Terceiro estágio do sono tem relação direta com risco de Alzheimer
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

O terceiro estágio do sono está diretamente ligado ao risco de Alzheimer. Essa é a afirmação de um estudo publicado na JAMA Neurology no último dia 30. Os idosos têm 27% mais chances de desenvolver a doença se perderem apenas 1% dessa fase do sono profundo, envolvido com "ondas lentas".
- Dia da doença de Alzheimer: o que a ciência tem feito rumo à cura e à prevenção?
- 5 perguntas sobre a doença de Alzheimer
Conforme explicam os cientistas, esse terceiro estágio começa a partir dos 90 minutos, com duração de cerca de 20 a 40 minutos. É o estágio mais tranquilo, onde as ondas cerebrais e a frequência cardíaca diminuem e a pressão arterial cai.
O sono profundo fortalece nossos músculos, ossos e sistema imunológico e prepara o cérebro para absorver mais informações. De acordo com a equipe, esse estágio do sono apoia o envelhecimento do cérebro de muitas maneiras, e aumenta a eliminação de resíduos metabólicos do cérebro, inclusive facilitando a eliminação de proteínas que se agregam na doença de Alzheimer.
A própria equipe ressalta, no entanto, que até o momento não tem certeza do papel do sono de ondas lentas no desenvolvimento da demência. As descobertas apenas sugerem que a perda desse estágio de sono pode ser um fator de risco modificável.
No geral, descobriu-se que a taxa de sono de ondas lentas diminui a partir dos 60 anos, com esta perda atingindo o pico entre as idades de 75 e 80 anos.
Mas os autores ainda observam que este tipo de estudo não prova que a perda de sono de ondas lentas causa demência, e é possível que, na verdade, processos cerebrais relacionados à demência causem perda de sono. Para que esses fatores sejam totalmente compreendidos, mais pesquisas são necessárias.
Sono x Alzheimer
Em setembro, um estudo publicado na revista científica Alzheimer & Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association divulgou um dispositivo que pode detectar sinais de Alzheimer durante o sono ao ser colocado na cabeça do usuário.
Mas não é de agora que se investiga essa relação. Anteriormente, cientistas já afirmaram que dormir mal pode contribuir para o surgimento do Alzheimer. Os pesquisadores apontam que pacientes com a doença podem experimentar distúrbios do sono anos antes, e sugerem bons hábito de sono como um método de prevenção.
Ironicamente, dormir várias vezes longo do dia pode aumentar risco de Alzheimer. Segundo o estudo, nosso relógio biológico controla a capacidade do cérebro de absorver proteínas ligadas ao Alzheimer, por isso a interrupção desse ciclo pode ter relação com a causa da doença, de modo que os distúrbios do sono representem um sinal de alerta precoce.
Fonte: Monash University, JAMA Neurology