Pix: sistema do BC permitirá saques em dinheiro em lojas a partir de 2021
Por Rui Maciel |
Previsto para entrar em funcionamento a partir de 16 de novembro, o Pix, sistema instantâneo de pagamentos e transferências desenvolvido pelo Banco Central (BC) terá diversas funções. E uma das principais delas é a possibilidade de efetuar saques em dinheiro em estabelecimentos comerciais pelo país e cujo funcionamento está previsto para o primeiro semestre de 2021.
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A informação foi dada pelo diretor da Organização do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), João Manoel de Mello, na última quinta-feira (20). Segundo ele, a funcionalidade permitirá "diminuir o custo de manejo de dinheiro no varejo e oferecer a possibilidade de um serviço, uma conveniência, ao consumidor".
Como funcionará o recurso de saque no Pix
Segundo o site da Época Negócios, para efetuar um saque por meio do Pix, o consumidor, ao chegar no caixa de um estabelecimento autorizado, deve informar que deseja realizar o saque de um determinado valor por meio do sistema do BC. Dessa forma, o atendente escolhe tal opção na maquina de cartão, que exibirá um QR Code na tela. A seguir, o usuário usa o smartphone para ler esse código e realizar o pagamento da quantia que ele deseja sacar em espécie, mais a tarifa cobrada pelo procedimento. Confirmada a operação, o atendente separa o dinheiro do caixa e entrega ao cliente.
Além de diminuir os custos de manejo, o BC espera que essa funcionalidade diminua a dependência do consumidor em relação aos caixas eletrônicos para ter acesso ao dinheiro em espécie, uma vez que esses terminais tem distribuição deficiente em muitos pontos do Brasil. Além disso, ainda que o BC não tenha confirmado, a tendência é que as tarifas de saque sejam menores que as cobradas pelo sistema bancário do país.
PicPay já terá essa função de saque
O Pix não será o primeiro sistema a contar com essa funcionalidade em lojas e afins. Na última segunda-feira (17), a PicPay anunciou uma parceria com a Brink´s, que permitirá aos usuários da carteira digital realizar saques e depósitos em dinheiro em mais de 230 mil estabelecimentos varejistas, incluindo caixas de supermercados.
Com a solução, o usuário do PicPay pode realizar saques ou o depósitos nas lojas de varejo que utilizam a rede Brink's Pay - plataforma de gestão financeira para o varejo da Brink´s. O usuário saberá qual loja está disponível pela geolocalização do app. A plataforma da Brinks Pay já é conectada a cerca de 230 mil varejistas em 2.600 cidades de todo o Brasil. A funcionalidade está em fase de testes e estará disponível a partir de outubro deste ano em todos os clientes da Brinks.
No aplicativo do PicPay será disponibilizada para o usuário uma nova função para que os saques ou depósitos sejam efetuados. Ao clicar nesse campo, o usuário será direcionado para uma tela, que, através da geolocalização, indicará os pontos da rede Brink’s Pay no entorno, onde o serviço está disponível. Então, basta que o usuário se dirija ao caixa do estabelecimento, mostre o QR Code no aplicativo do PicPay e finalize a transação recebendo (se saque) ou entregando (se depósito) o dinheiro físico.
Tanto o saque quanto o depósito são realizados e confirmados por meio da leitura de um QR Code gerado na hora no caixa. A operação de depósito beneficiará principalmente quem costuma receber pagamentos em dinheiro em espécie, como diaristas, vendedores, ajudantes de obras, entre outros: o caixa do varejo poderá receber o dinheiro e transferi-lo para a conta PicPay do usuário.
"Este movimento ajuda a bancarizar uma população até então desassistida pelas instituições financeiras tradicionais. E também facilita a vida de quem tem conta em banco mas não mora perto de nenhuma agência", afirma Elvis Tinti, diretor comercial do PicPay. "Há cidades pequenas no Brasil que não dispõem de bancos ou caixas eletrônicos (ATMs). O varejo fará esse papel, movimentando a economia dessas regiões com o aumento do fluxo de pessoas no comércio local, como a padaria, a mercearia, a farmácia".
Gratuidade para pessoas físicas
Além da função de saque, o diretor do BC anunciou também que as funcionalidades de pagamento e transferência do Pix serão gratuitas para pessoas físicas.
No entanto, Mello negou que a gratuidade da solução represente um tabelamento por parte da autoridade monetária. “Isso [a gratuidade do Pix para pessoas físicas] não significa de modo algum que haja movimento de tabelamento por parte do Banco Central", afirmou ele. "Há diversos outros pontos do ecossistema abertos a todos os provedores de serviços de pagamento com capacidade de remuneração”.
Ainda de acordo com o diretor, o BC editará uma norma específica para detalhar onde o uso do Pix pode ser tarifado para pessoas jurídicas. Ele não deu prazos para a publicação da regra, mas disse que a demora na regulamentação está causando ansiedade nos operadores de mercado. Mello informou ainda ser importante levar em conta que existem meios eletrônicos de pagamento semelhantes que também funcionam sem cobrança de tarifa para pessoas físicas. De acordo com ele, a regulação do BC apenas procurará dar tratamento igual aos diversos sistemas de pagamento. De acordo com a autoridade monetária, o Pix custará R$ 0,01 para cada dez transações, mas o custo será assumido pelas pessoas jurídicas que aderirem ao sistema.
Como o Pix funcionará
O Pix funcionará 24 horas por dia, sete dias por semana e promete ser mais barato e rápido que processos de transferências tradicionais, como TED e DOC. Quase mil instituições já aderiram à plataforma e já estão testando o sistema e participando da etapa de homologação. Entre elas, estão grandes bancos, como Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander, bem como fintechs, como Nubank e PicPay e até mesmo cooperativas.
A plataforma também aceitará transações com criptomoedas como o Bitcoin. Além disso, a instituição afirmou que empresas de criptoativos também poderão participar da plataforma, sem sofrer nenhuma restrição. No mais, as instituições de pagamento não reguladas pelo BC participam mediante contratação de participante responsável, que avaliará a capacidade técnico-operacional e a integralização do capital mínimo requerido, além de atuar como liquidante.
De forma geral, a ideia é que o PIX seja um sistema de pagamentos instantâneos mais eficiente do que os atuais métodos de transferir dinheiro, seja entre duas contas correntes ou na compra de produtos, por exemplo. Outra vantagem é que a plataforma permitirá o pagamento de taxas para emissão de documentos, sem que a empresa precise emitir guias de recolhimento e tenha de ir até uma agência bancária para efetuar o pagamento. Todo o processo poderá ser feito via QR Code ou equipamentos que usem tecnologia NFC.
Em outras palavras, um estabelecimento de pequeno porte, por exemplo, ou um órgão público, podem oferecer um QR Code a partir de um banner e pedir que o cliente escaneio o código com o seu smartphone, a partir de um aplicativo. Quando isso é feito, ele digita o valor a ser pago e o PIX fará a transferência instantânea para conta do comerciante ou governo.
Com esse processo, não será mais necessário utilizar a compensação bancária, cujo custo é dos mais altos .Além disso, a aceleração da transferência de valores permite que juros por atraso também deixem de ser cobrados, já que o processo passa a ser instantâneo em qualquer dia do ano.
No caso de empresas, a plataforma traz vantagens em relação ao pagamento por cartão de débito. Isso porque o consumidor pagante não precisará ter conta em banco, como ocorre com os cartões. Bastará abastecer a carteira digital do Pix para enviar e receber dinheiro.
O BC também autorizou que as instituições bancárias realizem campanhas informativas e educacionais sobre o Pix. No entanto, ações publicitárias e campanhas de marketing sobre a plataforma somente somente serão permitidas após a divulgação definitiva do manual de uso da marca, cujo lançamento está previsto para julho.
Com informações da Época Negócios