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Google e Apple vão banir apps que usam SDK que rastreia e vende sua localização

Por| 11 de Dezembro de 2020 às 23h30

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Reprodução/Jason Dent (Unsplash)
Reprodução/Jason Dent (Unsplash)

O Google e a Apple estão fechando o cerco contra a X-Mode, uma empresa norte-americana especializada em rastrear e comercializar dados de geolocalização de internautas através de apps de terceiros. Tanto a App Store quanto a Play Store anunciaram que irão banir, em breve, todo e qualquer aplicativo que utilize o SDK (biblioteca de códigos) da companhia em questão, no intuito de proteger a privacidade dos usuários.

Em um texto descritivo em seu próprio site oficial, a X-Mode afirma: “Estamos construindo o maior painel de dados de localização original e com foco em privacidade do mundo. Este novo padrão vai melhorar todo o ecossistema de dados de localização e permitirá que as empresas desenvolvam ferramentas inovadoras baseadas em dados de qualidade”. A marca foi fundada em 2015.

Na prática, o que ocorre é o seguinte: a X-Mode oferece aos desenvolvedores um conjunto de códigos a serem implementados em seus projetos, recompensando-os com um valor em dinheiro. Este código rastreia a localização do usuário do aplicativo em tempo real e transmite para o banco de dados da corporação, que comercializa essas informações para seus parceiros — que, é claro, são todos anônimos.

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Pois bem: a prática não está sendo bem vista pelo Google e pela Apple. O Gigante das Buscas deu uma semana para que os desenvolvedores retirem o SDK de seus apps, sob risco de retirá-los do marketplace; já a Maçã foi mais bondosa e estabeleceu o prazo de duas semanas. Segundo a própria X-Mode, seus scripts estão presentes em cerca de 400 aplicativos, sendo que — coincidência ou não — a maioria é focada no público muçulmano.

A situação complica quando levamos em conta que, segundo uma investigação do Motherboard, um dos principais clientes do X-Mode é o próprio governo dos Estados Unidos. Isso, atrelado ao fato de que a companhia tem rastreado a população muçulmana através de apps de relacionamento (por exemplo), cria um cenário realmente problemático no qual a tecnologia é usada para ferir a privacidade de um grupo étnico e/ou religioso.

Situações diferentes

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É interessante notar que a X-Mode está inclusive registrada no Departamento de Justiça da Califórnia como data broker — ou seja, uma corretora de dados, que coleta e negocia informações pessoais de forma online. Por conta da legislação local, a Califórnia mantém uma extensa lista de empresas que trabalham no ramo, dando orientações, inclusive, de como os cidadãos californianos podem proceder para solicitar a remoção de suas informações pessoais dos bancos de dados.

Também precisamos levar em conta que é extremamente comum que um aplicativo peça autorização do usuário para acessar sua geolocalização na primeira vez que ele for executado; o problema está na coleta silenciosa (sem o consentimento do usuário) e desnecessária (inerente às funcionalidades críticas do app), o que, ao que tudo indica, é o caso do SDK da X-Mode.

Fonte: The Verge, X-Mode, California DoJ