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Vacinas em spray podem revolucionar o combate à covid

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Astrakanimages/Envato Elements
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Com as doses de reforço, a atual geração de vacinas contra a covid-19 protege os indivíduos contra casos graves e hospitalizações, mas não impedem que a pessoa seja infectada pelo vírus. Por causa disso, os imunizados ainda podem transmitir o coronavírus SARS-CoV-2, o que dificulta o combate à pandemia. Agora, as vacinas em spray podem, em tese, revolucionar este cenário.

Segundo especialistas, a segunda geração de vacinas contra a covid-19 deve avançar sobre dois principais desafios: proteger contra novas variações do vírus (uma fórmula mais universal); e ser aplicada diretamente no nariz, através de um spray.

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“Para parar a infecção, é importante [desenvolver] vacinas que vão atuar na mucosa nasal, aqui na porta de entrada do vírus”, comenta a vice-presidente do Instituto Sabin, nos EUA, Denise Garrett, para o G1. Este é um dos grandes desafios dos cientistas

Como funciona uma potencial vacina nasal?

Para entender o porquê de uma vacina em spray ser tão importante, é preciso lembrar como o vírus da covid entra no organismo: é através da mucosa nasal. Caso um imunizante consiga proteger diretamente o sistema respiratório — fortalecendo a resposta imune de toda essa região —, será possível impedir que o agente infeccioso se estabeleça.

Sem a invasão das células saudáveis do sistema respiratório, a pessoa simplesmente não irá contrair a covid-19, mesmo que entre em contato com o vírus, e a cadeia de transmissão será definitivamente quebrada. Caso demonstre alta efetividade — a eficácia da vida real —, um imunizante do tipo poderia reduzir drasticamente a circulação do coronavírus. Hoje, as atuais vacinas não são capazes de provocar esta resposta localizada no organismo.

Em uma outra frente, os cientistas ainda precisarão desenvolver fórmulas mais abrangentes contra a covid-19, ou seja, ampliar o alto poder de proteção para outras variantes do coronavírus. Por exemplo, a maioria das fórmulas perdeu sua eficácia com a chegada da variante Ômicron e de suas sublinhagens. Neste contexto, doses de reforço são aplicadas regularmente para manter as defesas do corpo.

Vacinas em fase de teste contra covid

Apesar das vantagens em desenvolver uma vacina em spray contra a covid-19, grupos de cientistas ainda trabalham neste objetivo em diferentes centros de pesquisa espalhados pelo mundo. Em fevereiro deste ano, membros da Universidade de Hong Kong divulgaram os resultados de um estudo pré-clínico sobre um potencial imunizante, que ativa o sistema de defesa na mucosa nasal.

De acordo com os autores do estudo, um ponto fraco das injeções intramusculares — os imunizantes da primeira geração — é sua incapacidade de "bloquear" o coronavírus no local primário da infecção, ou seja, as mucosas do nariz. No modelo animal, a vacina nasal conseguiu aumentar a atividade de anticorpos em todo o sistema respiratório e, consequentemente, apoiar a proteção a longo prazo contra infecções.

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Quando os roedores foram posteriormente expostos à covid-19, nenhum daqueles que passou por essa estratégia de imunização apresentou quantidade detectável do coronavírus em suas vias respiratórias. Por outro lado, camundongos que receberam duas injeções intramusculares ou duas vacinas intranasais continham o vírus. Agora, a pesquisa avança para os testes em humanos.

E o Brasil?

No Brasil, pesquisadores também buscam desenvolver uma potencial vacina em formato de spray. Os esforços são liderados pelos membros do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Inicialmente, a equipe obteve resultados promissores nos testes com animais, mas ainda aguarda o início da pesquisa em humanos.

Fonte: Com informações: G1