Varíola dos macacos tem vacina?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Para imunizar contra o vírus da varíola dos macacos (monkeypox), a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta para duas vacinas: a Jynneos e a ACAM2000. Apesar de existirem imunizantes seguros e eficazes contra o agente infeccioso, nenhum deles é usado em larga escala. Isso porque, de forma geral, casos não são comuns em países onde a doença não é endêmica — casos não são registrados de forma regular anualmente.
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A questão sobre a imunidade contra a varíola dos macacos passou a despertar o interesse de cientistas, de autoridades da saúde e da população em geral após centenas de casos atípicos da doença serem identificados, principalmente, na Europa e na América do Norte.
Vacina contra a varíola dos macacos
Em 2021, uma vacina desenvolvida especificamente para imunizar contra a varíola dos macacos foi autorizada nos Estados Unidos, a Jynneos. O desenvolvimento da fórmula foi comandado pela empresa de biotecnologia dinamarquesa Bavarian Nordic.
Segundo a agência Food and Drug Administration (FDA), esta é "uma vacina indicada para a prevenção da varíola comum e da varíola dos macacos em adultos com idade igual ou superior a 18 anos, com alto risco de infecção por varíola ou varíola dos macacos".
Por conta da baixa demanda até o surto descoberto em maio de 2022, existem poucas doses prontas da vacina Jynneos, segundo especialistas. Por exemplo, os EUA têm em seu estoque cerca de mil doses da fórmula.
Vacina contra varíola comum também é eficaz
Além do novo imunizante, a tradicional vacina usada contra a varíola comum (smallpox) também pode imunizar contra o vírus da varíola dos macacos devido à imunidade cruzada. "Historicamente, a vacinação contra a varíola demonstrou ser protetora contra a varíola dos macacos", afirma a OMS.
No entanto, a organização lembra que "a imunidade de proteção cruzada da vacinação contra a varíola será limitada a pessoas idosas", já que há mais de 40 anos a vacina não é aplicada de forma massiva em nenhum país. O fim das campanhas de imunização ocorreu antes da erradicação da varíola, em 1980.
Atualmente, alguns países têm em seus estoques a fórmula ACAM2000, produzida pela farmacêutica Emergent. A atual versão não contém o vírus vaccinia — desenvolvido para vacina —, mas carrega apenas partículas virais do patógeno.
Quando acabou a vacinação no Brasil?
No Brasil, os últimos casos conhecidos da varíola humana foram registrados em 1971, na cidade do Rio de Janeiro. Passados dois anos, em 1973, o país foi certificado por eliminar o agente infeccioso. Isso ocorreu antes da erradicação global da doença.
Para garantir que o país tivesse, de fato, eliminado a varíola, "a vacinação antivariólica continuou obrigatória na rotina dos serviços de saúde até o ano de 1975", conta o pesquisador Gilberto Hochman, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em artigo disponível no repositório SciELO.
Na época, o Brasil era um grande produtor da vacina. Entre 1966 e 1971, o país produziu cerca 268 milhões doses de vacina contra a varíola. Apesar do histórico, atualmente, não há mais doses da fórmula antiga no país e nem da versão repaginada.
De forma geral, quem nasceu antes de 1975 no Brasil, muito provavelmente, foi imunizado contra a versão humana da doença e, segundo alguns estudos científicos, ainda possuí imunidade contra o agente infeccioso. Nos últimos anos, nenhuma dose da vacina foi aplicada na população brasileira.
OMS recomenda vacinação em massa?
Mesmo que alguns países tenham entrado na corrida pelas vacinas, como os EUA e a França, a OMS defende que, no atual momento, o surto de casos da varíola dos macacos não requer vacinação em massa da população. Até final de maio de 2022, foram identificados oficialmente menos de 300 casos.
Independente do posicionamento geral, a OMS entende que nações, com estoques da vacina contra a varíola, podem planejar o uso destas doses. No entanto, a tendência é de que "os países considerem a vacinação oportuna de contatos próximos como profilaxia pós-exposição ou para certos grupos de profissionais de saúde para vacinação pré-exposição", já que seriam estas as pessoas com maior risco de contrair a infecção.