Apollo 11: protocolo de quarentena da NASA era inadequado, segundo estudo
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 19 de Junho de 2023 às 12h07
Parece que os protocolos de proteção planetária, adotados pela NASA após o retorno dos astronautas da Apollo 11, eram ineficazes. A agência espacial adotou os procedimentos para evitar contaminação na Terra, caso houvesse microrganismos na Lua e eles viessem de carona ao nosso planeta.
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Naquela época, não se sabia ao certo se havia seres vivos na Lua. Isso abriu espaço para a pergunta: se eles existissem e sobrevivessem à viagem de volta à Terra, será que poderiam causar problemas por aqui? Para tentar evitar algo do tipo, a NASA planejou quarentenas para os astronautas, instrumentos, amostras e veículos que tiveram contato com materiais lunares.
Assim que retornaram, a tripulação da Apollo 11 foi direcionada ao Laboratório de Recepção Lunar em Houston. Eles passaram três semanas nas instalações, com o apoio de funcionários da NASA. À primeira vista, o protocolo parece sensato, mas o novo estudo indica que os procedimentos eram, em grande parte, apenas uma encenação.
Segundo o autor Dagomar Degroot, “o protocolo de quarentena pareceu ser um grande sucesso porque não foi necessário”, e os procedimentos adotados eram inadequados. No estudo, ele destaca que os oficiais da NASA sabiam que possíveis microrganismos lunares poderiam causar uma ameaça existencial, mesmo que a probabilidade de isso acontecer fosse baixa.
Ele considera que a quarentena lunar provavelmente não seria suficiente para manter nosso planeta em segurança se estes seres existissem. No artigo, Degroot traz também várias descobertas obtidas ao longo de inspeções e testes, que revelaram que as luvas e autoclaves do laboratório da quarentena tinham rachaduras ou vazamentos.
Além disso, vale lembrar que a espaçonave Apollo não foi projetada para evitar que possíveis seres contaminantes da Lua fossem expostos ao ambiente terrestre. Basta lembrar que, quando a espaçonave Apollo retornou da Lua e desceu ao oceano Pacífico, a cabine foi aberta para os astronautas saírem.
Isso fez com que o ar dentro da cabine fosse liberado para a atmosfera terrestre. “Se organismos lunares capazes de se reproduzir no oceano da Terra estivessem presentes [na cabine], teríamos problemas”, observou John Rummel, que atuou em proteção planetária na NASA.
Por outro lado, a agência espacial sabia que o risco de os astronautas trazerem algum ser espacial perigoso era bem baixo. Mesmo que houvesse micróbios na Lua, é difícil dizer ao certo se eles nos colocariam em risco, até porque grande parte dos microrganismos presentes na Terra é inofensiva.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Isis.
Fonte: Isis; Via: The New York Times