Tudo que você precisa saber sobre a primeira recarga do seu celular
Por Bruno Salutes • Editado por Guadalupe Carniel | •
Quem vivenciou os primórdios dos celulares se lembra muito bem de como era a rotina. Além de custar uma fábula, os aparelhos não eram tão modernos quanto os que temos atualmente, muitas vezes dando mais problemas do que soluções aos seus usuários. A bateria era constantemente alvo de mitos, e alguns diziam que a primeira carga deveria durar horas para que ela não viciasse. Mas, será que isso vale até hoje?
Com a evolução dos aparelhos, foi necessário que as baterias também evoluíssem. Antigamente, ao adquirir um celular, tínhamos que dar uma carga completa no aparelho caso ele viesse com 0%. E se ele estivesse com alguma carga, era necessário zerar o contador e fazer o carregamento em 100%.
Isso acontecia porque tínhamos que evitar o famigerado "efeito memória" nas baterias de níquel-cádmio. Quando não fazíamos essas peripécias para agradar às baterias, elas acabavam ficando viciadas e esgotando sua capacidade muito rapidamente.
Hoje, graças ao avanço da tecnologia e com a chegada das baterias de íons de lítio, não precisamos mais passar por isso. Contudo, vamos entender o que mudou de lá para cá.
Celular novo precisa carregar por quanto tempo?
As baterias, de modo geral, fornecem energia para os aparelhos por meio de reações químicas para gerar uma corrente elétrica na forma de elétrons, que viajam do polo negativo da bateria, alimentam o aparelho, e voltam pelo polo positivo. A bateria acaba quando esses elétrons já percorreram todo o caminho do negativo para o positivo. E é aí que morava o problema nos exemplares de níquel-cádmio.
Ao deixar a bateria com alguma carga, os elétrons "sossegavam", por assim dizer, nos polos. Então, quando espetávamos o celular na tomada para carregar, era como se o sistema de carregamento do aparelho identificasse que ele estava, de fato, vazio. Mas, obviamente, não estava. Daí, surgia o vício do dispositivo.
Tudo bem que antes as baterias chegavam a durar dias, mas nem de longe os celulares antigos tinham as funções de hoje, o que certamente fez com que os dispositivos consumissem muito mais energia. Mas o jogo virou.
Primeira recarga: como funciona hoje?
Hoje, com as baterias de íons de lítio, não se faz mais necessária a primeira carga completa ou o esgotamento dela caso ela venha de fábrica com alguma energia. Isso acontece porque as elas não possuem mais o efeito memória.
A bateria de íons de lítio tem quatro partes internas principais: o anodo, para a carga positiva; o cátodo, para a negativa; o separador, que separa o óxido de cobalto do lítio; e as próprias camadas de íons de lítio, que surgem dessa separação.
As lâminas internas, que compõem o catodo e anodo, são compostas de óxido de cobalto, íons de lítio, cobre e grafite. Quando a bateria entra em uso, os íons de lítio percorrem o caminho do anodo para o catodo, passando através do separador e se ligando ao óxido de cobalto. Quando isso ocorre, sobra basicamente um elétron por íon de lítio, que é "capturado" pelo anodo de grafite e gera a carga/energia.
Quando não há mais íons de lítio para serem transportados, a reação química acaba, fazendo com que a energia da bateria esgote. Quando recarregamos a bateria, o processo inverso ocorre, fazendo com que os íons de lítio voltem para o seu lugar.
É por isso que o vício não acontece mais e podemos carregar nossas baterias como bem entendemos. Esse "efeito memória" foi substituído por ciclos de bateria, que alteram a durabilidade e o funcionamento do componente. Isso, porém, não exclui o fato de que temos que ter um certo cuidado com smartphones e fontes de energia.
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Além disso, modelos de smartphones e carregadores costumam ser acompanhados por tecnologias de carregamento rápido, que fornece uma grande quantidade de carga em apenas poucos minutos de uso. Caso tenha adquirido um aparelho recentemente e queira reforçar a carga da bateria rapidamente, essa é uma opção.
Cuidados com a bateria
Apesar da evolução das baterias, temos que ter alguns cuidados para preservar não apenas esse dispositivo, mas também o aparelho. Afinal de contas, estamos lidando com correntes elétricas e todo o cuidado é pouco. Por isso, empresas como Samsung, Xiaomi, Apple e outras orientam seus clientes a evitarem certos comportamentos:
- Não deixar o aparelho em cobertas, sofás e travesseiros enquanto estiverem sendo carregados;
- Não utilizar carregadores paralelos e de outras marcas que não sejam as do seu telefone;
- Para o caso de fios descascados ou tomadas com mau contato, suspenda o carregamento imediatamente;
- Evite o uso de adaptadores de tomadas (benjamins);
- Em caso de tempestades ou descargar elétricas, suspenda o carregamento;
- Evite usar o aparelho durante o carregamento, pode superaquecer;
- Não deixe a bateria acabar. Carregue-a quando o próprio celular solicitar.