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Crítica True Detective Temporada 4 | A longa noite é fria e impiedosa

Por| Editado por Durval Ramos | 20 de Fevereiro de 2024 às 10h05

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HBO
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True Detective é uma série que, quando estreou sua primeira temporada, deixou claro que todo o prestígio que a HBO carregou por anos ainda era mais do que presente, entregando uma história que prendia a atenção do espectador, com diálogos profundos e atuações incríveis. Só que, ironicamente, toda essa excelência se tornou uma maldição para a série, que não conseguiu manter a mesma qualidade nos anos seguintes.

Chegando na sua quarta temporada, True Detective tenta recuperar a atenção da crítica e, principalmente, do público, com uma nova showrunner e uma história com um cenário que, por si só, já parece bem mais interessante que os últimos dois capítulos de sua antologia. Ao final dos seus seis episódios, é possível dizer com tranquilidade que o seriado pode alcançar ou até ultrapassar a glória da primeira temporada, ainda que essa tentativa seja mais irregular que o esperado.

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Tudo novo, mas familiar

True Detective é uma antologia, com cada temporada contando uma história diferente, em um cenário distinto e novos personagens. Se a primeira temporada marcou os fãs com a investigação de assassinatos pelos detetives interpretados pelos possivelmente irmãos Woody Harrelson (Zumbilândia) e Matthew McConaughey (Interestelar), as histórias seguintes não agradaram tanto assim.

Por criar uma fórmula bem distinta logo na sua estreia, a segunda temporada do seriado tomou muita porrada por ser diferente. Ela está longe de ser perfeita, mas também não era desastrosa como foi falado na época. A terceira temporada, estrelada por Mahershala Ali (Moonlight: Sob a Luz do Luar), tentou se aproximar mais do estilo da primeira trama, mas foi esquecida pois parecia uma cópia.

Diante dessa trajetória bastante irrgular e até decadente, a chegada de Terra Noturna aposta em uma renovação nos bastidores para recuperar o brilho de outrora. A série trouxe a diretora mexicana Issa López (Tigres Não Têm Medo) como showrunner, substituindo o criador da série, Nic Pizzolatto, o que realmente funciona para trazer novos ares, ainda que de todas as temporadas subsequentes, é a que parece mais próxima do espírito da primeira.

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Dessa vez, acompanhamos a Chefe Liz Danvers, interpretada por Jodie Foster (O Silêncio dos Inocentes), e a policial Evangeline Navarro, interpretada por Kali Reis (Catch the Fair One). Elas trabalham na cidade de Ennis, no Alasca, onde o sol se põe em dezembro e, durante um longo período, a região é tomada pela escuridão.

É nesse cenário que um grupo de cientistas de uma estação de pesquisa no meio do gelo simplesmente some no meio de uma nevasca, deixando para trás todas as suas roupas. Quando eles são encontrados congelados, é iniciada uma investigação para descobrir o motivo pelo qual eles foram até lá, que pode estar conectado com o assassinato de uma ativista, morta anos antes.

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Mais simples, mas não mais fácil

A trama de Terra Noturna acaba sendo consideravelmente mais simples de acompanhar que a de temporadas passadas. Por tentar contar a história de maneira linear, trazendo alguns flashbacks que ajudam a contextualizar personagens e outros acontecimentos, ela parece uma série sem muitos truques que escondem a verdade do espectador.

Um foco bem grande na dupla de detetives, interpretadas com excelência por Foster e Reis, também ajuda nesse aspecto. O Canaltech teve a oportunidade de conversar com um dos atores da série, Finn Bennett (The Nevers), que interpreta o oficial Peter Prior, sobre como foi atuar com uma atriz como Jodie Foster, já que seus personagens trabalham bem próximos um do outro.

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Bennett comentou que estar ao lado de nomes como Jodie Foster, Kali Reis e John Hawkes, que interpreta o seu pai na série, foi excelente pois eles eram tão bons que faziam o resto do elenco também querer se destacar e trabalhar mais duro em suas cenas. Assistindo aos episódios, principalmente a reta final da temporada, isso fica bastante claro.

Os capítulos são construídos de maneira bastante satisfatória e os dilemas dos personagens são bem desenvolvidos, principalmente os de Foster, Reis e Bennett. Peter Prior, o personagem de Bennett, tem o arco mais pronunciado da temporada, e mesmo seguindo por um caminho até certo ponto óbvio, a série ainda consegue surpreender o espectador.

A forma como a série também aborda o relacionamento que os povos nativos do Alasca precisam lidar com a presença de indústrias poluindo a região também é bastante válida, ainda que a série falhe em mostrar o real impacto de uma mineradora, vista como um grande problema para a cidade e que parece apenas ser alvo de ativistas, enquanto gera trabalho para os habitantes.

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O sobrenatural e o racional andando de mãos dadas

A primeira temporada de True Detective flerta bastante com temas sobrenaturais, além de seitas, religiosidade, serial killers e a brutalidade do homem. Enquanto as temporadas seguintes deixaram essa combinação de lado, a racionalidade e o além novamente andam lado a lado na quarta temporada.

Issa López, showrunner e roteirista dos episódios, mostra sua experiência com filmes de terror, como o citado Tigres Não Têm Medo, para criar uma atmosfera em que o espectador não sabe muito bem se o que está vendo é algo real ou não. Uma breve e quase insignificante ligação entre a primeira e quarta temporadas — a primeira vez que as histórias da série de fato cruzam — mostra exatamente esse flerte com o oculto.

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Mesmo não causando o mesmo impacto da primeira temporada, True Detective: Terra Noturna mostra o valor da ideia por trás da série, entregando uma história bastante envolvente e satisfatória com seus seis episódios. Com a continuidade da antologia, fica a possibilidade que novos criadores possam assumir novas temporadas, contando novas tramas, assim como já fizeram Pizzolatto e López.

True Detective está disponível na HBO Max.