Crítica Loki | Segunda temporada alcança seu propósito glorioso
Por André Mello • Editado por Durval Ramos | •
Desde sua primeira participação em Thor, Loki Laufeyson (Tom Hiddleston) demonstrou magnetismo e uma vontade de ser alguém, de conseguir realizar atos grandiosos, pois teria nascido para isso. Ao longo dos anos, o personagem passou a ganhar cada vez mais destaque, sendo o primeiro grande oponente dos Vingadores.
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Tudo acabou nas mãos de Thanos, que matou o irmão de Thor e encerrou a sua história no Universo Cinematográfico da Marvel. Só que Loki teve uma nova chance, graças à folia de viagem no tempo dos heróis.
A tentativa de fuga de Loki e sua captura pela TVA mostrou que toda a sua vida foi inútil. Ele nasceu para perder, mesmo que acreditasse estar destinado a ter um glorioso propósito. Em toda a primeira temporada de Loki, é exatamente isso que ele busca, se envolvendo em uma trama que envolvia realidades alternativas, Variantes, e até mesmo ter se apaixonado por uma versão variante sua.
Com a segunda temporada, Loki não só conseguiu avançar a trama geral do MCU, sendo peça fundamental da Saga do Multiverso, como também explora e desenvolve o personagem interpretado por Tom Hiddleston, finalmente mostrando onde ele merece estar dentro do grande esquema do Universo Marvel nos cinemas.
Correria e pseudociência
A segunda temporada de Loki começa exatamente de onde a primeira terminou, com a TVA em perigo após a morte de Aquele que Permanece. A temporada não perdeu tempo para resolver boa parte das dúvidas deixadas nos episódios anteriores, explicando logo de cara por que Mobius (Owen Wilson) não reconhecia Loki, que começa a "deslizar" pelo tempo sem controle.
Esses primeiros capítulos da temporada, enquanto eram exibidos, demonstravam uma correria sem tamanho, não perdendo tempo na tentativa de avançar a trama. Ao chegar ao final dos seis episódios, é possível dizer que esse clima desenfreado faz sentido, demonstrando a urgência que Loki tem para tentar resolver tudo antes que a destruição iminente chegue.
Isso leva Loki a conhecer OB, interpretado por Ke Huy Quan (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo), ótima adição ao elenco da série. OB é responsável por todas as criações da TVA, podendo ajudar o Deus da Mentira e Mobius a tentar resolver os problemas relacionados às timelines em colapso.
O personagem serve como o lado da pseudociência da temporada, tentando apresentar explicações técnicas por trás do motivo pelo colapso do multiverso. Apesar de boa parte dos episódios serem tomados por esse lado científico, causando ainda mais correria e loucura, isso serve para mostrar como Loki está disposto a crer em qualquer solução para o seu problema.
Desde o começo de sua participação no MCU, Loki tenta dar um jeito para resolver seus problemas de um jeito todo seu. Isso o levou no caminho até Thanos, causando sua morte. Quando teve a sua segunda chance, o Deus da Mentira tentou encontrar meios de se dar bem, aos poucos entendendo sua nova posição dentro da própria agência.
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A segunda temporada mostra que, por mais que, por outros motivos, ele continua tentando encontrar o jeito "inteligente" para resolver qualquer problema, mas se frustrando cada vez mais até entender exatamente as razões reais pelas quais tanto luta em sua vida.
Multiverso e escolhas
No desespero de tentar resolver os problemas do multiverso, Loki e Mobius acabam cruzando o caminho de Sylvie (Sophia Di Martino), que após eliminar Aquele que Permanece, partiu para uma nova timeline para tentar viver sua vida, e Victor Timely, uma variante de Kang que deu início às invenções que criaram a TVA.
A participação de Sylvie na segunda temporada, depois de ser um dos pontos altos da primeira, ficou bem abaixo do esperado. Talvez pela personagem não ter muito o que fazer, ela acaba se tornando apenas uma figurante de luxo em boa parte dos episódios, sem ter muito impacto na história além de trazer um peso emocional para as escolhas tomadas por Loki.
Já Victor Timely, interpretado por Jonathan Majors, traz uma versão diferente do esperado para uma variante do vilão Kang, mostrando que existem versões não propriamente cruéis e malignas do personagem. A forma como Majors interpreta Timely, devidamente como um personagem próprio e não apenas uma versão de Aquele que Permanece ou Kang, é bem interessante e ressalta algo que pode ou não ser um problema para a Marvel.
Kang, o Conquistador foi apresentado em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, sendo efetivamente derrotado pelos heróis em sua primeira aparição, mesmo sendo escolhido como a grande ameaça da Saga do Multiverso. A segunda temporada de Loki mostra que esse Kang, na verdade, não chega nem perto do que é Aquele que Permanece.
Essa Variante é muito mais ameaçadora e interessante, com Majors realmente mostrando todo o seu potencial como vilão e talvez sendo uma ameaça muito maior que Kang soltando raiozinho pelas mãos em Quantumania — que é tratado como um problema pequena da Terra-616 que já foi resolvido.
Aceitando o seu Glorioso Propósito
Depois de quatro episódios de pura correria e doideira, a temporada de Loki dá uma freada considerável no quinto episódio, que parece não trazer nada que avance a trama, mas pode ser o mais importante da série. É nesse episódio que Loki finalmente entende um motivo real para fazer o que faz, indo além de sua simples vontade de se dar bem por merecer um trono que nunca foi seu.
Boa parte das Variantes do Deus da Mentira que conhecemos ao longo da série busca um reconhecimento e um propósito que nem mesmo eles sabem exatamente qual é. Ao ver sua vida perante seus olhos, Loki percebeu que nasceu para perder. Que a existência dele consiste em ajudar os outros a terem uma chance de alcançar o seu potencial. Ele é uma escada e nada mais.
Foi assim com Thor, com os próprios Vingadores, que só se uniram pela primeira vez por causa dele. Após tentar compreender a ciência por trás da TVA e comprovar que ela não serve para nada, Loki mostra que tudo o que foi jogado nessa temporada o levou a um ponto em que ele finalmente entende o seu propósito.
Loki não quer perder os seus amigos. Ele entende que, ao fazer o que precisa, pode desencadear uma guerra que trará fim a tudo. Só que aquilo que pode vir em seguida pode ser melhor. Loki entende que seu Glorioso Propósito não é vencer, mas sim, ser o Deus que dá uma chance para os outros lutarem por algo melhor.
Dessa forma, a série de Loki serve como finalmente o pontapé para a grande guerra multiversal que veremos em Vingadores: Guerras Secretas, que pode muito bem trazer o soft reboot do MCU.
Só que ela também serve para fechar um ciclo de um dos personagens mais marcantes e carismáticos do Universo Marvel, interpretado de maneira excelente por Tom Hiddleston, e finalmente entregando a ele aquilo que ele sempre procurou, mas nunca encontrou pois sempre tentar dar um jeito para sair por cima de todos.
Loki finalmente alcançou o seu Glorioso Propósito. Para os fãs, resta uma das melhores produções do MCU. O que vem no futuro? Talvez somente o Deus da Mentira saiba.
As duas temporadas de Loki estão disponíveis no Disney+.