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Crítica | The Liberator é boa história de guerra, e conquista pelo visual

Por| 14 de Novembro de 2020 às 10h00

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix

Um dos momentos mais tristes da história recente da humanidade é a Segunda Guerra Mundial, junto a ascensão do nazismo. Os Estados Unidos estiveram muito envolvidos nos combates, rendendo bastante assunto para o mundo do entretenimento, pois não é difícil encontrar diversas séries, filmes, documentários e livros sobre o tema.

Para diferenciar um pouco do tradicional de produções de guerra, a Netflix acaba de inserir em seu catálogo uma série sobre o tema que é um tanto quanto diferente. Em The Liberator, que conta com apenas quatro episódios, vemos a história sendo contada em um formato que é praticamente um live-action, mas que transforma os atores e os cenários, no caso muitos fundos verdes, em uma animação completa.

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Atenção: esta crítica contém spoilers de The Liberator!

A série The Liberator nasceu a partir de um livro chamado The Liberator: A Odisséia de 500 dias de um soldado da Segunda Guerra Mundial das praias da Sicília aos portões de Dachau, publicado em 2012, e foi ao ar no último dia 11 de novembro em homenagem ao Veterans Day. Na data, os Estados Unidos reconhecem seus soldados de guerra, os que se foram e os sobreviventes.

As imagens da produção são todas feitas com uma técnica parente da rotoscopia, essa que consiste em redesenhar os quadros de uma filmagem para a transformar em uma animação. É claro que grande parte das cenas parecem ter se apoiado em muito cenários verdes, o que não impediu, no entanto, que objetos como paredes, portas, pedras, plantas e outros elementos não entrassem em sintonia dos personagens, uma vez que é muito fácil perceber que eles são reais, são atores de verdade.

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A rotoscopia pode ser vista em outros títulos, como em vários filmes de Star Wars, em O Rei Leão, A Bela e a Fera, As Viagens de Gulliver, entre muitos outros. Porém, em The Liberator, o que acontece é a técnica chamada Enhanced Hybrid Animation, ou trioscope, talvez "trioscopia" na tradução para o português, que ainda não existe. Ela foi inventada pelo estúdio de animação School of Human, sendo a trama a sua primeira amostra.

Essa tecnologia fornece a característica da trama por completo, já que a animação permanece a mesma do começo ao fim, em 100% das cenas, deixando na tela uma imagem que mais parece uma "textura" de gibi, como se fosse possível tocar e sentir. De fato, assistir à trama é uma experiência única.

Mas não só de visual é feita a série The Liberator, como também de uma história que emociona, não deixando de lado a fórmula das produções que falam sobre a guerra. O protagonismo fica por conta do ator Bradley James, que pode ser visto nos filmes Anjos da Noite: Guerras de Sangue (2016), Merlin: O Começo da Lenda (1998), e nas séries iZombie e Homeland. Na trama, ele interpreta Felix Sparks, que comanda o 3° Batalhão do 167° Regimento de Infantaria da Segunda Guerra Mundial.

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O foco da série é abordar não só os desafios de enfrentar os inimigos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, como também mostrar na prática a discriminação que existia nos Estados Unidos naquela época, quando vários indígenas e mexicanos-americanos também foram lutar pelo país. Há falas de preconceito estrategicamente encaixada nos diálogos, fazendo com que a resposta funcione como uma "ficha caindo" não só para quem está rebatendo o comentário preconceituoso, como para quem está assistindo e talvez nunca pode ter pensado naquilo.

Felix é o grande líder desses soldados e também a pessoa mais desconstruída do time, que em momento algum poupa esforços para vencer os nazistas e fascistas, e toda a crueldade que esteve por trás dessa terrível ideologia criada por Hitler. No entanto, suas decisões não são todas perfeitas, assim como os seus soldados, que com erros e acertos acabam sofrendo as consequências inevitáveis da violência de uma guerra. Entre feridos e mortos, não há como não se sentir empático diante daquela situação que, mesmo acabando em sobrevivência, deixa sequelas por toda a vida.

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Os gráficos da série acabam chamando mais atenção que a história em si, assim como a atuação do elenco, que por sinal não deixa a desejar. É uma técnica tão diferente que muitas vezes você se flagra analisando cada detalhe, cada contorno, as cores, as feições e o cenário, se deixando levar pela distração. Por outro lado, não é uma história complicada e difícil de entender, até mesmo por quem não conhece muito bem a história e não está acostumado com a temática.

Mais do que tiros, mortes e confrontos, The Liberator traz uma humanização a mais para a Segunda Guerra Mundial, trazendo reflexões e empatia para o outro lado da tela, despertando uma curiosidade em conferir mais histórias reais sobre aquela época. A trama foi baseada em fatos, mostrando ao fim do último episódio o que aconteceu com os personagens principais.

The Liberator está disponível na Netflix em quatro episódios.