Review Jeep Compass Blackhawk | SUV se renova com novo motor
Por Paulo Amaral • Editado por Jones Oliveira |
O Jeep Compass Blackhawk, versão mais completa da linha 2025 da Stellantis, chegou para jogar por terra o apelido jocoso de “SUV de shopping” que muita gente atribuía ao modelo por conta de seu desempenho “chocho”.
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Depois de viajar para Punta del Este, no Uruguai, e ter o primeiro contato com o Compass Blackhawk, passei uma semana com o SUV em nome do Canaltech para fazer este review mais detalhado sobre o carro.
Durante esse tempo, pude comprovar, em trechos urbanos e em estradas, todas as mudanças que o motor Hurricane 2.0 Turbo, até então inédito na linha, proporcionaram ao SUV médio, principalmente na dirigibilidade.
O propulsor de 272 cv de potência e 40,8 kgf/m de torque, o mesmo utilizado na RAM Rampage, transformou o Compass da água para o vinho, e se mostrou uma decisão acertada da marca. Confira nossas impressões sobre o Jeep Compass Blackhawk.
Conectividade, Tecnologia e Segurança
O novo motor pode até ser mesmo a “cereja do bolo”, mas não tem como deixar de elogiar o pacote de Conectividade e Segurança preparado pela Stellantis para o Jeep Compass Blackhawk, versão topo de linha da família.
O SUV tem Alexa In-Vehicle com Wi-Fi hotspot, recurso que permite ao usuário enviar comandos de dentro do carro para acessórios inteligentes conectados à residência, como robôs-aspiradores. Testei e, pasmem, deu certo.
O SUV também passa a contar com sistema ADAS nível 2, cuja principal novidade é o ADA (Assistente ativo de direção), que combina o uso do Lane Centering e do ACC. Essa junção de funções permite que o carro faça curvas de forma autônoma em vias sinalizadas, enquanto mantém a velocidade pré-definida. Apesar de, às vezes, ele atuar de forma exagerada, é um recurso bastante importante para os motoristas menos atentos.
Além disso, merece destaque o novo painel de instrumentos, que agora conta com a tela chamada de “performance pages”. Ela mostra, no cluster digital, dados interessantes, como Força G, pressão do turbo que está em uso, percentual de potência e torque e, claro, conta-giros, essencial para quem curte esportividade.
Conforto e Experiência de uso
A experiência a bordo do Jeep Compass Blackhawk foi bastante agradável. O motor Hurricane 2.0 turbo foi um upgrade necessário e extremamente acertado da marca, e mostrou um desempenho bem superior ao 1.3 turbo de 185 cv que estava nas versões topo de linha da família.
Os 272 cv de potência e o torque máximo de 40,8 kgf/m fizeram o carro mudar da água para o vinho. Agora, o Compass acelera como “gente grande” e, segundo a marca, chega dos 0 aos 100 km/h em apenas 6,3 segundos, enquanto a retomada de 80 a 120 km/h leva 5,3. Em nossos testes, não conseguimos cravar os números oficiais, mas mais por conta da prudência do que pela falta de capacidade do SUV.
O motor mais potente obrigou os engenheiros da Jeep a colocar a mão na massa. Afinal, com o SUV mais arisco, os acertos na parte mecânica se tornaram fundamentais para manter o carro equilibrado. E eles fizeram um excelente trabalho.
Os acertos realizados na suspensão e no sistema de freios, além das novas rodas e pneus, agora 235/45/R19, deixaram o SUV mais “grudado” no chão. O Blackhawk tem nova bomba de vácuo, nova pinça de freio e suspensão MCPherson tanto na dianteira quanto na traseira, mudanças que deixaram o carro mais estável e com menos rolagem na carroceria.
O motor Hurricane 2.0 não é dos mais silenciosos, mas, graças ao excelente isolamento acústico do Jeep Compass Blackhawk, o ronco do propulsor turbo invade a cabine na medida certa, sem incomodar ou tornar as viagens barulhentas demais.
Vale lembrar que, no primeiro contato com o carro, em Punta del Este, no Uruguai, colocamos o Compass em estradas de terra e, mesmo diante de muitas imperfeições, o ambiente interno permaneceu com o máximo silêncio possível em se tratando de um carro turbo.
O ponto negativo ficou por conta da direção, que é muito leve e não fica progressivamente mais firme de acordo com a velocidade. Além disso, a interferência, às vezes exagerada, de alguns recursos do pacote ADAS Nível 2, especialmente no trânsito urbano, incomodou um pouco. Nada, porém, que desabone a experiência.
Design e Acabamento
O design da linha 2025 do Jeep Compass recebeu retoques que tornaram o SUV mais atraente. Segundo Alexandre Clemes, diretor da marca para a América Latina, o Compass 2025 “não é só mais um rostinho bonito”.
O executivo destacou as mudanças na grade dianteira, os novos desenhos das rodas, e a pintura das partes plásticas da carroceria, até então exclusivas do Série S, como significativas para tornar a linha mais atraente e, de acordo com ele, “entregar performance com design”.
O Compass também ficou mais atraente por dentro. O SUV médio ganhou bancos em couro e suede, com personalização de assentos na versão Blackhawk, ajustes elétricos para motorista e passageiro, com memória de banco para o condutor (exclusivamente na Blackhawk), revestimento de teto na cor preta, som premium Beats e muito mais.
Concorrentes
O Compass Blackhawk tem como principais concorrentes o Ford Territory, que evoluiu bastante em sua nova geração, e modelos de marcas chinesas, elétricos ou híbridos, que vêm ganhando espaço no segmento dos SUVs, especialmente o BYD Song Plus e o GWM Haval H6, oferecido em diversas versões.
Todos os três concorrentes citados são mais baratos que o Compass Blackhawk. O Territory custa cerca de R$ 210 mil, enquanto os SUVs chineses partem de R$ 229,8 mil e R$ 214 mil, respectivamente.
O Jeep Compass Blackhawk, por sua vez, não sai por menos de R$ 279,9 mil, diferença que pode jogar contra em um segmento cada vez mais competitivo.
Jeep Compass Blackhawk: vale a pena?
Apesar de ter evoluído bastante em relação às antigas versões, principalmente por conta dos acertos mecânicos e da estreia do motor Hurricane 2.0 Turbo, o Compass Blackhawk ainda derrapa em um ponto que, hoje, pode ser decisivo para o cliente definir a compra em um mercado recheado de opções de alto nível: o preço.
O fato de cobrar R$ 50 mil a mais que o concorrente direto mais próximo em valores, e de não oferecer uma motorização ao menos flex, para se enquadrar na busca por combustíveis mais limpos, pode jogar contra o SUV médio da Stellantis na briga contra os modelos chineses, cada vez mais fortes no mercado global e, claro, no Brasil.
* A unidade do Jeep Compass Blackhawk utilizada para a confecção desse review foi gentilmente cedida ao Canaltechpela Stellantis South America.