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Crítica Fubar | Em sua estreia em séries, Schwarzenegger ainda é o rei da ação

Por| Editado por Jones Oliveira | 29 de Maio de 2023 às 19h35

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Reprodução/Netflix
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Arnold Schwarzenegger é mesmo um fenômeno. O ícone do cinema de ação se tornou um dos maiores nomes de Hollywood mesmo falando mal inglês e nem tendo uma carreira de ator, mas com carisma e um porte físico que o levaram a se tornar um dos maiores nomes do gênero. E, em Fubar, o velho Schwarzza deixa bem claro o porquê disso.

A estreia do astro no mundo das séries de TV é um belo resumo de tudo o que faz do Schwarzenegger esse símbolo do cinema brucutu. Mais do que a pancadaria, os tiroteios e as explosões, é o carisma e a capacidade de rir de si mesmo que fizeram desse gigante austríaco um dos nomes mais queridos e conhecidos do mundo. E o seriado não só capta isso, como também se aproveita de todas essas características para contar uma boa história.

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Ainda que não seja original ou revolucionária, Fubar acerta naquilo que é mais importante. Mesclando a ação com elementos de comédia, ela se sustenta pelo bom humor de seu elenco e pela capacidade de seu protagonista de rir de si próprio. Em sua estreia em um novo tipo de produção, Schwarzenegger mostra que ainda está em excelente forma.

Sem se levar a sério

O grande mérito do ator ao longo de toda sua carreira foi justamente nunca se levar a sério. Ao mesmo tempo que viveu papéis icônicos como do Exterminador ou do Conan, ele também foi Um Tira no Jardim de Infância, irmão gêmeo de Danny DeVito e até engravidou em Junior. E Fubar replica muito bem essa característica.

A série gira em torno de Luke Brunner, um veterano agente da CIA prestes a se aposentar e viver a vida que sempre sonhou. Só que, antes de sair de cena, precisa partir em uma última missão: resgatar alguém que está infiltrado no grupo de um perigoso terrorista. O que ele não esperava era que a tal agente era sua filha Emma (Monica Barbaro), a qual ele não tinha ideia de que também era uma espiã, e a descoberta faz com que a relação entre eles seja a mais conflituosa possível — o que pode colocar toda a operação em risco.

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Só que esse é apenas o ponto de partida da trama. Enquanto tentam seguir os passos do criminoso, Luke e Emma precisam aprender a trabalhar juntos ao mesmo tempo em que os conflitos do restante da equipe também começam a surgir.

E é aí que o carisma de Schwarzenegger entra em cena. A série brinca bem com a ideia de que ele é esse experiente combatente, mas não esconde o peso da idade e faz piada em cima disso. E o modo com que o astro ri de si mesmo rende bons momentos, lembrando alguns desses clássicos da comédia de ação que ele estrelou na década de 1990.

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Esse tom mais leve funciona demais, pois ajuda a mascarar as próprias limitações da série. Mesmo com décadas de carreira, o ator não esconde suas limitações e esse jeito duro e travado de atuar se torna um charme a mais na construção desse personagem. Chega a ser injusto, já que é algo que remete àqueles filmes farofa que Schwarzza fez no passado e que dá um charme a Fubar ao invés de se tornar um problema.

Isso porque o seriado é 100% calcado nesse carisma que não é exatamente nostálgico, mas que vai atingir em cheio quem acompanhou a carreira do brucutu no seu auge. Mesmo sem se apoiar em referências a esses sucessos do passado, ele sabe aproveitar a estrela que tem.

Clima de sitcom

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Outro acerto enorme de Fubar é o formato adotado. A história desses dois agentes que precisam resolver as tretas familiares enquanto lutam contra um terrorista internacional é o tipo de trama que se encaixaria perfeitamente em um filme farofa de ação, mas que é expandida aqui por uma boa razão.

Ao transformar essa premissa bastante simples em uma série, a produção tem mais tempo para desenvolver não só a relação conturbada de pai e filha, mas também de toda a equipe. E isso dá a Fubar um clima inesperado de sitcom que permite um melhor desenvolvimento de seus personagens e temas ao mesmo tempo em que usa tudo isso para rir de si próprio.

Assim, embora a trama principal seja sempre a da caça a esse criminoso internacional — vivido aqui por Gabriel Luna (The Last of Us) —, cada episódio funciona como uma missão isolada que vai acrescentar no grande plano da CIA. É a mesma lógica que tínhamos nas séries policiais, mas de forma muito mais coesa.

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Isso permite que o roteiro explore o quanto Luke e Emma são parecidos, apesar de detestarem aceitar isso, ao mesmo tempo que também desenvolve suas vidas fora da agência. Esse lado civil e familiar é algo que aproxima tudo ainda mais das comédias de situação com eventos até bem bobinhos — como a tensão no noivado de Emma com Carter (Jay Baruchel) ou na luta de Luke para reconquistar sua ex-mulher (Fabiana Udenio) —, mas que contribuem para dar mais coração a tudo.

É claro que há partes que funcionam mais do que outras. A tensão romântica entre membros da equipe é explorada à exaustão e não funciona tão bem em nenhum dos casos e, em muitos momentos, serve só para fazer a história andar para o lado. Ao mesmo tempo, ajuda a dar mais profundidade a figuras que tinham tudo para ser apenas caricaturas de agentes.

O problema é que nem todos desses personagens têm estofo para sustentar essas tramas paralelas. Barry (Milan Carter) é um bom exemplo disso. Ele é o responsável pela parte tecnológica e de inteligência das operações e é retratado como o típico nerd, com sérios problemas de socialização, sem experiência com mulheres e com uma fixação anormal por cultura pop. E o que começa como algo legal por causa das referências que traz em seus diálogos logo escala para um clichê irritante de quem não consegue falar uma frase sem uma piadinha geek do tipo — e isso é tudo de profundidade que ele tem.

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É um dos vícios que Fubar traz da era de ouro de Schwarzenegger, mas que não funciona tão bem quanto há três décadas. Não só por ser um estereótipo, mas por ser um tipo de humor bobo que mais atrapalha do que ajuda e que contrasta demais com o tipo de comédia que a própria série propõe.

Divertido na medida

Ainda assim, não dá para negar o quanto Fubar é divertido. Sabendo do poder de sua estrela, o seriado aproveita tanto o carisma como a própria presença de Schwarzenegger para trazer uma comédia de ação bem ao estilo daquilo que o astro fez tão bem ao longo de sua carreira — e que nunca foi igualmente replicado, por mais que outros brucutus tenham tentado ao longo dos anos.

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Mesmo não sendo um ator de grandes interpretações, não há como não ficar feliz em rever o velho Schwarzza de volta às telas fazendo esse tipo de história mais leve e sempre aberto a rir de si mesmo. A estrutura de sitcom que permeia a grande trama de espionagem funciona bem tanto ao dar ritmo à narrativa como nas oportunidades para explorar e aprofundar seus personagens. Ainda que com alguns tropeços, o resultado é mais do que positivo.

E o fato de Fubar não se levar a sério é um trunfo enorme, pois esse jeito despretensioso de contar a reaproximação de pai e filha em uma família fora do comum é o que dá carisma a um roteiro que tinha tudo para ser um filme clichê em algo leve e cativante. Tanto que, mesmo trazendo um dos maiores ícones de Hollywood como seu protagonista, o seriado não se vende como uma megaprodução — a ponto de os efeitos visuais serem bem medianos, para ser sincero.

Baseado apenas no carisma e no coração, Fubar é uma enorme surpresa e um acerto maior ainda da Netflix. Schwarzenegger ainda está em excelente forma — o que nos deixa ainda mais empolgados para os próximos capítulos dessa sua relação com o streaming.

Fubar está disponível no catálogo da Netflix.