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Variante Gama, dominante no Brasil, pode ser contida com vacina e lockdown

Por| Editado por Luciana Zaramela | 09 de Agosto de 2021 às 18h30

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Lucigerma/Envato Elements
Lucigerma/Envato Elements

A partir dos dados de saúde da cidade de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, uma pesquisa brasileira identificou formas de controle de uma variante de preocupação (VOC) do coronavírus SARS-CoV-2, a Gama (P.1) — descoberta pela primeira vez em Manaus, no Amazonas. A conclusão é de que a vacinação e o lockdown são armas importantes para o controle da COVID-19.

Publicado na plataforma medRxiv, o preprint — estudo ainda não revisado por pares — comprovou a importância da vacinação contra a COVID-19 e a eficácia do lockdown de 15 dias, estipulado pela cidade no mês de março. Com essas medidas foi possível impedir o colapso vivido por Manaus em janeiro deste ano, onde faltou oxigênio para o tratamento dos doentes.

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“São conclusões esperadas, mas que precisam de uma comprovação clara por causa do ambiente em que vivemos. Nosso estudo confirma que as vacinas protegem da morte por COVID-19 e o lockdown funciona para reduzir a circulação do vírus. Fora isso, conseguimos demonstrar que a P.1 é, de fato, uma variante mais agressiva, algo que ainda não estava tão claro entre a comunidade científica”, explicou Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), para a Agência Fapesp.

Estudo sobre vacinas e lockdown

Durante o estudo de São José do Rio Preto, os pesquisadores analisaram 272 genomas completos do coronavírus e, dessa forma, detectaram a prevalência das variantes. Das 12 linhagens identificadas, a mais prevalente foi a Gama, que correspondia a 72,4% dos casos da COVID-19 analisados na cidade.

Além disso, a pesquisa observou que a cepa apresenta maior transmissibilidade e que ela foi associada ao aumento expressivo de casos graves (127%) e mortes (162%) entre março e abril deste ano. Mesmo com estes desafios, o novo estudo encontrou dois mecanismos eficazes para controlar a situação: vacinas e isolamento social intenso.

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Comparação com Manaus

“Os estudos realizados em Manaus indicavam a morte de um número muito alto de pessoas e, em janeiro, ocorreu o colapso total do sistema de saúde no Amazonas, faltou oxigênio, pessoas morreram sem conseguir respirar e até mesmo bebês em incubadoras [que não necessariamente tinham COVID-19] precisaram ser transferidos para receber tratamento em outros Estados. Além da variante, ocorreu uma série de outros fatores bem conhecidos que levaram a uma situação de crise humanitária”, explica o professor Nogueira sobre a situação da capital do Amazonas.

No entanto, a situação em Manaus era bastante diferente, já que, por lá, faltou adesão às medidas de proteção contra a COVID-19 e, em janeiro, as vacinas ainda não estavam sendo aplicadas no Brasil. Até chegar ao interior de São Paulo, em março, o cenário que a variante Gama encontrou era diferente e, pelo menos os idosos já estavam em processo de imunização. Em paralelo, a cidade tem um sistema de saúde mais robusto e adotou lockdown no pico da transmissão da variante.

“Em Rio Preto não houve colapso do sistema de saúde, nem faltou oxigênio. Foi muito duro o que aconteceu, chegamos a ter 300 pessoas em UTIs, mas sem atingir a lotação máxima. Tivemos um ou dois dias com 100% de ocupação de leitos. Mesmo com esse cenário melhor, a mortalidade foi muito maior que a dos picos anteriores. Isso se deu porque a P.1 é uma variante mais agressiva”, contou Nogueira.

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“Quando houve a disseminação da P.1 [Gama] no município, praticamente 100% dos maiores de 70 anos estavam vacinados, a maioria com CoronaVac. Segundo o estudo, as vacinas correspondem entre 60% e 70% de proteção contra a morte de casos graves nessa população vacinada, o que é uma ótima notícia”, completou o pesquisador.

Vale observar que este estudo foi realizado pelo Laboratório de Pesquisas em Virologia da Famerp, em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de São Paulo (USP), Fundação Bill &Melinda Gates, Universidade de Washington, University of Texas Medical Branch e Secretaria Municipal de Saúde de São José do Rio Preto, além do apoio da Fapesp.

Para acessar o estudo completo, clique aqui.

Fonte: Agência Fapesp