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Por que não usamos a letra grega Pi para nomear as novas variantes da covid?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Gerd Altmann/Pixabay
Gerd Altmann/Pixabay

Novas cepas e descendentes do coronavírus SARS-CoV-2 não param de surgir com nomes realmente estranhos, como a mais recente XBB.1.5. Neste cenário, alguns cientistas sugerem que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retome o uso das letras do alfabeto grego, como Pi, para facilitar a comunicação sobre as mutações da covid-19.

De forma provisória, a XBB.1.5 foi apelidada como a variante Kraken, em referência ao monstro marinho da mitologia nórdica. A criatura é conhecida por ser uma espécie de lula ou polvo com cem tentáculos, capaz de afundar navios. Embora o nome tenha bastante apelo popular, em especial nas redes sociais, está longe de ser uma nomenclatura oficial.

Por que a OMS não usa outra letra grega para as novas cepas da covid-19?

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Antes de seguirmos, vale explicar que a OMS passou a nomear apenas as variantes de preocupação (VOC) da covid-19 com letrar gregas, ainda em maio de 2021. Desde então, Alfa, Beta, Gama, Ômicron, Delta e Gama já foram usadas. Esta última variante é originária do Brasil e foi responsável por causar o colapso do sistema de saúde do estado do Amazonas. Agora, seria natural usar as outras letras do alfabeto para as novas cepas, mas a questão não é tão simples.

Hoje, para a OMS, as novas subvariantes da Ômicron, como a XBB.1.5, não se enquadram no critério de definição de uma nova variante. “Um novo título (ou seja, uma nova atribuição para uma Variante de Preocupação) será dado se houver uma variante suficientemente diferente em seu impacto na saúde pública e que exigirá uma mudança na resposta à saúde pública”, explica Christian Lindmeier, porta-voz da OMS, para a CNN Internacional.

Além disso, Lindmeier defende que “o fato de muitas subvariantes individuais não receberem seu próprio título não diminui a importância dessas subvariantes”.

Cepas em evidência descendem da Ômicron

Em debate sobre o atual momento epidemiológico do vírus da covid-19 no Brasil, a pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e uma das curadoras da plataforma Gisaid — o principal banco de dados genéticos do coronavírus no mundo —, Paola Resende, explica como a OMS acompanha as sublinhagens da Ômicron.

"Hoje, temos algumas linhagens que a OMS classifica como subvariantes da Ômicron sob monitoramento, que devem ser acompanhadas com atenção, porque podem ter maior impacto na circulação da covid-19", afirma Resende. "Nesse grupo, temos, por exemplo, a subvariante XBB e suas linhagens, incluindo a XBB.1.5", completa.

Comunicação pode ser facilitada com letra Pi?

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Embora o posicionamento da OMS seja bastante claro, alguns cientistas o questionam e defendem que as atuais subvariantes são diferentes da variante original ao ponto de merecerem um nome próprio. “As variantes dentro da Ômicron são realmente distintas. Não é como se a Ômicron fosse uma coisa [única]. Ela evoluiu enormemente”, afirma Bette Korber, pesquisadora do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos.

Apesar disso, Korber lembra que "a OMS parou de nomeá-las agora. Então, [as pessoas] têm uma falsa sensação de segurança”. Para a cientista, a falta de novos nomes cria a ideia de que as mutações do vírus da covid-19 estão controladas. Só que, "na verdade, estão mudando muito”, completa.

Fonte: Instituto Oswaldo Cruz e CNN