Prévia Doctor Who | Um novo Doutor para trazer vida à série
Por André Mello • Editado por Durval Ramos |
Doctor Who chegou aos 60 anos de existência em meio a várias mudanças significativas. Despedindo-se da era anterior, a BBC produziu três especiais com um décimo quarto Doutor, novamente interpretado por David Tennant, apenas para que ele se regenerasse e se transformasse no Décimo Quinto Doutor, interpretado por Ncuti Gatwa (Sex Education).
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Se essa mudança não fosse suficiente, Russell T. Davies, responsável por produzir o chamado "Novo Doctor Who", na retomada da série em 2005, retornou ao seriado, que ganhou transmissão global através do Disney+.
Os especiais com Tennant e esse episódio de Natal foram disponibilizados no streaming da Disney, e independente de sua qualidade, ainda eram bastante focados nos fãs de longa data da série britânica. Como será que essa nova era de Doctor Who, com um alcance ainda maior, vai começar?
Nós assistimos aos dois primeiros episódios da nova temporada e podemos dizer que tudo começou muito bem, inclusive para novos espectadores.
Abraçando novos e antigos fãs
A nova temporada de Doctor Who começa exatamente de onde o especial de Natal terminou, com o Doutor recepcionando Ruby Sunday, interpretada pela atriz Millie Gibson, à TARDIS.
Os primeiros minutos do episódio, e de certa forma os dois primeiros episódios, servem para mostrar a personalidade do novo Doutor, assim como apresentar para quem está caindo de paraquedas o conceito básico da série.
Algo que achei bastante interessante foi que Russell T. Davies usou sua experiência com o Doutor para aproveitar o carisma de Gatwa no papel e levar o espectador pela mão sem que isso ficasse explícito. Ao falar mais sobre quem ele é, o que faz e porque para Ruby, o Doutor se apresenta também ao novo público. No embalo, o ator esbanja carisma para conquistar os fãs de longa data.
Confesso ser um fã de Doctor Who a partir do Nono Doutor, como boa parte dos fãs atuais, e percebi que ao longo dos anos, as histórias e a própria personalidade do personagem foi se tornando cada vez mais sombria. Algo que me encantava bastante em alguns episódios era que o Doutor, apesar de ter milhares de anos e ter passado por momentos bastante complexos, ainda conseguia passar uma certa magia pelo novo, uma leveza frente a perigos.
As últimas temporadas pareciam muito focadas em mergulhar cada vez mais fundo na própria mitologia que pareciam perder aquilo que fazia Doctor Who funcionar, até mesmo desperdiçando em vários episódios atores como Peter Capaldi (O Esquadrão Suicida) e Jodie Whittaker (Broadchurch).
Isso parece ter sido resolvido nesses primeiros episódios da temporada, que ainda que tenham um fundo que deve se desenvolver nos próximos capítulos, ainda são relativamente leves e divertidos.
O primeiro episódio, que mostra o Doutor e Ruby em uma nave espacial no futuro cheia de bebês é o tipo de história que no papel é completamente besta, mas que funciona muito bem em Doctor Who. O episódio seguinte, que leva a dupla até a gravação do primeiro disco dos Beatles já entrega momentos mais sérios, mas que ainda têm espaço para abraçar a galhofa como os melhores capítulos de seriado abraçaram.
Ncuti Gatwa é o Doutor
Meu Doutor favorito é o Nono, interpretado por Christopher Eccleston (True Detective), por mais que ele tenha participado de apenas uma temporada. Existe algo nele que eu considero muito legal, seguido pelo Décimo Segundo Doutor, interpretado por Peter Capaldi. Basicamente, gente doida e resmungona.
Só que algo que sempre me diverte é como mesmo mudando a sua aparência e personalidade, o Doutor em seus melhores momentos traz uma aura de aventura e magia. Apesar de ter gostado do episódio de Natal, não tinha visto tanto isso em Ncuti Gatwa. Isso mudou nesses primeiros episódios da temporada.
O ator é extremamente carismático e abraça a ideia de um homem louco dentro da uma cabine, viajando pelo espaço e tempo, encantado com as maravilhas do universo enquanto ajuda aqueles que precisam. Ele tem um lado sério, vindo dos acontecimentos do seu passado, mas olha para frente com esperança e mágica, como acredito que o personagem deveria ser.
A química entre Gatwa e Millie Gibson, a nova companheira do Doutor, é incrível e Gibson consegue agradar bastante nesse começo de temporada. Existe uma linha de história sobre ela e seu passado que deve ser explorada ao longo dos próximos episódios, mas a sua personalidade, aliada com a atuação da atriz britânica, ajuda a gostar logo de cara dela.
Algumas pessoas podem achar a série um pouco infantil demais em alguns momentos, mas isso é algo que sempre fez parte de Doctor Who. É notável que a BBC aproveitou bastante o dinheiro investido pela Disney na compra dos direitos de transmissão, já que os efeitos da série estão bem melhores.
O seriado parece mais bonito, com as ideias do papel finalmente sendo bem aplicadas na tela, com um orçamento maior que uma cartolina, papel crepom e sonhos.
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Vale a pena para todo mundo
A nova temporada de Doctor Who pode ser indicada para todos os públicos. Crianças, adultos, antigos fãs ou pessoas que não fazem noção do que se trata a série. Com o que realmente importa sendo explicado logo de cara, a chegada do seriado à Disney+ deve ser uma porta de entrada para uma nova geração de fãs.
Não sei se isso significa que Doctor Who se tornará uma nova febre, mas somente o fato de ter a série acessível em um streaming do tamanho da Disney+, com episódios liberados junto com a BBC, já deve deixar todo mundo feliz.
A nova temporada de Doctor Who estreia no Disney+ no dia 10 de maio.