Por que o WhatsApp não é tão popular nos Estados Unidos?
Por André Lourenti Magalhães • Editado por Douglas Ciriaco |
Com mais de 2 bilhões de usuários em todo o mundo, o WhatsApp é considerado o aplicativo de mensagens mais famoso do planeta, de acordo com dados do Similarweb. No entanto, o Zap ainda não consegue ser protagonista nos Estados Unidos, um dos principais mercados para apps e redes sociais, mesmo pertencendo a uma empresa norte-americana.
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O relatório do Similarweb aponta que o app mais popular do segmento na Terra do Tio Sam é o Facebook Messenger, que também pertence à Meta. O WhatsApp ganha popularidade com o passar dos anos, mas ainda tem um longo caminho a percorrer para o topo no país: a média de usuários ativos diários nos EUA é de 15,15 milhões, contra 44,83 milhões do rival Messenger.
Por que isso acontece?
O Canaltech traz alguns dos motivos que ajudam a explicar a presença modesta do WhatsApp nos Estados Unidos.
Hábito do SMS
O bom e velho SMS ainda é uma forma de comunicação muito popular no país — estima-se que mais de 2 trilhões de mensagens foram enviadas entre celulares nos Estados Unidos no ano de 2021, segundo o Statista. O que é curioso, já que mensageiros como WhatsApp, Messenger e Telegram trazem mais recursos e ajustes de segurança do que as mensagens de texto.
Isso é resultado de um processo de décadas, antes mesmo da existência dos smartphones, quando o país desenvolveu a própria estrutura de telefonia móvel. O papel das operadoras na construção desse hábito também é importante, pois muitos dos planos oferecidos já incluíam cobertura ilimitada de SMS, algo que demorou a surgir aqui no Brasil, por exemplo.
Além de não ter custo adicional nos EUA, a mensagem de texto convencional também é uma garantia de que qualquer celular consegue enviar ou receber uma mensagem, independentemente do aparelho ou do sistema operacional.
Dá para perceber um caminho contrário ao analisar o cenário brasileiro: o Zap cresceu por aqui justamente por usar dados de internet, incluindo redes Wi-Fi. Enquanto planos de telefonia geralmente cobravam tarifas pelo envio de cada mensagem, o WhatsApp surgia como uma opção mais cômoda e versátil.
Quando a população do país norte-americano procurou algum mensageiro conectado à internet, a primeira opção foi o Facebook Messenger. Isso pode ter acontecido por dois motivos principais: a alta popularidade da rede de Mark Zuckerberg no país e o fato de que não era necessário criar conta com um número de telefone celular.
Domínio do iPhone
Pode não parecer, mas a Apple tem um papel importante nesse cenário: o iOS é o sistema operacional móvel mais usado nos Estados Unidos há anos e, por conta disso, muitas pessoas usam o mensageiro nativo do aparelho, o iMessage, no dia a dia.
De acordo com dados do site StatCounter, 59% dos da população dos EUA usam iOS no mercado mobile. Se a maior parte das pessoas tem um iPhone, basta usar a solução da própria Apple no lugar de baixar outro aplicativo de comunicação — e a Maçã até já revelou que a força do iMessage é uma forma de “prender” pessoas ao seu ecossistema.
A empresa, inclusive, tem planos de adotar o protocolo RCS no sistema, uma versão "turbinada" do SMS com recursos similares ao Zap e integração com o Android — vale notar como isso vai afetar a presença do mensageiro da Meta por lá.
Isso também ajuda a explicar a popularidade do WhatsApp no Brasil e em países da Ásia, por exemplo. O mensageiro não tem barreira de sistema operacional, então pode ser usado por um dono de iPhone para conversar com um dono de Android, e vice-versa. O Android é o sistema operacional mais usado aqui e em muitos outros países, então a hegemonia do iMessage não faria muito sentido fora dos Estados Unidos.
O outro lado da moeda
Enquanto o WhatsApp não é popular por lá, vale a pena conferir quais são os países (além do Brasil) que mais usam o mensageiro verde no mundo.