Vacina CoronaVac registra 78% de eficácia em testes no BR, afirma governo de SP
Por Fidel Forato | 07 de Janeiro de 2021 às 14h50
Nesta quinta-feira (7), o governo de São Paulo anunciou os resultados parciais do estudo clínico da vacina CoronaVac contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, o imunizante contra a COVID-19 registrou uma taxa de eficácia de 78% contra casos leves no estudo brasileiro com cerca de 13 mil voluntários, segundo as autoridades de saúde responsáveis pelo estudo.
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Ainda nos estudos clínicos de fase 3, também foi verificado que a CoronaVac apresentou uma taxa de eficácia de 100% na prevenção de casos mais graves da COVID-19, ou seja, os voluntários vacinados não desenvolveram as formas mais graves da infecção por coronavírus e, dessa forma, não necessitaram de internação hospitalar.
Com a divulgação dos dados, a expectativa é que o Instituto Butantan solicite à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda nesta semana, a autorização de uso emergencial da vacina CoronaVac contra a COVID-19. Anteriormente, a divulgação desses dados de eficácia foram adiados por quatro vezes.
Taxa de eficácia da CoronaVac
Para a adoção de vacinas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma taxa mínima de 50%. Nesse cenário, os resultados obtidos com a vacina CoranaVac são satisfatórios e devem contribuir com o combate da pandemia do novo coronavírus, já que apresentou uma taxa de eficácia de 78% apenas contra casos leves. Em outras palavras, isso significa dizer que cada pessoa vacinada tem 78% menos de chances de contrariar a infecção do que aquelas que não foram.
Em termos comparativos, outros três imunizantes contra a COVID-19 já divulgaram sua taxa de eficácia completa, sendo todos com mais de 50%. São eles: a vacina da farmacêutica norte-americana Pfizer e da empresa alemã de biotecnologia BioNTech, com 95% de eficácia, segundo as agências reguladoras que aprovaram sua fórmula nos EUA e na União Europeia (UE), por exemplo; a vacina da norte-americana Moderna com 94,5% de eficácia, segundo a agência dos EUA e da UE; a vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford aprovada com uma taxa de eficácia de 62%, no Reino Unido.
Quanto a taxa de eficácia menor da CoronaVac em relação aos imunizantes da Pfizer e da Moderna, a microbiologista Natália Pasternak, do Instituto Questão de Ciência (IQC), explica que já era esperado, para o G1. "É completamente esperado. Uma vacina de vírus inativado [como a CoronaVac] dificilmente vai ter a mesma eficácia do que vacinas de RNA ou vacinas de adenovírus [vetor viral], que conseguem entrar na célula e imitar, de uma forma muito mais efetiva, a infecção natural. Elas acabam provocando uma resposta imune que é tanto de anticorpos como de resposta celular", explica a pesquisadora.
"A vacina inativada não consegue provocar uma resposta tão completa. É esperado que ela tenha uma eficácia menor. A eficácia de 78% da CoronaVac, ao que tudo indica, é uma eficácia excelente e compatível com uma vacina de vírus inativado. Com uma boa campanha, vai ser uma ótima vacina para o Brasil", completa Pasternak. No entanto, ainda é necessária a publicação completa dos dados e a revisão da análise por outros pares.
Vale lembrar que a previsão do governo de São Paulo é iniciar a vacinação no dia 25 de janeiro com a vacina CoronaVac, conforme anunciado em reunião com prefeituras do estado na quarta-feira (6). Segundo a Secretária de Estado da Saúde, a primeira etapa de vacinação estadual contra a COVID-19 deve priorizar profissionais da saúde, pessoas com 60 anos ou mais e grupos indígenas e quilombolas. Dentro desta etapa, a expectativa de São paulo é que nove milhões de pessoas sejam imunizadas, com a aplicação de 18 milhões de doses da CoronaVac, até o dia 28 de março.