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Reforma tributária enviada ao Congresso pode prejudicar entrada do 5G no Brasil

Por| 22 de Julho de 2020 às 18h35

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A proposta da reforma tributária - ou parte dela - que foi enviada ao Congresso Nacional nessa semana pode acabar impactando uma tecnologia que, por si só, já está empacada demais por aqui: o 5G. Isso porque ela pode implicar no aumento da carga tributária junto às operadoras, prejudicando os investimentos na rede de quinta geração de internet móvel no Brasil.

O alerta foi feito por Marcos Ferrari, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil). Em avaliação preliminar, a proposta - que promove a unificação do PIS e da Cofins - trouxe simplificações importantes, mas que poderá implicar no aumento de aproximadamente 2 pontos percentuais na carga tributária que já é bem elevada no setor de telecomunicações, - 46,7% em 2019. Hoje, o Brasil é o país com a maior tributação de banda larga entre os 20 maiores mercados do mundo.

"A proposta prejudica o consumidor e a expansão do acesso da população aos serviços de telecomunicações, essencial no cotidiano dos brasileiros e para o desenvolvimento econômico, especialmente no momento de retomada pós-pandemia", afirmou Ferrari. "O SindiTelebrasil precisa avaliar detalhadamente e apresentar as contribuições ao Congresso Nacional, assim como explicar ao Ministro Paulo Guedes que esse aumento dificulta a digitalização e prejudica a implantação do 5G no Brasil".

Atrasos

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Um aumento na carga tributária junto às operadoras pode fazer com que a implementação do 5G atrase ainda mais. O leilão das frequências que receberão a tecnologia, previsto para acontecer este ano, foi adiado para 2021, muito provavelmente para o segundo semestre. Além disso, os testes em campo foram paralisados em virtude da pandemia do coronavírus. Mas, com a flexibilização do isolamento social é esperado que os mesmos retornem nos próximos meses.

A implementação também enfrenta outros impasses, como como a interferência no espectro pelo sinal de TV por antenas parabólicas e empresas de satélites, além da politização em torno da atuação da Huawei, principal fornecedora de componentes para redes de quinta geração.

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Com entraves como esse, a população terá de ter paciência. No começo desse ano, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, afirmou que o 5G só deve começar a funcionar por aqui em 2022. “Tenho que ter pelo menos uma estratégia de mitigação. Imagino que no fim de 2021 e começo de 2022 comece a ter implementação de um piloto”, afirmou. “É preciso ter uma infraestrutura preparada. Há a conversa com as prefeituras para instalação de antenas, porque o 5G exige uma quantidade grande, e a regulamentação é das prefeituras. Queríamos fazer o leilão em março, mas tivemos que segurar”.

A burocracia das antenas

Outro problema que o país pode enfrentar para uma adoção rápida do 5G - e que já vem de longe - é a burocracia pública para a instalação das antenas. No começo deste mês, o país atingiu a marca de 100 mil antenas de telefonia e internet móvel ativas em todo território nacional. No entanto, a quantidade ainda é considerada insuficiente para atender a demanda no país, afirmam especialistas.

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“Instalar antenas no Brasil, mesmo tendo investimentos disponíveis para tal, não é tarefa fácil. Há no País mais de 300 leis municipais que dificultam e, muitas vezes, impedem a instalação dessa infraestrutura", declarou Ferrari. "Em muitos municípios faltam legislações mais modernas, o que impede o avanço ainda mais rápido das redes. Em algumas cidades o licenciamento leva até dois anos para sair".

Segundo a entidade, o ritmo do licenciamento de antenas pelas prefeituras precisa ser acelerado para acompanhar a crescente demanda da população pelos serviços. A cada minuto, 33 novos chips de 4G são ativados no País e o uso da internet tem sido essencial na vida dos brasileiros, principalmente pela exigência de quarentena causada pelo coronavírus.

Ainda segundo a SindiTelebrasil, em grandes metrópoles brasileiras, existem mais de 4 mil pedidos de instalação de antenas apresentados pelas operadoras e aguardando licenciamento pelas prefeituras. Esses pedidos representam cerca de R$ 2 bilhões em investimentos. “O número de antenas, apesar do avanço expressivo, ainda está muito aquém da necessidade de cobertura no País para promover uma maior inclusão digital”, comentou Ferrari.

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Potencial do 5G desperdiçado

Por fim, o atraso na implementação do 5G no Brasil faz com que seja desperdiçado um potencial econômico tremendo. Uma pesquisa feita em conjunto pela consultoria OMDIA e a Nokia apontou quinta geração de redes móveis pode gerar mais de R$ 5,5 trilhões ao país nos próximos 15 anos.

A pesquisa, que leva o nome de “Um passo à frente: como o 5G impulsionará a produtividade e a transformação digital no Brasil”, indicou que implementação do 5G no próximo ano deveria atingir o potencial para gerar, em média, o aumento de 1 ponto percentual no PIB do País por ano, entre 2021 e 2035.

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O estudo da OMDIA indica que seis verticais serão as mais beneficiadas pela implementação do 5G no Brasil com aumentos de faturamento em 15 anos: os TICs (tecnologia da informação e comunicações - US$ 241 bilhões); governo (US$ 189 bilhões); manufatura (US$ 181 bilhões); serviços (US$ 152 bilhões); varejo (US$ 88 bilhões) e agricultura (US$ 76 bilhões).

Segundo Ari Lopes, senior manager da Americas OMDIA, se faz urgente colocar em prática o 5G no Brasil já em 2021. “Tempo é um luxo que não temos”, pontuou o executivo sobre a adoção da nova tecnologia no País. "O atual momento da pandemia mostrou claramente que as redes de telecomunicações têm um papel fundamental para manter a população conectada em todos os aspectos. Desta forma, o 5G trará transformações em todas as funções e níveis de negócios, sendo essencial para o desenvolvimento do Brasil, impulsionando as inovações e impactando positivamente na vida das pessoas e da sociedade como um todo", afirmou o executivo. afirma o responsável pela OMDIA na América Latina.,