Google impediu mudança de buscador em celulares Samsung
Por Felipe Demartini • Editado por Douglas Ciriaco |
O Google impediu que a Samsung facilitasse aos usuários a mudança da ferramenta de busca padrão nos smartphones da marca. A alegação foi de quebra de contrato, com direito a ameaça de multa e uma grande batalha judicial, para garantir que a gigante estadunidense continuasse com os pés bem firmes na linha de celulares da fabricante sul-coreana.
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As informações aparecem no processo antimonopólio que o Google enfrenta na justiça dos Estados Unidos. Publicados pelo The Wall Street Journal, os documentos revelam um pouco mais das práticas consideradas pelos legisladores como predatórias à concorrência, principalmente no que toca o mecanismo padrão de pesquisa nos smartphones.
O entendimento do Departamento de Justiça dos EUA é de que muitas das práticas aplicadas pelo Google para garantir a dominância no setor de smartphones são ilegais e que os acordos seriam restritivos de forma abusiva. No caso da Samsung, a possibilidade de mudança estaria relacionada ao lançamento do Bing Chat, com o foco da Microsoft na inteligência artificial podendo soar interessante para usuários que quisessem trocar de motor de busca.
Entretanto, especialistas ouvidos pelos reguladores indicam até elementos sociais como dificultadores de mudança, com as pessoas tendo dificuldade em alterar hábitos adquiridos. Por outro lado, dados de experiências passadas também foram citados, como o aumento no market share do mecanismo de busca Yandex após uma decisão do governo da Rússia.
A fala foi de Mikhail Parakhin, diretor de serviços web da Microsoft e antigo diretor de tecnologia da empresa de tecnologia russa. Segundo ele, o total de usuários do Yandex quase dobrou no país, indo de 30% para 55% em questão de semanas, depois que as autoridades de lá obrigaram o Google a informar aos usuários de Android que eles podiam alterar o motor de buscas como desejassem.
Apple aponta domínio do Google como vantagem
Além da Samsung, o governo dos EUA vê a Apple como sujeita às práticas consideradas predatórias, enquanto a Microsoft seria uma das principais atingidas. A Maçã, entretanto, defendeu a posição quanto ao Google como buscador padrão em iPhones e iPads, indicando que não haveria alternativa viável no mercado.
De acordo com o vice-presidente sênior de serviços da Apple Eddy Cue, que depôs nesta terça (26) como parte do processo antitruste, a posição de destaque do Google no mercado faz com que a empresa tenha o melhor motor de pesquisas da atualidade. Com isso, vêm mais dados e, consequentemente, melhores resultados, o que fez com que a opção fosse considerada como prioritária para os dispositivos.
O processo, considerado o maior relacionado a práticas monopolistas desde a investigação sobre a Microsoft, no início dos anos 2000, deve seguir até o ano que vem. De acordo com os trâmites legais, a ideia é que a primeira decisão esteja relacionada ao cumprimento ou não de leis antitruste pelo Google, com uma segunda sentença definindo multas, compensações e atitudes a serem tomadas pela empresa para reverter as irregularidades.