica:

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"As montadoras já conseguem reciclar as baterias automotivas com muita facilidade, inclusive extraindo o lítio utilizado e reutilizando em outras baterias. Além disso, assim como aconteceu com os celulares, é óbvio que as baterias vão evoluir com o passar dos anos".

A reportagem do Canaltechvisitou o centro de tecnologia da General Motors em Detroit, nos Estados Unidos, e viu de perto como a empresa pensa seu futuro no mercado de carros elétricos. A próxima geração de carros zero emissão, feitos sobre a plataforma Ultium, serão mais baratos e mais eficientes, graças às novas baterias. É uma evolução natural do mercado e que deve ocorrer com outras empresas.

Além disso, Roveri explica que podem surgir outras baterias além das de lítio. E aí vai um pitaco do repórter: Elon Musk esteve no Brasil recentemente para inaugurar as entregas da sua internet via satélite, a Starlink. Vocês acham mesmo que o CEO da Tesla, maior fabricantes de veículos elétricos do mundo, abasteceu seu Gulfstream G650 e veio para cá somente para isso? Não sejamos inocentes.

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Preço do carro elétrico: quando pode baixar?

Esse, talvez, seja o maior desafio. Com a popularização desse tipo de carro no Brasil e no mundo, é natural que os preços comecem a baixar. Mas, claro, estamos em um país carregado de impostos e a conversa é bem complexa e demorada. Vai levar tempo, mas é um trabalho que deve ser feito aos poucos.

Para quem vivenciou bem como eram os anos 1990, os celulares eram extremamente caros e hoje existem modelos de todos os preços e capacidades. Claro que são produtos de diferentes valores agregados, mas há sentido no que pensam as empresas. O caminho é de popularizar e baratear.

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O carro elétrico vale a pena?

Basicamente, basta dirigir um carro elétrico e entender sua proposta para definir que ele vale, sim, muito a pena. Se o mercado evoluir como sempre evoluiu em diferentes setores, com competitividade e investimentos, a tendência é que tenhamos um futuro elétrico dos mais promissores e divertidos.