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Quem é Peter Norton, “o cara” dos antivírus dos anos 1990

Por| Editado por Claudio Yuge | 07 de Janeiro de 2023 às 10h00

Reprodução/eBay
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Quem acompanhou o mundo da tecnologia nos anos 1990 com certeza conhece a figura acima. Ele estampava a embalagem de um antivírus que levava seu nome, uma marca que existe até os dias de hoje, ainda que o próprio não esteja mais envolvido. “O Norton”, como muitos o chamavam, é Peter Norton, um dos pioneiros dos PCs domésticos e também da programação de software.

Essa história começou nos anos 1970, quando o programador especializado em mainframes e minicomputadores trabalhava na indústria aeroespacial. Após ser demitido da Boeing em 1981, Norton passou a se interessar pelos microcomputadores domésticos e, ao cometer um erro comum a todos nós, acabou criando o primeiro programa que colocaria seu nome em evidência.

Fuçando em um dos primeiros PCs lançados pela IBM, ele deletou um arquivo sem querer e começou a procurar maneiras de recuperar os dados do disco rígido.

Quem é Peter Norton, “o cara” dos antivírus dos anos 1990
Peter Norton foi um dos pioneiros entre os softwares utilitários nos PCs domésticos, mas só se tornaria "o cara" dos antivirus mais de uma década depois, sem envolvimento direto na solução de segurança (Imagem: Reprodução/eBay)

Assim nasceu o UnErase, um sucesso entre os amigos do programador que, mais tarde, em 1982, seria o grande destaque da Norton Utilities. A suíte lançada em 1982 foi uma das primeiras do mercado e trazia softwares que testavam recursos do PC e permitiam manipular elementos do sistema, além de exibir arquivos ocultos e interagir com impressoras e leitores de disquete. Ali nascia também a Peter Norton Computing, que tinha o próprio como seu único funcionário inicial.

Reuniões de entusiastas da programação e lojas de eletrônicos eram seu meio de divulgação, onde Peter Norton deixava panfletos com anotações à mão. Surgiu, daí, sua segunda oportunidade: escrever manuais técnicos para os PCs da IBM — novamente, é importante lembrar que estávamos nos primórdios da computação, com aficionados representando a maior parte de um público com pouco acesso à informação.

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Entre colunas para revistas especializadas, palestras e novos softwares, Peter Norton saiu de especialista para se tornar uma referência, título que se tornaria uma constante em sua carreira.

Em meio a manuais e suítes de aplicativos, sua empresa atingiu a marca de US$ 1 milhão em vendas em 1983, com três funcionários: o próprio, que fazia todo o trabalho de escrita e programação, e dois trabalhadores de empacotamento. Ele contrataria seu primeiro colega de tecnologia apenas no ano seguinte e, em 1985, viriam novas oportunidades com a abertura de um departamento de negócios, também composto por só uma pessoa.

Em 1988, a companhia chegava a um faturamento de US$ 15 milhões e era eleita uma das 500 que mais crescia nos Estados Unidos. Peter Norton foi reconhecido como empreendedor do ano pela Ernst & Young (à época chamada Arthur Young & Co.), um ano antes da “profissionalização”, com a contratação de um CEO e transferência para o cargo de diretoria, com um objetivo claro: ampliar o crescimento da empresa e manter o nome como uma das principais referências do mercado de tecnologia que, também, estava aceleradíssimo.

O homem dos antivírus, nos bastidores

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Quem é Peter Norton, “o cara” dos antivírus dos anos 1990
Diferentes versões dos pacotes de softwares da Symantec levaram o rosto de Peter Norton entre 1996 e 2001; nome é usado até os dias de hoje, com variações (Imagem: Reprodução/eBay)

Chega a ser curioso que, no momento em que Peter Norton se torna o cara na capa de uma das principais opções de antivírus do mercado, ele nem mesmo estava mais à frente de sua própria companhia.

Após o lançamento de diferentes iterações de sua suíte de aplicativos e a adição de novos softwares, como ferramentas de backup e recuperação de discos que também se tornam um sucesso estrondoso, bem como uma versão Macintosh, vem o sonho de toda empresa de tecnologia incipiente: uma proposta de compra.

Após registrar US$ 25 milhões em vendas em 1989, a Norton Computing foi vendida para a Symantec por US$ 70 milhões, com o fundador se tornando membro da diretoria da empresa de tecnologia. O Norton Antivirus, cuja marca existe até hoje com variações e batizando diferentes produtos, é lançado em 1991 em versão DOS, sem ter Peter entre seus programadores, mas carregando seu nome como forma de dar a credibilidade e o peso que uma solução de segurança precisava.

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A imagem que todos nós, mais velhos, conhecemos veio em 1996, quando o aplicativo de segurança foi lançado para Windows 95, além da já conhecida edição DOS.

“O Norton” aparece de mangas arregaçadas e braços cruzados, pronto para cuidar de computadores que apenas começavam a conhecer a existência de vírus, que naquela época serviam para corromper arquivos, desligar PCs e realizar outras ações destrutivas, sem os fins maliciosos e, principalmente, financeiros de hoje em dia.

Quem é Peter Norton, “o cara” dos antivírus dos anos 1990
Pose clássica de Peter Norton nasceu no chamado "pink shirt book", um dos primeiros manuais de programação para PCs da IBM (Imagem: Tom Collicott/Ted Mader and Associates)

A foto não é a mesma, mas a pose também era amplamente reconhecida no mercado de tecnologia. Antes de se tornar o rosto dos antivírus da Symantec, Peter Norton também aparecia de braços cruzados e mangas arregaçadas no Guia de Peter Norton para Programação no PC IBM. O guia, conhecido como “pink shirt book”, ou “livro da camisa rosa”, foi lançado em 1985; a postura chegou a se tornar uma marca registrada de sua empresa.

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Variações seguiriam aparecendo a cada novo lançamento dos aplicativos de segurança e utilitários da Symantec, com direito a estetoscópio no pescoço ou braço apoiado em um monitor de tubo. Um close de Peter Norton foi capa de versões do Norton Utilities enquanto ele aparecia fazendo malabares com os CD-roms do Norton System Works, pacote-mãe que unia os utilitários e também as soluções de controle de acesso e proteção antivírus focado no mercado corporativo.

As fotos de Peter Norton seriam usadas na capa do antivírus que levava seu nome durante cinco anos, entre 1996 e 2001, mas o nome permanece até hoje. Ele chegou, inclusive, a designar o que restou da Symantec, depois que um acordo com a Broadcom, em agosto de 2019, a dividiu em duas; a gigante da tecnologia adquiria a divisão de softwares corporativos, enquanto a divisão de produtos de segurança passaria a atender como NortonLifeLock. Em 2022, ela se tornaria a Gen Digital após a fusão com outro grande nome do setor: a Avast.

Quem é Peter Norton, “o cara” dos antivírus dos anos 1990
Mesmo sem Peter Norton, empresa chegou a carregar seu nome na fachada, após o desmembramento da Symantec, passando a atender como Gen Digital após fusão com a Avast (Imagem: Divulgação/NortonLifeLock)

A marca segue como uma das mais lembradas do segmento de antivírus, com reconhecimento que rivaliza apenas com o de outro homem, John McAfee, morto em 2021 e não envolvido com a suíte de aplicativos que levava seu nome desde 1994.

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Além dos PCs, os produtos Norton também têm versões para celulares e servidores, indo além dos antivírus e também oferecendo pacotes com VPNs, otimizadores de performance, cofres de senhas, backups e proteção da navegação online ou acesso a e-mails.

Além da tecnologia

Em 2002, Peter Norton se tornou um dos principais investidores da empresa de semicondutores Acorn Technologies, sendo apontado para o quadro de diretores. Em 2003, ele fundou a empresa de serviços financeiros eChinaCash ao lado de Ron Posner, o primeiro CEO da Norton Computing. Ele também faz parte das direções do Museu de Arte Moderna de Nova York, do Museu de Arte de Los Angeles e do Instituto de Tecnologia da Califórnia e do comitê executivo do Museu Guggenhein.

Apesar de ter passado tantos anos com o rosto estampando produtos com milhões de consumidores e livros de referência em programação, Norton tem uma vida reservada. Em 2000, ele encerrou um casamento de 17 anos com Eileen Harris, com quem também criou uma fundação filantrópica; ele voltou a se casar em 2017 com a financista Gwen Adams, com quem mora em Nova York, nos Estados Unidos.