Miguel Nicolelis critica chip da Neuralink: "É só fumaça"
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 01 de Fevereiro de 2024 às 11h56
Não é de hoje que o chip da Neuralink preocupa especialistas, mas desde que foi implantado pela primeira vez em um humano, o dispositivo tem gerado uma verdadeira divisão de opiniões. Sob o ponto de vista de Miguel Nicolelis, um dos neurocientistas mais famosos do Brasil, a tecnologia não traz inovação: “É só fumaça”, declarou Nicolelis em entrevista à Folha de S. Paulo, na última quarta (31).
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Muitos ainda se perguntam: “para que serve o chip da Neuralink?” O implante promete interligar cérebro humano e máquina: ao ser implantada na região cerebral relacionada ao controle da intenção do movimento, a tecnologia faz com que ondas cerebrais sejam traduzidas em comandos, assim o usuário pode controlar dispositivos (como um smartphone ou um computador) com o pensamento.
Logo, o principal público da Neuralink é quem tem alguma deficiência que impede a movimentação, como aqueles que têm paralisia devido a alguma lesão da medula espinhal cervical ou por um quadro de esclerose lateral amiotrófica.
Mas na opinião de Nicolelis, há outras formas de interligar esse público com as máquinas: “A vasta maioria dos casos de paralisia pode ser tratada com interfaces não invasivas como nós demonstramos nos últimos dez anos; eles estão vivendo de hype e bad sci-fi”, declara o neurocientista à Folha.
Nicolelis está por trás do primeiro método de leitura da atividade elétrica de grandes populações de neurônios, descoberta que tornou possíveis os testes iniciais com a interface cérebro-máquina.
O neurocientista também acredita que não haja mercado para esses implantes. “A vasta maioria dos pacientes não quer sofrer uma neurocirurgia e correr riscos. Tirando o marketing enganador do Musk, ele não está produzindo nada novo ou inovador na área”, afirma.
O chip da Neuralink é seguro?
Ainda não se sabe os níveis de segurança do chip da Neuralink, considerando que os testes em seres humanos literalmente acabaram de começar. E foi justamente esse o objetivo da primeira fase das pesquisas: entender se o procedimento pode ser seguro.
Em meio ao ocorrido, Musk declarou publicamente que o voluntário que recebeu o implante ficou bem e está em recuperação. O magnata usou a rede social para falar que esse primeiro vislumbre possibilitou uma “detecção promissora de picos de neurônios”.
Neuralink divide opiniões
O chip da Neuralink desperta opiniões divergentes. Enquanto alguns observam a novidade como um acréscimo à neurociência, outros não demonstram tanta empolgação, e até apontam para questões éticas, como liberdade cognitiva e maus-tratos aos animais.
Fonte: Folha de S. Paulo