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Quem tem medo de agulhas? Reino Unido desenvolve vacina adesiva contra COVID-19

Por| 06 de Janeiro de 2021 às 21h30

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Fernando Zhiminaicela/Pixabay
Fernando Zhiminaicela/Pixabay

Para conter a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), cientistas buscaram, desde os primeiros casos diagnosticados, novas soluções contra o agente infeccioso. Agora, pesquisadores do País de Gales, no Reino Unido, desenvolvem um formato inédito de vacinas contra a COVID-19, a partir de um adesivo inteligente. Isso porque o dispositivo descartável administra o imunizante, mas também monitora a resposta imunológica do corpo do paciente. 

Desenvolvido por um grupo de pesquisadores da Swansea University, um protótipo do adesivo inteligente deve ser concluído em março deste ano e pode chegar ao mercado em três anos, o que pode parecer tempo demais para a pandemia da COVID-19. No entanto, a tecnologia poderá ser facilmente adaptada para outras doenças infecciosas. 

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"O objetivo principal deste projeto é criar um protótipo de dispositivo de aplicação de vacina inteligente que possa não apenas entregar a vacina contra a COVID-19, de forma transdérmica, mas também monitorar biomarcadores no compartimento da pele, de forma minimamente invasiva, oferecendo informações em tempo real sobre a eficácia da vacinação", afirma Dr. Sanjiv Sharma, principal pesquisador da iniciativa e professor da Swansea University.

Como funciona a vacina adesiva?

Buscando imunizar contra a COVID-19, o adesivo inteligente é dotado de microagulhas, feitas de policarbonato ou silício. Para dimensionar essas estruturas, as pontas de cada uma das agulhas são medidas micrômetros, ou seja, milionésimos de um metro. Dessa forma, fornecem os medicamentos (ou a vacina) de uma maneira minimamente invasiva. Um exemplo de adesivo transdérmico é o de nicotina, que ajuda as pessoas a pararem de fumar por fornecer a substância ao usuário.

Após ser aplicado e liberar as primeiras partes da fórmula, o dispositivo deve permanecer fixado por até 24 horas na pele. Dessa forma, o adesivo medirá a resposta inflamatória do paciente à vacinação, enquanto monitora biomarcadores na pele. "O novo método mudaria a forma como os testes de eficácia da vacina são realizados, de uma avaliação estatística para uma medição científica da resposta inflamatória do paciente à vacinação", explica Sharma sobre as possibilidades do método.

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Isso porque, hoje, os pesquisadores que avaliam as vacinas precisam coletar os dados a partir de exames ou relatos dos próprios pacientes. Já o novo dispositivo coletará algumas dessas informações de forma autônoma e, para isso, os responsáveis precisarão apenas escanear o adesivo. Entre os dados coletados, estão as imunoglobulinas, um tipo de anticorpo ligado ao sistema imunológico e fundamental para a defesa contra um agente invasor.

"O que esperamos em resposta à autoadministração deste adesivo de vacina é ver a produção de imunoglobulinas, que o dispositivo será capaz de detectar", afirma Sharma. “Medir a eficácia da vacina é extremamente importante, pois indica os efeitos protetores da vacinação em um indivíduo através do nível de redução do risco de infecção em uma pessoa vacinada em relação a um indivíduo suscetível não vacinado. Esta medida da eficácia da vacinação abordará uma necessidade clínica não atendida e fornecerá uma abordagem inovadora para o desenvolvimento de vacinas”, completa o pesquisador.

Vacina para quem tem medo de agulhas?

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Outra vantagem do adesivo é o fato dele ser uma alternativa eficaz para aqueles usuários que têm medo agulhas. "Eles não penetram tão profundamente na pele e não estimulam os receptores de dor, então são menos dolorosos do que uma agulha hipodérmica", explica Olivia Howells, também pesquisadora da Swansea University.

Além disso, Howells comenta que os adesivos são uma alternativa mais barata quando comparados às agulhas hipodérmicas. Dessa forma, a inciativa poderá ser uma alternativa para países "que não têm grandes recursos para o lançamento da vacina". Entretanto, ainda há um longo percurso para a tecnologia se tornar viável, e o próximo passo, depois do protótipo, serão os testes clínicos em humanos.

Fonte: BBC e Swansea University